quarta-feira, dezembro 02, 2009

Perdida


"...Listen to the girl
As she takes on half the world
Moving up and so alive
In her honey dripping beehive
Beehive
It's good, so good, it's so good
So good
Walking back to you

Is the hardest thing that
I can do
That I can do for you
For you
I'll be your plastic toy
I'll be your plastic toy
For you
Eating up the scum
Is the hardest thing for
Me to do
Just like honey......"
(Just like honey - The Jesus And Mary Chain)

terça-feira, novembro 24, 2009

Dungeons & Dragons


“- Meu nome é Krystall- E o meu é Meurum. Ao ouvir nome do ser, Krystall sentiu um crepitar em seu corpo, como uma chama vinda de dentro de sua mente, de dentro de seu coração...”

Fechei os olhos e comecei a cair, cair. O fim da queda não chegava. Minha cabeça girava sem parar enquanto imagens surgiam em flashes rápidos.

Minha querida irmã, seu sorriso tão verdadeiro, seus olhos cor de esmeralda tão diferentes dos meus, os cabelos negros e longos, esses sim idênticos em nós duas. Nossos primeiros poderes se manifestando como brincadeiras de criança, a intolerância e o preconceito que sofríamos em nosso pequeno povoado por sermos humanas que usavam magia natural, “sem estudo, sem explicação”, o pacto que fizemos antes de nos separar para sempre, a viagem até Époupai, minhas primeiras apresentações como dançarina de rua, a primeira vez que vi o doce Mórion enquanto me apresentava em uma taverna da cidade, o treinamento em magia intuitiva que recebi dele, seu sumiço sofrido e repentino, a grande inundação, o grupo de aventureiros formado, as batalhas que se seguiram, terminando com nossa queda no misterioso portal, tantas cenas, tantas lembranças, mas de repente uma parada brusca e uma sensação muito, muito ruim.

Abri os olhos. Lá estava eu estendida no chão da floresta. A fisionomia de Meurum me encarou em meio à folhagem e aos poucos raios de sol. Assim que seu rosto se tornou mais nítido, pude ver que ele pronunciava algumas palavras em uma língua estranha. Senti então meu corpo queimar. Era como uma febre alta, um calor que vinha de dentro para fora. Comecei a suar. Os dedos dos pés e das mãos formigavam. Pensei que ele estivesse me atacando e me desesperei. Buscava o ar para respirar e ele não vinha. Tentava gritar para meus companheiros e a voz não saía.

A visão escureceu novamente e meu corpo começou a convulsionar sem controle. Novos flashes, novas cenas, dessa vez nada familiares.

Vi minha irmã combatendo com desenvoltura um grupo inimigo. Ela usava magias que eu nunca havia visto antes. Com os cabelos soltos e esvoaçantes, apoiada com a mão esquerda em um poderoso cajado, ela disparava chamas que saíam diretamente dos dedos de sua mão direita e atingiam os inimigos em cheio, cobrindo-os por aquela energia infernal. Depois, ainda usando a mesma mão direita, sua poderosa magia criava uma garra escura e sinistra que rasgava seus oponentes e os arrastava para longe com uma violência assustadora. Empunhando o cajado, ela disparava uma rajada de energia crepitante na direção dos inimigos ou então fazia aparecer sobre os combatentes uma lava pegajosa e líquida que queimava tudo o que encontrava. Eu estava delirando, mas parecia muito real. Tão real que eu instintivamente chamei por minha irmã. Ela virou-se. Em uma fração de segundos, desapareceu e quando reapareceu já estava a poucos metros de mim, com os olhos brilhando em tons, de vermelho, violeta, laranja e por fim... Negros. Negros? Mas, então...

Uma gargalhada misteriosa me fez voltar à realidade e abrir meus próprios olhos negros num susto! Era Meurum quem ria enquanto segurava o cajado dos meus delírios.

- Sim, garota. Aquela é você, Kristall... Esses são seus poderes de agora em diante e até o momento em que você me entregue o medalhão de minha senhora. Acredito que agora você já está preparada para usá-los!

Num piscar de olhos o ser sumiu e só o cajado ficou em seu lugar, encostado em uma das árvores. Estiquei os dedos para alcançá-lo mas antes disso, num ímpeto, arranquei o véu que antes deixava somente meus olhos à mostra e soltei meus longos cabelos. Já era hora de parar de se esconder. Segurei o cajado com firmeza e foi como se ele sempre tivesse sido meu.

“Mal teve tempo para se recuperar da estranha sensação quando ouviu gritos ao longe.”

terça-feira, outubro 13, 2009

Deixa ela entrar



Deixa Ela Entrar
Låt den Rätte Komma In
Suécia, 2007 - 110 min
Direção: Tomas Alfredson
Roteiro: John Ajvide Lindqvist
Elenco: Kåre Hedebrant, Lina Leandersson, Per Ragnar, Henrik Dahl, Karin Bergquist, Peter Carlberg


Tô meio atrasada pra contar, afinal, assisti "Deixa ela Entrar" na quinta-feira passada, mas não posso deixar de registrar como um dos melhores filmes de vampiro que já vi e com certeza a melhor vampira que já vi no cinema. É uma afirmação forte, eu sei, mas é que finalmente um filme me mostra uma vampira como EU sempre considerei, como EU sempre enxerguei.


Não é uma super heroína indestrutível como a Selene (Underworld), não é má e cruel como a também garotinha Claudia (Entrevista com o Vampiro), não é sádica como Elisabeth Battory ou Akasha (Rainha dos Condenados), não é um monstro que só pensa em sangue e vingança como as esposas de Drácula, ou Victoria (Crepúsculo) não é perfeita e com pose de superior como as vampiras Alice, Esme e Rosalie da família Cullen, não é completamente idiota como as vampiras lésbicas, não abusa de efeitos especiais e lutas intermináveis e chatas como na insuportável série Blade, nem é sexy, fatal e clichê como a filha do Drácula, nem é a mocinha conquistada pelo irresistível vampiro como Bella Swan (mais uma vez, da série Crepúsculo), Mirna/Elisabetta (Drácula), Jesse (Rainha dos Condenados) e Pandora (essa dos livros da Anne Rice).*

Eli é quase uma menina comum e real. Podia ser a minha vizinha, por exemplo. Essa é a parte que mais me motiva ao construir e criar personagens vampiras. Eu reamente desejo que elas convençam, quero que elas sejam quase tão "humanas" quanto eu.


****COM SPOILERS A PARTIR DAQUI****



Pela primeira vez encontro uma vampira que demonstra claramente os contrastes entre a força e fragilidade da maldição de uma forma real. Claro que muitos filmes abordam o lado ruim e trágico de ser um vampiro, mas acho que acompanhar o dia-a-dia de Eli e seus problemas mais cotidianos, dificuldades menos existenciais e mais práticas dão um charme todo especial à vampirinha. Como lidar com os erros do seu ghoul que está ficando velho e meio "sem prática"? Será hora de conseguir um mais "espertinho", afinal?

As cenas mais sangrentas como os assassinatos praticados pelo ghoul ou o ataque da menina aos vizinhos incautos foram extremamente reais, as cenas de suspense como o afogamento de Oskar na piscina foram quase desesperadoras, as cenas doces como o pedido de namoro e a construção da amizade dos dois protagonistas foram emocionantes, as cenas trágicas como a combustão da vampira transformada e a desfiguração e morte do carniçal foram chocantes, as cenas mais irônicas como as burrices do carniçal e as bizarrices do homem dos gatos foram engraçadas, enfim... Adorei tudo, tudo, tudo!

Fiquei querendo mais. Quero livro, quero DVD, quero bonequinhos (aaaahhh, são lindos! :o), quero resolver minhas dúvidas (o que era aquela cicatriz na cena em que Eli aparece nua? O Ghoul era mesmo o "pai" dela ou era somente um carniçal fiel - talvez o mesmo que Oskar passará a ser? Ela realmente gostava de Oskar ou se aproveitou da situação para criar um vínculo indestrutível com ele e resolver seus próprios problemas? De onde Eli vem? Existem outros vampiros? De onde vem a "fortuna" dela? O pai de Oskar é gay? A mãe dele procurou pro ele depois que ele fugiu com Eli? Que aconteceu com o homem dos gatos e as outras pessoas que presenciaram a vampirinha em ação? Repercussão para a auto-combustão na mulher no hospital? Mil perguntas, mil perguntas - e delicioso o pensamento de que elas podem nunca ser respondidas, e tudo bem quanto a isso! :o))

****FIM DOS SPOILERS****

Preciso dizer mais? Vão assistir! :o)

*Lembrando que gosto bastante de várias das vampiras citadas, principalmente Alice, Selene, Claudia, Akasha e Pandora, mas que Eli chegou para ocupar de vez um cantinho no meu coração :)

"Let the right one in
Let the old dreams die
Let the wrong ones go
They cannot
They cannot
They cannot do what you want them to do
Let the right one slip in
Slip in
Slip in
And when at last it does
I'd say you were within your rights to bite
The right one and say
"What kept you so long?"
"What kept you so long?""

(Morrissey - Let The Right One Slip In)

terça-feira, outubro 06, 2009

Sabe a garota do copo d´água?


" -Sabe a garota do copo d´água?
- Sei.
- Se parece distante, talvez seja porque está pensando em alguém.
- Em alguém do quadro?
- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?"

(O Fabuloso Destino de Amélie Poulain)
quadro: Le déjeuner des canotiers (O almoço dos barqueiros) - Pierre Auguste Renoir - clique pra ampliar e ver "a garota do copo d´água"

quinta-feira, outubro 01, 2009

Dança

"...Você precisa de alguém que te dê segurança
Senão você dança...
Senão você dança..."

(Engenheiros do Hawaii - Segurança)

terça-feira, setembro 15, 2009

Na mosca



9 de Espadas - Enfrentando os medos irracionais

O 9 de Espadas pressagia um período de ansiedade, paranóia e dúvidas não necessariamente fundamentadas em aspectos racionais. É importante não se deixar escravizar por estes medos infundados, caso contrário você sabotará a sua própria vida afetiva!

Traumas antigos interferem nos amores futuros e você termina ficando com uma sensação clara de repetição, de uma dor passada que ressuscitou. O momento é importante para fazer um trabalho analítico ou psicoterápico. Resolva-se primeiro para só então resolver se dar para outra pessoa.

Seu parceiro poderá não entender suas inseguranças e inclusive se sentir vítima de julgamentos injustos, pautados em suas experiências passadas ruins. Cuidado para não detonar a possibilidade de um relacionamento feliz! Não transfira dores passadas para seu relacionamento atual. Não transferir será difícil, mas se você se esforçar e mantiver a consciência atenta, obterá êxito.

Ausência

"The reason you haven't felt it is because it doesn't exist. What you call love was invented by guys like me, to sell nylons. You're born alone and you die alone and this world just drops a bunch of rules on top of you to make you forget those facts. But I never forget. I'm living like there's no tomorrow, because there isn't one."

(Don Draper - Mad Men)

:o((((((((((((((((((((

Mas eu queria tanto saber que esse amanhã existe...

¿Que pasa?

Vontade de chorar, de chorar, de chorar, de chorar, até secar as lágrimas todas...
Mas parece que elas não secam...
:o(

"Qué pasa hoy, ya no soy la misma de ayer,
ha cambiado mi cuerpo, ha cambiado
mi caráter, la vida misma no es igual.

Qué pasa hoy, ya no sufro por las mismas
cosas. Hoy la vida es más difícil; han
cambiado mis sueños, pero sigo siendo yo.

Será que estoy creciendo, pero tengo que aguantar.
Será que estoy naciendo a una vida más real.

Cómo duele crecer, cúantos cambios pasaré.
La vida es la misma, pero qué extraña es para mí.

Nadie entiende mis ideas y mis planes salen mal.
Cómo duele crecer, cúantas cosas dejaré.

Y me encierro en mi cuarto preguntándome si algún día entenderán que soy más que una adolescente que no sabe lo que quiere.

Qué pasa hoy con mis amigos, no me buscan. Me dan ganas de gritar, liberarme para crecer más. ¿No es eso lo que quieren?

Será que estoy creciendo. Pero creo que esto es normal.
Será que mis esfuerzos se recompensarán y todo pasará."

(¿Que pasa hoy? - Dulce Maria)

quinta-feira, setembro 10, 2009

Dois

"Como dois estranhos,
cada um na sua estrada,
nos deparamos, numa esquina,
num lugar comum.
E aí?
Quais são seus planos?
Eu até que tenho vários.
Se me acompanhar,
no caminho eu possso te contar.
E mesmo assim,
eu queria te perguntar,
se você tem aí contigo alguma coisa pra me dar,
se tem espaço de sobra no seu coração.
Quer levar minha bagagem ou não?
E pelo visto, vou te inserir na minha paisagem
e você vai me ensinar as suas verdades
e se pensar,
a gente já queria tudo isso desde o inicio.
De dia, vou me mostrar de longe.
De noite, você verá de perto.
O certo e o incerto, a gente vai saber.
E mesmo assim,
Queria te contar que eu tenho aqui comigo
alguma coisa pra te dar.
Tem espaço de sobra no meu coração.
Eu vou levar sua bagagem e o que mais estiver à mão."

(Dois - Tiê e Thiago Pethit )

terça-feira, setembro 01, 2009

Respirando

Economizando energias

O 9 de Paus como arcano de conselho para este momento da sua vida recomenda muita economia de forças neste momento, Aurea. Evite se desgastar com problemas que aparecem, imprevistos, não lute contra o obstáculo que ora se impõe. Apenas aquiete a alma e espere que o problema passe por si só. As complicações que surgiram ou surgirão não lhe impedem de obter aquilo que almeja. O que ocorrem são atrasos, empecilhos. Se você se dispuser a tentar e a persistir bastante, obterá a vitória. Apenas aguarde o momento certo. Disciplina, firmeza moral e persistência são as qualidades indispensáveis neste momento. Cultive-as e você perceberá que pode encontrar grande felicidade na espera. Conselho: Pra que se desgastar? Sente-se e aguarde o momento propício.

Isso porque eu disse ontem que persistência me faltava :o(

segunda-feira, agosto 31, 2009

Persistência

É isso!
É isso!
É assim que me sinto:

"Escrever, para mim, é fácil. Pesquisar é mais difícil, mas eu gosto. Só não sou bom na persistência.

Também não gosto de incomodar os outros. Se a fonte não quer falar, por exemplo, não insisto. É um direito dela.

Para um jornalista, acho que prezo demais o direito do outro de silenciar.

Isto é, preciso sempre ter em mente que existe sempre 50% de possibilidade de ouvir um “não”. Faz parte do jogo. De todos os jogos da vida, aliás."

Genial. Exatamente como me sinto. Daqui.

terça-feira, agosto 25, 2009

Apaixonadinha

Leléu: Quando a gente ama uma pessoa, o que a gente mais quer nesse mundo?
Lisbela: Ah, é ficar bem juntinho dela.
Leléu: Pronto. Tão juntinho, tão juntinho, que como diz o poeta: "Transforma-se o amador na coisa amada, por virtude do muito imaginar, não tenho logo mais que desejar, pois já tenho em mim a parte desejada."

- Lisbela e o Prisioneiro -

segunda-feira, agosto 24, 2009

Ctrl-c Ctrl-v

"(...) Na sua varanda sem céu, certa vez, você se sentou naquela cadeira sem fundo. Me colocou no seu colo e me deu o abraço que disparava corações em mim como se eu tivesse um em cada nó de veia. E me disse, com sua voz tão bonita, a mais bonita que eu já ouvi, que eu tinha subido todos os seus andares. Eu entendi que você era o homem da cobertura de aço e eu uma espécie rara de passarinho que tinha algum tipo de chave que se autodestruiria em poucos segundos. E eu entendi também que agora que tinha chegado ali, só me restava pular, já que ninguém aguenta o alto tão alto muito tempo. A vertigem que era o nosso amor. (...) Tudo isso que daqui a pouco, quando a sensação desgraçada de absurdo e solidão passar, tudo isso volta, se acomoda, a agenda mágica, o gostosinho no peito, esquecer você todo dia um pouco pra vida e todo dia muito por dia. Mas agora, hoje, guarda isso, eu amo demais você. Por que escrevo? Porque é a minha vingança contra todas as palavras e sensações que morrem todos os dias mostrando pra gente que nada vale de nada. Toma esse texto, o único lugar seguro e eterno pra gente."

(O único lugar pra sempre - Tati Bernardi)

Estranho amor


Eu já amei muitos meninos que nem sequer souberam da minha existência. Eles foram tão, tão importantes na minha pré-adolescência, mas hoje, sei lá, talvez não fizessem diferença alguma. Passaria batido por eles hoje em dia. Mas eles tiveram lá sua importância, sim. Me ajudaram a entender muitas coisas sobre mim. Fizeram parte da minha vida de forma tão forte, que consigo até hoje me lembrar deles. Lembro nomes, sobrenomes, se puxar pela memória consigo lembrar de fisionomias também. Talvez se os encontrasse hoje em dia por aí eu me lembrasse também. Teve um, em especial, por quem eu era muito apaixonada na escola. Muito, muito. Apaixonada pelo rostinho bonito, mesmo. Pelo jeitão popular, sempre cercado de gente bonita, divertida. Superficialidade total, claro, mas me encantava. Um dia, levei pra escola uma máquina fotográfica. Queria uma foto dele, mas não tinha coragem de pedir. Pedir como? Com qual cara? A menininha bobinha, gordinha e feinha da sétima série pedindo uma foto pro lindão do segundo ano? Sem chances, né... Mas tinha meus truques. Tirei o flash da máquina, e, ao passar por ele, apontei a câmera e bati uma foto. Assim, andando mesmo. Era uma câmera normal, dessas de filme, é claro. Eu nem sabia se tinha dado certo, na verdade. Ele nem percebeu. É claro que não percebeu. Eu não existia no mundo dele, nunca existi. A foto saiu meio tremida, mas ele estava num meio sorriso, enquanto conversava. Eu andei meses com aquela foto na agenda. Ela traduzia uma expressão dele que eu gostava muito. É engraçado isso. Um estranho fazer tanta diferença. E nunca saber disso. Estranho e triste, ao mesmo tempo. Mas um triste bonito, essa tristeza romântica que eu adoro.

"Você já olhou para uma foto sua e viu um estranho no fundo? Te faz perguntar, quantos estranhos tem uma foto sua? Quantos momentos da vida dos outros nós fizemos parte? Ou se fomos parte da vida de alguém quando os sonhos dessa pessoa se tornaram realidade? Ou se estivemos lá, quando os sonhos delas morreram. Nós continuamos a tentar nos aproximar? Como se fossemos destinados a estar lá. Ou o tiro nos pegou de surpresa. Pense... podemos ser uma grande parte da vida de alguém... ...e nem saber."

(trecho da série One Tree Hill)

Vida inteira

"I don't want to go,
I don't want to stay one night,
Or one day.
So i'll stay the rest of my life.

I don't want to leave,
I don't want to be one night,
Or one day.
So i'll stay the rest of my life

(Rest of my life - Michelle Featherstone)

De matar

"...Era tanta saudade,
é pra matar
Eu fiquei até doente,
eu fiquei até doente, menina
Se eu não mato a saudade, é "deixa estar"
Saudade mata a gente,
saudade mata a gente, menina
...
Estava ficando louco, louco, louco de querer bem...
Saudade engole a gente, saudade engole a gente, menina..."

(Tanta Saudade - Chico Buarque)

Lembrando de você a manhã todinha hoje, todinha. Eram tantas cenas passeando pela minha cabeça, que nem sei explicar. Só quero te ver logo, só isso. Vem me ver logo?

sexta-feira, agosto 21, 2009

Cariño



Faz tempo né? Que eu não escrevo pra você. Não gosto dessa coisa de perder a prática. Não disso. Porque é aqui, com essas letrinhas, nesse meu cantinho, que eu consigo dizer tudo, falar a verdade mesmo, traduzir o que estou sentindo. Mas sei lá, acho que cada relacionamento é sempre tão diferente. Com cada um a gente aprende uma coisa. Já aprendi várias contigo. Várias, várias. Entre elas: dar tempo ao tempo. Foi importante demais essa! Você não tem idéia de como eu me enrolava com isso. Atropelava as coisas, queria estar sempre adiante. Tenho aprendido a ficar aqui, no presente. Vivendo agora, e sentindo agora. Outra coisa legal foi o pé no freio. Calma... Nossa, como eu precisava dessa calma. Desse passo a passo. Eu sempre fui de sair correndo, acelerada, sem parar pra respirar, sem prestar atenção ao que estava sentindo. Forçava a barra de tudo, queria que tudo fosse no volume máximo. E daí com você não foi assim. Foi tudo gradual, e hoje eu percebo que mesmo depois de um ano e um mês (amanhã, não esqueci, viu?) ainda temos passos pra subir, uma escadaria imensa ali na minha frente. Tudo porque você segurou minha mão e me explicou que subir cada degrauzinho de uma vez era mais legal. Você nunca me disse isso, nunca me forçou a entender, isso nunca foi verbalizado, óbvio. Só me mostrou como você fazia, e eu achei genial. Porque era mesmo incrível. Nunca tinha percebido. Que menos é mais. É tão bom hoje saber disso. Estou mais segura. Talvez seja a idade. Trintinha, né? Não é mais 16. Mas talvez os meninos - e pra mim eles sempre serão meninos e eu sempre uma menina também - talvez antes os meninos não me passassem essa segurança que você me passa. E talvez eles também não demonstrassem a segurança que você demonstra ter em mim. Relacionamento é espelho, né? Se eu tenho como relfexo alguém ciumento, controlador, neurótico, é assim que eu acabo refletindo. Agora não é mais assim. Que bom, que bom! Vejo tantas coisas positivas. Tem partes ruins também, mas tenho lidado melhor com elas. Me percebendo mais, enxergando o que realmente vem de mim, os meus grilos, as minhas inseguranças, as coisas que não são culpa sua. Tenho conseguido separar essas coisas e não deixar que elas baguncem o que é nosso. Poxa, maior balanço legal esse. Mesmo. Um dos textos menos viagem que já escrevi sobre alguém. Tinha que ser você, né. Obrigada, amore. Por ser meu e me deixar ser sua. Linda. E metida, por ser essa sua linda. Todo o meu amor pra você.

"Olha as flores que eu trouxe pra você, amor
São pra comemorar aquele dia
Que passei a viver do teu lado
Eu me lembro,
entre nós não havia quase nada

E agora é só você que me faz cantar
E é só você que me faz cantar..."

(Bom Dia - Los Hermanos - Marcelo Camelo)

Desapegar, deixar ir

A importância de deixar ir

Cultivar o desapego é um dos conselhos fundamentais dado pelo arcano chamado “O Ceifador”, Aurea. Existem momentos da vida em que somos desafiados a perder cascas, a compreender a importância de caminhar, deixando paisagens para trás. Ainda que isso doa, uma vez que nosso ego se estrutura a partir de apegos e identificações, é a compreensão meditativa de que tudo passa que lhe permitirá seguir caminhando e, enfim, abrir-se ao novo que belamente se introduz em sua vida, pouco a pouco, passo a passo, até que você apareça com a alma totalmente renovada. Procure se interiorizar neste momento, evitando grandes atividades sociais. Faça este contato com o núcleo da sua alma e você entenderá quais são as coisas que precisam ser deixadas para trás.

Conselho: Viver é perder cascas continuamente!

quinta-feira, agosto 20, 2009

Lay

Ah, e desculpem as mil mudanças no fundo do blog, acho que é crise existencial...
Parece que agora vai!

Eu queroooo!!!!



Alguém sabe fazer????

Eu precisoooo!!!
"— Coraline?
Parecia a voz de sua mãe. Coraline entrou na cozinha, de onde partira a voz. Uma mulher estava em pé, de costas para a porta. Lembrava um pouco a mãe de Coraline. Apenas...
Apenas sua pele era branca como papel.
Apenas ela era mais alta e mais magra.
Apenas seus dedos eram demasiado longos e não paravam nunca de mexer, e suas unhas vermelho-escuras eram curvadas e afiadas.
— Coraline? — disse a mulher. — É você?
E, então, voltou-se para ela. Seus olhos eram grandes botões negros.
— Hora do almoço, Coraline — disse.
— Quem é você? — perguntou Coraline.
— Sou sua outra mãe — respondeu a mulher. — Vá dizer ao seu outro pai que o almoço está pronto. — Ela abriu a porta do forno e Coraline se deu conta, de repente, do quanto estava faminta. O cheiro era maravilhoso. — Bem, vá logo.
Coraline percorreu o corredor que levava ao estúdio de seu pai. Abriu a porta. Havia um homem sentado diante do teclado, de costas para ela.
— Olá — disse Coraline. — Quer-quer dizer, ela pediu para avisar que o almoço está pronto.
O homem virou-se.
Seus olhos eram botões grandes, negros e brilhantes.
— Olá, Coraline — disse. — Estou morto de fome.
Levantou-se e acompanhou Coraline até a cozinha. Sentaram-se à mesa, e a outra mãe de Coraline serviu o almoço. Um frango assado enorme e dourado com batatas fritas e pequenas ervilhas verdes. Coraline despejava a comida pela boca. Tinha um sabor maravilhoso.
— Há muito tempo que esperamos por você — disse o outro pai de Coraline.
— Por mim?
— Sim — disse a outra mãe. — Não é a mesma coisa aqui sem você. Mas sabíamos que viria um dia, e, então, seríamos uma família de verdade. Aceita mais um pouco de frango?..."
(Coraline - Neil Gaiman)

quarta-feira, agosto 19, 2009

Momento de respirar

Acho que a chave agora é exercitar a tolerância. É tão difícil, tão difícil. A convivência é difícil, me controlar é difícil, ficar calada é difícil, falar é difícil. Ai ai... Me sinto tão diferente, tão diferente, e me sinto tão arrogante por isso. Brigo com minha arrogância. O tempo todo, tentando controlar a minha vontade de dizer aos outros o quanto eles são limitados, dissertar sobre a pequenez alheia. Mas é tão injusto pensar assim. Tão feio. Achar que sei mais que os outros. É muito ruim ouvir certos comentários, certas frases, certas opiniões. Tão limitadas, tanta gente ignorante e que se acha super esperta. E faz aquela cara de sabe-tudo ainda. Argh... Será que também sou assim? Será que passo aos outros essa imagem? Eu só queria, por enquanto, parar de me irritar com a burrice do mundo, e passar a me preocupar com as minhas próprias limitações. Que não são poucas, certamente.

terça-feira, agosto 11, 2009

Para onde fores eu vou

"No céu azul nuvens nuas
No teu olhar céus febris
Passos maiores que as ruas
Canções que eu nunca fiz

Tu pisavas distraída
por entre os carros sem dor
andando pela avenida
como se andasse num andor

Pra onde fores eu vou
Aonde flores eu fujo
Te dou meu poema sujo
que eu não sei fazer toada
Menos que se quer é tudo
Tudo que se tem é nada..."

(Trova - Zeca baleiro)

terça-feira, agosto 04, 2009

Inconstante

"Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer.
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

(Florbela Espanca - Inconstância)

sexta-feira, julho 31, 2009

Delícia



Acho que eu já postei essa música, mas ouvi de novo aqui e resolvi postar. Perdoe o plágio, Cris. Mas é que, nossa... Bateu tão fundo! Minha admiração pra você, sempre...

"...Eu quis te conhecer
mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor
o eterno ou o não dá

Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade
Eu quis te convencer
mas chega de insistir

Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade

Paper clips and crayons in my bed
Everybody thinks that i'm sad
I'll take a ride in melodies and bees and birds

Will hear my words
Will be both us and you and them together
Cause i can forget about myself,
trying to be everybody else

I feel allright that we can go away
And please my day
I let you stay with me if you surrender

Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
(I can forget about myself trying to be everybody else)
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
(I feel all right that we can go away)
Pode ser a eternidade má
(And please my Day)
Eu ando sempre pra sentir vontade.
(I’ll let you stay with me if you surrender)..."

(Janta - Marcelo Camelo/Mallu Magalhães)

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O Mamíferas, meu blog sobre maternidade, está participando do prêmio Top Blog. Querem dar uma forcinha pra esse trabalho que é minha paixão? Votem em nós!
http://www.mamiferas.blogspot.com/

segunda-feira, julho 27, 2009

Despedaçado

"...Escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo o que acredito
Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito
Que a gente vai, a gente vai
E fica a obra
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra
Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça..."

(Lenine - O que é bonito)

Recuando


Ai, gente... De novo essa deprê... Jura??

ai ai ;o(

Carta do dia: A Lua

A importância de aquietar-se e fazer silêncio
Neste momento, Aurea, em que o arcano XVIII brota como carta conselheira, a recomendação veemente é a de que você procure se aquietar e não realizar movimentos. Existem fases em que a vida praticamente exige que “tiremos o nosso time de campo”, a fim de avaliar as coisas com maior inteireza e sagacidade.

Você não está enxergando as coisas com clareza neste momento e, por isso mesmo, é melhor não agir do que tomar atitudes tolas que depois lhe conduzirão ao arrependimento. Procure investigar seus sonhos e dar mais atenção à sua voz interior. Evite o contato com conselhos de outras pessoas, tente, ao menos por um tempo, voltar-se para o mais profundo de sua alma. Você poderá evitar muitos problemas futuros, a partir desta atitude. Na dúvida, afinal, o melhor é não agir.


Conselho: Momento de recuar.

quinta-feira, julho 23, 2009

Quadrado Mágico

Muito legal! E achei muito coerente com o que eu sou. Vejam aí! Fiz o meu aqui

Personalidade
3: MADEIRA

Espontânea, musical, bem-humorada, inteligente, otimista, rápida, inspirada,
criativa, bem falante, generosa, capaz: assim é a pessoa 3, elemento Madeira.

Uma artista, cheia de versatilidade e talento. Do tipo que carrega
a juventude até o fim de seus dias, desenvolvendo-se em todas as direções
com enorme independência e agilidade física, abrindo caminho para as gerações
seguintes, desempenhando ativamente suas funções no mundo.

Madeira é a árvore que brota do chão e procura incessantemente seu lugar ao sol.
Está sempre em movimento, seguindo impulsos e ampliando horizontes.

Seu planeta é Júpiter, que lhe dá uma autoconfiança ilimitada para fazer muitas coisas
ao mesmo tempo, interessar-se por muitos assuntos, penetrar no místico
e no esotérico, dar vazão ao ímpeto de crescer em todas as direções.

Por isso seu comportamento é imprevisível e quase nunca pensa em termos práticos.

Quando as coisas correm mal tende a ficar irritada, raivosa. É completamente instável
nas paixões mas está sempre entrando em alguma, tanto por outra pessoa quanto
por si mesma ou por idéias e ideais.

Tem necessidade de muito espaço para se expandir fisicamente sem incomodar
ninguém.

É exigente, embora não suporte as exigências alheias e tenha certa dificuldade
em modificar comportamentos; defende graciosamente, mas com unhas e dentes,
o direito de ser dona de seu nariz.

Sua ligação prioritária não é com pessoas nem com o mundo, mas com o cosmos.

Desfruta de uma energia sexual intensa, ativa, própria da primavera.

Controle
2: TERRA

A pessoa 2 tem as características mais femininas, flexíveis e femininas;
é a que nutre e zela: a mãe.

Seu campo é a receptividade. Também é a mais social das três personalidades de Terra,
a mais criativa e a que tem mais chances de se tornar popular.

Tende acima de tudo a cuidar e compreender, embora possa achar todo mundo muito chato ou insensível.

Por isso é comum encontrá-la mergulhada em práticas espirituais, filosóficas
e artesanais como forma de transcender o dia a dia e se integrar ao cosmos.

Tem um caráter modesto e sóbrio e é extremamente paciente, podendo até se tornar
passiva demais diante de questões práticas e ficar frustrada; sua obsessão pelo
detalhe também pode atrapalhar a visão do todo.

Tendência

6: METAL

6 é o pai - inspira respeito e proporciona ordem e segurança aos que nele confiam.

Pode ser o padre, o governador, o líder. É o Céu, o Criativo.

Seu elemento é Metal, cristal, rocha, petróleo: tudo o que é forte, denso, profundo.

A pessoa 6 é forte, intuitiva, reservada, honesta, serena, tira
de letra as questões do dia a dia, tem senso de justiça e uma enorme vitalidade.

Seu padrão de conduta e pensamento é muito bem definido e transparente.

Seu trabalho tanto pode ser físico quanto mental.

Responsável e perfeccionista, geralmente se supera no que faz.

Confia muito em sua intuição e sempre acha que tudo vai dar certo.

Tem tudo para ser um pilar da comunidade, especialmente no sentido moral e espiritual,
devido a seu caráter altruísta e nobre. Mas, como ninguém é perfeito, é comum haver
algo escondido por baixo de tantas qualidades.

Quando se sente cansada da autoridade, solitária e pouco segura do amor dos outros,
pode se transformar em Terra 2, a mãe. Só que vai estar se forçando uma falsa postura
de receptividade e tolerância; isso pode conduzir a um sentimentalismo bobo que
enfraquece sua própria natureza, e além do mais não convence ninguém. É típico do pai
que dá uma bronca de pôr a casa abaixo e depois chora pedindo perdão.

Era atual

CASA 6

A casa 6 é cheia da energia do céu. Dá muita segurança e vontade de agir,
especialmente naquilo que representa avanço em direção a objetivos pessoais
e à autonomia. Surgem boas oportunidades que precisam ser aproveitadas, e você
percebe que há um encontro de energias físicas, mentais, espirituais e cósmicas
facilitando a ação.

Trabalhar, trabalhar, trabalhar: aqui seu empenho é ativo. O movimento começou
de novo, agora descendente, buscando maturidade e conclusão.

O espírito já não tem a leveza da primavera e sim a densidade do outono, voltado
para a consolidação das conquistas e não para aventuras. Mas não precisa levar
tudo tão a sério, cuidado para não ficar careta!

Esse é o desafio da casa 6: fazer tudo sem rigidez moral ou ética, sem
julgamentos extremados. Há uma tentação inconsciente de dominar os outros
só porque se está convicto da verdade. Ora, e o que é a verdade? Não terá cada
um a sua? E qual é a sua, por falar nisso?

Aqui é oportuno cultivar humildade, gratidão, ternura e flexibilidade. Um grande
comandante não perde nada por ser doce, nem um juiz por ser bondoso.

Outra coisa importante é evitar a auto-suficiência extremada e deixar espaço
para que as pessoas mais próximas participem da ação, somando qualidades e
ampliando conceitos; assim haverá um equilíbrio criativo/receptivo na casa 6,
impedindo que a onipotência transforme seu ocupante num velho cavaleiro
solitário de gibi.

quarta-feira, julho 22, 2009

Medo!

"Se eu vejo um papel qualquer no chão
Tremo, corro e apanho pra esconder
Medo de ter sido uma anotação que eu fiz
Que não se possa ler
E eu gosto de escrever, mas...
Mas eu sinto medo!
Eu sinto medo!"

(Raul Seixas - Paranóia)

sexta-feira, julho 17, 2009

Melissa e Kapeller 8


Quando desci as escadas, meio esbaforida, atrasada como sempre, ele já estava lá. A expressão no rosto dele era de um sorriso, mas acho que mais ninguém além de mim poderia identificar qualquer sentimento ali. Outras pessoas jamais reconheceriam aquele ínfimo movimento de maxilar como expressão de felicidade, mas eu sabia o que era, e o quanto era raro flagrá-lo daquela forma.

Parei diante dele. Meu vestido era vinho e tinha mangas compridas. Usava meia calça preta grossa, com sapatos pretos de boneca. Uma flor de tecido lilás enfeitava meus cabelos e um cachecol muito peludo se enroscava em meu pescoço. Puro charme, já que obviamente já fazia pelo menos uns 12 anos que eu não sentia mais frio.
Que diabos ele queria com um encontro a sós, assim? Um encontro mesmo, foi essa a palavra que ele usou no telefone. Encontro. As mãos dele estavam escondidas atrás do corpo, e por um segundo eu tive a ilusão de que ele carregava um buquê de flores, mas, que bobagem, era tão óbvio que Chris jamais faria aquilo. Quer dizer, talvez até fizesse, mas de um jeito sarcástico, por pura ironia, para fazer uma explanação sobre a fragilidade das plantas ou algo do gênero.

Permaneci séria, com aqueles cílios posiços grandes e a maquiagem pesada nos olhos fazendo com que minha expressão ficasse ainda mais carregada do que de costume. Era impossível explicar o sem número de sentimentos que eu revivia ali diante daquele homem. Eles se enfileiravam diante de mim, tantas lágrimas, tantas páginas do meu diário rasgadas, a solidão apavorante quando ele se afastava, o desespero ao ouvir as músicas mais tristes, a escrita compulsiva das poesias mais desesperadas, as tolas e vãs tentativas de fazer com que ele me entendesse, que enxergasse os fatos de forma diferente.

Os anos separados causaram em nós efeitos opostos. Enquanto eu endureci, passei a ver a vida de uma forma mais prática e objetiva, ele parecia ter amolecido, parecia estar mais frágil e sensível. Seria irônico, se não fosse triste o fato de que corríamos em direções opostas sempre. Talvez nunca nos encontrássemos, simplesmente porque era assim que tinha que ser.

- Você está linda, ele disse dando dois passos na minha direção.
- Você é ridículo, eu disse, sem mover um músculo.

Ele riu, como se já esperasse um comentário ácido da minha parte. Definitivamente eu não via nada ali que pudesse ser divertido e exatamente por isso aquela situação foi me deixando impaciente, irritada.

- Que você quer de mim, Kapeller?

Chris então se aproximou, trazendo as mãos pra frente. Não eram flores o que ele trazia, mas sim um livro, um grande livro com a capa de couro preto que eu conhecia muito bem. Ele o estendeu pra mim. Eu engoli em seco. A expressão dele era de vitória.

- Acho que já é hora de você ter acesso a ele. Vai te ajudar muito nesse momento da pesquisa, eu tenho certeza.

Estendi a mão para pegar um de seus diários particulares, onde Christopher registrava há anos os passos de seu caminho de pesquisa, suas fontes, suas observações, tudo, absolutamente tudo o que lhe chamava a atenção e mobilizava, suas dificuldades, seus erros, acertos.

Ele então recuou com o livro, visivelmente desapontado.

- Ah, minha querida, era tão óbvio... Que pena, que pena...

Não entendi nada, absolutamente nada. Foi como se o chão se abrisse debaixo de mim. Estava tão cansada desses jogos, desses testes, dessas provas, estava tão cansada dele! Baixei as mãos, nervosa, a fúria se refletia na minha expressão corporal, facial, em tudo. A voz dele também estava alterada, os olhos arregalados, o tom de voz mais alto.

- Seu ego cresceu demais... É preciso mais humildade pra alcançar o conhecimento. Você não poderia aceitar o diário, tinha que ter recusado! Recusado! Dito que não estava pronta ainda!

- Isso está me exaurindo. Me esgotando, me destruindo.

- Mas é o que eu quero, minha querida! Eu quero que você se destrua, pra se reconstruir de novo, pronta, perfeita, inteira novamente!

- Pra mim chega... Que se dane. Seu conhecimento, seu diário idiota... Que se dane VOCÊ...Eu não sou perfeita o suficiente... Nunca vou ser!
Virei as costas e comecei a trilhar o caminho de volta. No alto da escada, voltei-me pra ele de novo. Levei um susto, pois ele estava a um palmo de mim, sério, me encarando com aqueles olhos verdes imensos, que me invadiam, mas não me entorpeciam mais como antes.

- Esse é exatamente o ponto... Você é perfeita o suficiente. O suficiente pra mim.

Não sabia o que dizer. Simplesmente não haviam palavras. Não havia o que fazer também. Definitivamente estávamos em mundos diferentes agora. Toda aquela doçura já não encontrava mais espaço em mim. Meu coração estava endurecido, rígido, simplesmente não respondia mais. Nem a ele, nem a ninguém.

- Da próxima vez tentarei ser mais-que-perfeita, então...

Ele balançou a cabeça, concordando. O arremedo de sorriso já não existia mais.

- Uma pena, Mel... Que pena...

"...Ela já não gosta mais de mim
Mas eu gosto dela mesmo assim
Que pena, que pena
Ela já não é mais a minha pequena
Que pena, que pena...
Pois não é fácil recuperar
Um grande amor perdido
Pois ela era uma rosa
As outras eram manjericão
Ela era uma rosa
Que mandava no meu coração

Que pena, que pena
Mas eu não vou chorar
Eu vou é cantar
Pois a vida continua
E eu não ficar sozinho
No meio da rua, no meio da rua
Esperando que alguém me dê a mão..."

(Que pena - Jorge Ben Jor)

quinta-feira, julho 16, 2009

Melissa e Kapeller - 7


“...A combinação do ascendente em Câncer ao seu Sol em Touro sugere uma natureza profunda, algo introspectiva e muito afetuosa, muito embora talvez não de uma forma tão "demonstrativa". Câncer dá um pouco de timidez aos seus processos afetivos, mas quem lhe conhece sabe como seus sentimentos são profundos. Uma vida muito aventureira não funciona pro seu estilo natural, e cabe a você respeitar este processo. De todo modo, procure tomar cuidado com uma tendência inercial, que pode lhe levar a passar por longos períodos de estagnação - estagnação esta que nasce do medo da mudança, de uma certa dificuldade para "soltar" e relaxar. Positivamente falando, a combinação Touro-Câncer em seu mapa sugere uma pessoa dedicada, constante, um pouco lenta, porém firme em seus propósitos, leal e estável. Se alguém quiser que algo seja feito com responsabilidade, deve se dirigir a você, Melissa, pois há em sua natureza um forte poder executivo, uma tenacidade incomum, além de muito senso de responsabilidade...”

(Mapa Astral de Melissa)

Melissa e Kapeller - 6


Anotações de Melissa em seu diário em setembro de 1997...

“Ouvir ramos estrelejando e sentir aqueles cascos nas profundezas dessa floresta cheia de folhas, a alma; nunca estar inteiramente alegre, nem inteiramente segura, pois a qualquer momento o animal podia estar movendo-se; ódio que fazia-lhe sentir um doloroso arrepio na espinha; causava-lhe uma dor física, todo o prazer da beleza, da amizade, do bem-estar,de sentir-se amada...Tudo vacilava e pendia, como se na verdade houvesse um monstro a roer as raízes... E havia...”

(Virginia Woolf - in Mrs. Dalloway)
O monstro que me roía as raízes então já havia existido antes. E eu, inocentemente, achava que era algo novo, algo que eu houvesse criado, uma sensação unicamente minha. Mas ela era capaz de descrevê-la tão perfeitamente. Virgínia. Era como se traduzisse meus sentimentos, como se fosse capaz de tatear minha alma com as mãos e moldá-la em forma de palavras. Nunca estarei alegre por inteiro, nem totalmente segura. Não enquanto o monstro rondar por aqui. E acho que ele não vai desistir até me encontrar, e me roer, e me levar...

"Ele me esquecerá. Deixará sem resposta minhas cartas. Eu lhe mandarei poemas, talvez ele até responda com um cartão-postal. Mas é por isso que o amo. Proporei um encontro, numa esquina qualquer. Esperarei, e ele não virá. É por isso que o amo. Ele se afastará da minha vida, esquecido, quase inteiramente ignorante do que foi para mim. E, por incrível que pareça, entrarei em outras vidas. Talvez não seja mais que uma escapada, um simples prelúdio. Continuarei a deslizar para trás das cortinas, para o seio da intimidade, em busca de palavras sussurradas a sós. Por isso parto, hesitante mas altiva. Sentindo uma dor intolerável, mas segura de que vou triunfar nessa aventura após tanto sofrimento, segura, quero crer, de que no fim descobrirei o objeto do meu desejo."

(Virgínia Woolf)

“Já hoje me decidi - nunca mais me darei inteira.
Viverei em fragmentos sem muito amor
porque deles me restarão o mundo.
Pedi para que a paixão me deixasse e fosse encontrar outro fraco.
Descobri tardiamente que tudo era mentira.
Estava sendo enganada
O amor é uma idolatria
E como todas, aliena.
Quero tudo pouco para enxergar mais de perto a grandeza de existir.
Tirem de mim a carga de amar demais!”
(Virginia Woolf)

Melissa e Kapeller - 5


SP, Novembro - 2008

Quando ela pára diante da guarita o vidro do carro abaixa e os olhos dela surgem então atrás dos óculos escuros.

- "Acesso para o laboratório de pesquisas avançadas. Meu nome é Melissa Acácia Mello".

O porteiro confere uma prancheta e dá as instruções de onde ir.
O prédio antigo dá um ar nostágico, ela se lembra deste lugar, mas algumas coisas agora são diferentes, o entorno foi modernizado, reformado. Ela pára o carro em um galpão anexo ao prédio, e um homem está lá para recebê-las.
- "Melissa Acácia Mello, Estudiosa da Fome, Aprendiz da Luz Agonizante, eu sou o servo Vladmir, a serviço de Sara, Iniciada da Praga Rubra, Oráculo dos Mistérios. Por favor me siga, vou levá-la até ela".

---

A Sara que Melissa conheceu não mudou nada. Sua feição traz traços arábes, suas roupas discretas porém praticas, o olhar profundo.
- "Infelizmente Pietre não está disponivel para dizer pessoalmente, mas seja muito bem vinda em seu retorno a São Paulo e à Academia, Melissa. Estou certa de que a Ordem poderá aproveitar muitas de suas habilidades como iniciada nos votos da Luz Agonizante."

Melissa e Kapeller - 4


SP, Outubro - 2008

Era estranho abrir de novo aquela mesma janela. Emperrava da mesma forma. Malditos inquilinos, ela pensou. Como conseguiu passar tanto tempo longe de seu canto? Sim, porque era ali... Era ali que ela realmente se sentia em casa... Pediu para Maia cuidar de Kith antes de se recolher...
Os olhos cansados da garota não escondiam a vontade de dormir, mas ela atendeu o pedido... Enquanto a menina abria uma lata de comida para o gato, Melissa olhava a cidade do alto, pensativa, séria...
Que seria agora? Tanta coisa para fazer... A começar por aquele apartamento, é claro.... "O que você faria, meu amor?", murmurou baixo... Claro... Sinais, sinais... Precisava buscá-los... E então, quando baixou os olhos, sorriu, largamente.
As unhas ainda eram as mesmas, pintadas de preto e lascadas, mas muito tempo havia se passado. Com delicadeza, ela começou a passar aquelas unhas num dos cantos do parapeito. E não é que estava lá? Enfiado num vão da velha janela, quase destruído, amassado, desbotado, mas lá estava...
Um pedaço de papel cartão plastificado, quase camuflado na poeira, protegido por alguma obra do destino. Era uma peça do quebra cabeça cuja grande maioria das peças ela mesma, há anos, havia jogado por aquela mesma janela. Ela o apertou entre os dedos e, silenciosamente, agradeceu ao universo. Estava, afinal, no caminho certo.
"...Well you don't know my name?
But that's alright
'Cause it was just the first night
And you don't know
I can sing
Don't know how happiness I carry
But that's alright
'Cause it was just the first night
And I say
Shalalalala
Was I another of your toys?
And I say
Baby please don't lie
'Cause I really know boys..."
(Mallu Magalhães - Really Know Boys)

Melissa e Kapeller - 3

Curitiba, setembro 2008

De: Melissa Mello melissacacia@lerolero.com
Para: Chris ckapeller@lerolero.com
Enviada: Segunda-feira, 1 de Setembro de 2008 1:30:19
Assunto: hey

Estou voltando pra São Paulo. Achei de bom tom te comunicar. Acredito que em duas semanas tudo já esteja acertado. Quando puder, me escreva. Já faz mais de um ano, afinal.
Um abraço.
Mel

“...Os diamantes são indestrutíveis?
Mais é meu amor.
O mar é imenso?
Meu amor é maior,
mais belo sem ornamentos
do que um campo de flores.
Mais triste do que a morte,
mais desesperançado
do que a onda batendo no rochedo,
mais tenaz que o rochedo.
Ama e nem sabe mais o que ama...”

(Adélia Prado)

De: Kapeller ckapeller@lerolero.com
Para: Mel melissacacia@lerolero.com
Enviada: Terça-feira, 2 de Setembro de 2008 2:30:03
Assunto: Re: hey

Não pude esconder o largo sorriso ao ler seu contato. Você me traz o caos, Melissa… Um caos arrebatador e ao mesmo tempo libertador… Você é meu coringa, minha criança adorável, um impulso misterioso que me impele ao desconhecido, aquela que sempre surge do nada, abrindo meus caminhos, ampliando meus horizontes, me destruindo pra depois me reconstruir. É bom ver que você segue acreditando, que nada conseguiu corromper sua confiança ainda. Siga seu caminho daqui em diante, continue a acreditar no que essa voz aí dentro te diz. Inunde São Paulo com seu caos.
Sempre seu amigo,
Kapeller

De: Melissa Mello melissacacia@lerolero.com
Para: Chris ckapeller@lerolero.com
Enviada: Terça-feira, 2 de Setembro de 2008 2:48:15
Assunto: Re: Re: hey

Do caos sempre nasce algo. Em vez de se preocupar diante de uma situação caótica, espere o nascimento. Você me ensinou isso. O tarô me ensinou isso. Eu entendi a comparação com o coringa. O tolo. Talvez seja isso mesmo. Sou a boba da corte. Mas já aprendi a ver a boba de um jeito positivo. O problema é quando o nosso bom senso se torna caótico - e talvez o meu seja - então fica impossível ver a totalidade.
Um beijo,
Mel

“...Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto, eu penso em suicídio
Mas no fundo eu nem ligo
Você sempre volta com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas
Pra poder te negar
Bem no último instante
Meu mundo que você não vê
Meu sonho que você não crê...”


(Frases Perfeitas - Cazuza)

Melissa e Kapeller - 2


Curitiba, Janeiro - 1999

A fuligem curitibana se misturava aos ultimos raios de sol, diminuindo a força do astro, enquanto uma voz melodiosa e cansada misturava-se aos sons da tarde no velho edíficio apinhado de gente que Christopher usava como refúgio.

Como um mantra tropical, os versos ecoavam várias vezes em sua mente, fazendo-o relembrar da noite anterior, quando Melissa quase cometera o erro de contestar sua a autoridade como criador na frente de outros kogayon.

Obviamente Kapeller sabia que a Ordo era bem tolerante no que tangia ao comportamento dos aprendizes com relação aos seus preceptores, mas não era a percepção dos magníficos dragões que preocupava o ancião.

A discrição não era necessariamente uma característica de sua espécie e Melissa tornara-se uma mekhet graças a seu desejo de torná-la em algo mais que uma aspirante a estudante do oculto. Ele lhe farejara a fera antes mesmo de seu abraço, mas sua passionalidade a marginalizaria perante sua Família e Christopher detestaria perdê-la por um capricho tão medíocre. Ele, aliás, detestaria perdê-la de qualquer forma.

Desceu a escadaria desgastada pelo tempo e cumprimentou o porteiro. Caminhou pelas ruas apinhadas de gente saída do trabalho e presa à roda das coisas, desesperançosa de qualquer mudança. Christopher olhava para o povo com a ínfima intenção de encontrar um ponto de luz, mas tudo que via era gado em uma cidade desestruturada.

Christopher lembrou de suas próprias ambições e do quanto elas podiam afetar o mundo a sua volta e caminhou rumo ao galpão do velho moinho, onde sabia que sua pupila o aguardava.
Encontrou-a sentada na trave do telhado. Abaixo dela, alguns policiais fotografavam um corpo ainda quente.

-Ele se matou - sussurou Melissa com pequenas lágrimas rubras a manchar-lhe a face alva - deixou uma carta confessando o assassinato da esposa, cujo o conteúdo já anexei ao estudo. Agora preciso catalogar a impressão de cada um desses homens, aguardar que o governo tome para si o pouco dinheiro que ele conseguiu juntar até que a energia residual de sua...

- Chega! -interrompeu Kapeller limpando o rosto de Mellissa e sinalizando para que saíssem daquele lugar- Acabou...

A garota quase se pegou contestando seu mestre mais uma vez e o teria feito se a ordem de abandonar aquela enfadonha e lúgubre tarefa não a deixasse tão aliviada. Passaram incógnitos pelos colegas do defunto e Christopher prosseguiu enquanto caminhavam no frio daquele começo de noite:

-Você pôde entender que a teoria de que toda ação tem um reação não é validada quando tratamos do rebanho, Melissa. Nós temos...responsabilidades para com nossas existências e nossas ações desencadeiam uma série de eventos que podem nos levar ao sucesso ou à destruição. Essa noite, o dragão que você perseguia, ainda que talvez por mera obrigação, mudou de rumo e direção e sua cauda alcançará harmônicas desnecessárias para seu aprendizado. Eu vim para te libertar desse laço, minha jovem suplicante-do-sangue. Você ficará por aqui, por enquanto, aprendendo com outros mestres sobre a transcendência de nossa condição...

"...Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Presta atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
E em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés..."

(Cartola - O mundo é um Moinho)

quarta-feira, julho 15, 2009

Melissa e Kapeller - 1

SP, Dezembro - 1998
- Eu te amo, Chris... E você nunca, nunca mais vai ouvir isso de mim...
Ele se levantou, batendo a calça, limpando a sujeira
- Temos coisas a fazer, Melissa... Chega!
SP, Janeiro - 1998

- Hey... Eu te amo! Eu te amo, eu te amo, Chris... Não me deixe sozinha, por favor... Por favor, por favor, por favor...
- Achei que você tinha dito que eu nunca mais ia ouvir isso de você.
- Eu menti!!
- Essa instabilidade tem que terminar por aqui. Não vou mais tolerar esse tipo de resposta de você.
- Onde você vai?
- Não importa. Eu voltarei quando sentir que você evoluiu, que aprendeu com as experiências, que não está mais considerando que seu umbigo é o centro do universo.
- O centro do meu universo é você........
- Adeus...
A porta bateu diante do rosto dela, e ela caiu no chão, desesperada. Urrava de dor, porque realmente doía demais.

“...Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei prá maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra te mostrar que ainda sou tua
Até provar que ainda sou tua...”
(Chico Buarque - Atrás da Porta)

SP, Fevereiro - 1998

Quando ele abriu a porta do minúsculo apartamento, logo ouviu o barulho frenético das teclas do computador. Ela fez uma pausa de dois segundos contados e logo recomeçou a esmurrar o teclado com fúria.

Não se virou para encará-lo. Não precisava mais fazer isso. Os incríveis sentidos aguçados que ela vivia treinando fizeram com que ela simplesmente soubesse que era ele. Parou por mais alguns segundos para consultar algumas linhas de um entre os vários livros abertos na mesa, ao lado dela e continuou então a escrever. Ele se sentou, como sempre fazia, ao lado do gato, no sofá a cada dia mais empoeirado.

Os pêlos de Kith se ergueram diante da presença de Chris e o bichano decidiu então terminar seu cochilo em outro cômodo da casa. Quando o silêncio cortado pelo ruído incessante do teclado o incomodou, ele finalmente falou, sorrindo:

- Boa noite pra você também, Melissa
- A cada ação, corresponde uma reação... – falou sem parar de digitar e sem retirar os olhos da tela do computador
- Já entendeu o mecanismo?
- Sim, por isso estou reagindo
- Ótimo. Acho que posso voltar aos seus ensinamentos agora então.
- Estarei pronta, Kapeller
- Não precisa ser assim, menina..
- A lição foi aprendida. Próximo tópico.
- Olhe para mim.

Ela se virou, o semblante era sério, mas tranqüilo, controlado. Ele sorria.

- A próxima lição é sobre equilíbrio. Pender demais para cada um dos lados faz com que você perca a razão, seja pelo excesso de emoção, ou pelo excesso de frieza.

Ela se virou para o computador novamente, calada, mandou imprimir o texto que estava escrevendo. Após algum tempo, se levantou, pegou a folha e entregou para ele, no sofá.Ele leu o texto impresso e sorriu.

- Um tanto quanto esquisofrênico... Mas válido...

Ela riu de volta enquanto ele devolvia o papel pra ela, que trazia a mesma frase escrita dezenas de vezes: estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota! estava com saudades, seu idiota!

“...É por isso que se há de entender
Que o amor não é um ócio
E compreender
Que o amor não é um vício
O amor é sacrifício
O amor é sacerdócio
Amar é iluminar a dor -
como um missionário...”
(Chico Buarque - Viver do amor)

SP, Março - 1998

- Por que você me escolheu, Kapeller?
- Porque tinha que ser, Mel...
- E por que tinha que ser?
- A vida não é o que nos acontece. É o que a gente faz com o que nos acontece.

“Meu bálsamo benigno
Meu signo
Meu guru, porto seguro
onde eu voltei...”
(Meu bem, meu mal - Caetano Veloso)

terça-feira, julho 14, 2009

Abraça o meu abraço


"...abraça o meu abraço e abre aspas e couraça e casaca e roupa até o polpa o nervo a voz antes da boca aonde a mesma brasa ilesa siamesa dorme acesa embaixo dágua abraça o breu do meu abraço e sua o seu no meu suor na nossa massa mancha que absorve engole goma o seio soma o seu no meio meu aberto peito perto alcança o céu no vôo cego que amalgama à nossa sombra a escuridão que orbita em volta cruza a curva de um contorno que devolve ao mesmo a sua carne pele em forma líquida abraçada nesse agora que me abraça e que me abraça e que me abraça e que me abraça..."

(Abraça O Meu Abraço - Arnaldo Antunes/Aldo Brizzi)

Assim, desse jeitinho mesmo, sem estrofes, sem vírgula, sem pausa, sem parar pra respirar nem um segundo, sem parar pra pensar, sem pensar, sem pensar, sem pensar! Não pensa, só sente, fecha os olhos e me fala tudo o que se passa na sua cabeça, me diz tudo o que você sente, me conta o que você quer, o que você gosta, o que você sonha, o que você deseja. Me conta, que eu dou um jeito de trazer, de embrulhar pra presente, de conseguir o que voce precisa, de me transformar no que você deseja, nem que seja só por alguns momentos, só de brincadeira. Se entrega, abre seu coração pra mim, me mostra a tua verdade toda, esquece que tem alguém olhando, esquece que tem alguém no mundo, não tem ninguém aí, só tem a gente, só tem eu e você, e mais ninguém, nada mais importa pra mim agora, so você, só te ver feliz, só ver a gente feliz. Acredita, eu quero tanto, tanto, tanto te fazer feliz, te ver sorrindo, ver você sorrindo no rosto, nos olhos, na alma, quero ver a felicidade saltando dos seus olhos, vibrando em volta de você, os olhos brilhando pra mim e por mim. É tudo o que eu quero e preciso agora. Pára de pensar um pouco em tudo e pensa só em mim, só em mim, só em mim?

segunda-feira, julho 13, 2009

Daqui: "...Nas horas tristes, filho, não diga nada. Coloque um silêncio bem alto no aparelho de som. E comece a escrever bem baixinho.(Chorar até que pode, desde que não lhe embace a vista). Só não pare: tristeza é pra escrever. Tome posse dessa dor que é toda sua. Até que passe e venha outra mais bonita..."

Tem dias que é tão difícil tomar posse da tal dor. Tem dias que parece que ela é quem toma conta de tudo. Eu quero tentar parar de me apoiar em pessoas. Elas não estão aí pra serem meus pontos de apoio, não mesmo. Tenho dois pés bem firmes no chão, tenho uma cabeça bem firme em cima do ombro, e tenho muita vontade de ficar bem. A teoria é quase perfeita, falta a prática mesmo. O que me ferra mesmo é essa eterna vontade de ser acalentada, amparada, a vontade de que me coloquem no colo, façam um cafuné e me digam que está tudo bem. Mesmo quando não está. Porque não está mesmo. Mas ajudaria a melhorar. Mas sei lá, talvez estar sempre acalentando, sempre apoiando, sempre aceitando, canse demais. Nem é talvez, certamente que cansa. Certamente que não é só isso o que espero das pessoas, mas também é isso. Será que é tão errado assim esperar esse retorno? Estou nitidamente confusa. E essa música não tá ajudando.

Peneira

“A memória da gente é safada: elimina o amargo, a peneira só deixa passar o doce.”
(Caio F. Abreu)

E não é exatamente assim?

Essenciamente invisível


-Adieu, dit le renard. Voici mon secret. Il est très simple: on ne voit bien qu'avec le coeur. L'essentiel est invisible pour les yeux.

sábado, julho 04, 2009

Blog novo

Inspirada no meu post sobre os meus gatinhos, criei um blog novo só pra eles. O endereço é esse aqui:

http://www.frodoebilbo.blogspot.com/

Não deixem de passar por lá!

Beijos de carinho

sexta-feira, julho 03, 2009

Frodo e Bilbo

Sábado passado chegou na nossa casa o Carlinhos (Kaká), gatinho lindo que nós adotamos pelo site Adote um Gatinho, de onde também veio o Danilo (hoje, Frodo), meu outro gatinho. Nós achamos que o Frodo precisava de companhia porque ele andava super carente e ficava enlouquecido quando a gente chegava em casa. Eu vivia paquerando o Carlinhos pelo site e quando mostrei a foto dele pro Sam ele ficou super empolgado. Decidi que era o escolhido também porque o Carlinhos já não é mais um gato bebê e tem uma cor bem comum, por isso tem poucas chances de adoção (já estava até disponível para apadrinhamento (onde ficam os gatinhos "encalhados" por assim dizer)

Entrei em contato então com a cuidadora dele, a Lucy, uma das voluntárias do Adote um Gatinho e que tem um lar temporário, ou seja, cuida dos gatinhos na casa dela até que eles sejam adotados em lares definitivos. A conversa foi super tranquila e logo o Bilbo, como ficou batizado o gatinho, veio pra nossa casa. A Lucy ajudou pacas nesse tempo, trouxe a ração que o Bilbo estava acostumado a comer, um cobertorzinho com o cheirinho dele, e ainda teve a maior paciência de me aturar diariamente tirando dúvidas com ela pelo telefone sobre a adaptação do gatinho.

No começo foi bem complicado. O Frodo ficou super enciumado e bravo, chegava a rosnar e fazia os famosos "Fuzzz" e "Fizz" a toda hora pro novo amigo. O Bilbo, que estava já super acostumado na antiga casa dele, estranhou muito a princípio, ficou super assustadinho, se recusou a comer por três dias (só comia na minha mão depois de muito custo) e vivia escondido pelos cantos. Fiquei super preocupada, mas aos poucos fomos conseguindo avanços com ele e hoje, com quase uma semana de adoção eu diria que ele está praticamente adaptado. Ainda se esconde um pouco, se assusta com movimentos mais bruscos e sons mais altos, mas já não briga com o Frodo (a não ser por brincadeira), já aceita carinhos e até vem no meu colo (mas só no meu por enquanto) de vez em quando.

Tirei umas fotinhos pra vocês conhecerem meu novo bebê, rs. Ele é uma graça!


Acima, Bilbo logo quando chegou, assustadinho ainda e refugiado na área de serviço.
Primeira aproximação do Frodo sem agressão (e viva os sachês da Whiskas, rs!)
Mais civilizados, dividindo o mesmo prato de guloseimas. (veja que tive que colocar o prato embaixo da mesa onde ele estava escondido pro safadinho aceitar comer)

Comendo sozinho a ração, depois de beber muita muita água, mas ainda embaixo da mesa.

Relaxando todo largado depois de comer bastante (mas ainda embaixo da mesa).
Tomando um banho todo arreganhado em seu "Q.G" oficial e ponto preferido de observação. Que sem vergonha!

Passeando pela casa e dormindo todo enroladinho ao lado do amiguinho. Progressos!!
Bom, foi só a primeira semana, mas ele já responde quando eu chamo, já vem no colo, já brincou de bolinha e já subiu até na minha cama quando eu dormia. Também já roubou pão da cozinha e comeu na maior cara de pau, já comeu minhas plantas e já me arranhou quando eu tentei tirar ele de dentro do tanque molhado onde ele estava escondido. Frodo está feliz e adorando brincar com o novo amigo, vira e mexe estão correndo pela casa animadíssimos. Acho no fim das contas deu super certo a adoção! Fico feliz de poder ajudar mais um gatinho e também pela presença dele em nossa casa, que alegra tanto e dá um diferencial pras nossas vidas.
Conheçam o site da Adote um Gatinho, quem sabe vocês também não pensam em ajudar um animalzinho que precisa muito? Não precisa ser adotando não, pode ser com dinheiro, ração e até agasalhos, já que está rolando por lá uma campanha do agasalho pros bichos. Muito legal!

Coisas que eu não sou, gostaria de ser, mas arrisco!

Respondendo o Memê que a Pérola mandou pra mim e pras meninas do Mamíferas...
Valeu, Pé! Beijoca!

A idéia é falar 05 coisas que eu não sou, gostaria de ser, mas arrisco...
E depois escolher 05 pessoas para passar adiante...

Vamos lá!

1. Fotógrafa - tenho certeza que nunca vou levar isso adiante profissionalmente mesmo, mas adoro e nunca saio de casa sem máquina fotográfica. Tiro centenas de fotos, e vivo registrando tudo o que acontece. Ainda mais agora que estou com a máquina do meu amore emprestada, vixe, não páro mais de fotografar! rs

2. Terapeuta Floral - na verdade eu fiz alguns cursos de terapia floral mas não me sinto uma terapeuta mesmo, habilitada para trabalhar na área. Mas, contudo, porém, entretanto, eu faço florais para mim, pro Sam, pro meu pai, para amigos e parentes desde sempre, há anos, e sei que mando muito bem no que faço porque a indicação em geral é certeira. Um dia ainda trabalho com isso!

3. Roteirista - eu sou jornalista, lido com as palavras, mas nunca tive nenhuma formação pra escrever roteiro. Mas adoro! Vivo inventando histórias, cenas, pensando em personagens, criando histórias pra eles, uma delícia. Uma terapia pra mim!

4. Doula e educadora perinatal - eu ainda vou fazer o curso de formação de doulas e o de educadora perinatal. E também não é pra trabalhar na área, não! É pra mergulhar ainda mais nesse mundo que eu amo que é o mundo do parto humanizado e poder, mesmo de longe, mesmo a distância, ajudar as pessoas a se empoderarem, se encontrarem e conseguirem partos dignos, da forma como elas sonham.

5. Ativista na proteção de animais - eu amo bichos, sempre amei, mas nunca me envolvi muito com proteção de animais. Esse ano, depois que conheci melhor as meninas do Adote um Gatinho, adotei o Frodo e o Bilbo e passei a ter muito mais contato com esse mundo das "gateiras" sinto que encontrei uma nova paixão. Por enquanto ajudo muito pouquinho, cuidando dos meus gatinhos, fazendo doações e repassando informações sobre o mundo dos gatinhos, mas sinto que posso e vou fazer muito mais!

Bom, é isso pessoal!
Eu, como de costume, não vou passar pra ninguém não. Deixo aí a Memê e quem estiver afim pode copiar, por favor!

Beijos de carinho

quinta-feira, junho 25, 2009

Uma historinha em sms

Nós dois com dores de cotovelo consideráveis. Eu meio confusa, amigos falando um monte na minha cabeça sobre ele... Será? E aquele sorriso doce aparecendo de vez em quando nos meus pensamentos. Resolvo mandar um sms pra sondar o terreno e dizer pra ele lembrar de sorrir sempre, já que andava meio tristinho. Não tenho mais a msg original, mas era isso. Não respondeu. Ignorada, pensei. Mas a resposta veio. Horas depois, mas veio. Fiquei feliz ao ler que era mensagem dele, mas logo veio um balde de água fria:

12/04/08 - sáb 21h41
De: B.
Para K.
Oii! Esqueci o cel em casa e so cheguei do trabalho agora =/ desculpa responder so agora! brigada amiga! é muito bom saber que vc lembra de mim. Conte sempre comigo. 1000 beijos.

Esse amiga ficou latejando no meu coraçãozinho. Amiga, amiga amiga. Era isso né? Como negar algo tão explícito? Pra ele era isso que eu era: amiga. Ponto.

(continua...)

quarta-feira, junho 24, 2009

Dívida

Promete pra mim que nunca nunca mais você nem ameaça ir embora assim, sem resolver o que tem que ser resolvido? Que nunca mais você deixa pra lá, mesmo se for por achar que pra mim não faz diferença alguma? (porque pra mim sempre vai fazer, pode ter certeza) Promete que você vai brigar por nós mesmo que eu esteja desanimada, parecendo que estou desistindo? Promete que nunca mais vai embora sem me abraçar bem forte, me olhar nos olhos e me beijar? Mesmo que você tenha certeza absoluta que essa seja a última vez que você vai fazer isso tudo? Por favor, diz que promete...

terça-feira, junho 23, 2009

Respirando

A nuvenzinha negra está indo embora, devagarzinho. Uma brisa vai soprando e ela vai se dissipando. Ainda restam uns e outros pedacinhos cinzentos. Alguns deles cobrem o sol, não deixam que ele esquente meu corpo todo. Restam as mãos geladas e um certo suspiro de dúvida. Mas vai dar tudo certo, eu sei que vai. Para ajudar, vou voltar a escrever sem parar. Porque é o que me motiva de verdade. Não se espantem se isso aqui começar a se atualizar sem parar. É só a faxina começando.

quarta-feira, junho 17, 2009

Falta cumplicidade

Sabe o que eu sinto falta? De sair dessa superficialidade. Superficialidade de relacionamento mesmo. Tantas são as pessoas que passam pela minha vida, tantas, tantas, mas quais as que verdadeiramente me conhecem? Sabem com penso, o que sei, e quero saber, o que acho, e por que acho, o que sinto, como reajo, o que fiz, o que não fiz, o que quero fazer, o que me irrita, o que me emociona, o que me alegra, o que me entristece, o que me mobiliza e impulsiona, quantas são as que sabem de mim, de verdade? Quantas me conhecem de verdade? Eu não sei responder... Juro que não sei... E é recíproco, sabe? Vejo que não conheço as pessoas de verdade, que não sei delas de verdade, a fundo mesmo... Sinto falta de antecipar frases, de saber de cada passo, de conehcer motivações, segredos, saber não só do dia-a-dia, mas do que está por trás também. Conhecer de verdade. Já tive isso antes com algumas pessoas, mas não tenho mais. Tenho ligações fortes, bons amigos sim, mas são relacionamentos que são profundos só em certas áreas... Em outras é o superficial que predomina mesmo. Acho que literalmente perdi alguns amigos, muitas vezes os vejo perto, sinto carinho por eles, um carinho enorme, mas não os reconheço. É como se não soubesse mais dizer quem são eles, assim como eles também não sabem me dizer quem sou eu. Talvez falte tempo e dedicação, não sei bem. Falta tempo de aprofundar relacionamentos com quem realmente vale a pena. Muitas vezes me vejo assistindo a vida dos outros pelo orkut, por blogs, pela internet, e vejo tantas coisas acontecendo, as vidas caminhando, as pessoas seguindo e me sinto meio espectadora disso tudo, como se não fizesse mesmo parte. O velho Caio Fernando surgindo de novo. É como se eu não tivesse o ingresso da roda gigante. Vejo todo mundo brincando, mas não me deixam entrar. E assim vai... Sinto tanta falta dessa cumplicidade às vezes que me dói. Dói, dói, dói... Mas, tipo, sei lá, acho que não tô num bom momento. Não mesmo.

quinta-feira, junho 04, 2009

Banca de Jornal

A revista Nova promete dicas infalíveis para aquele cara incrível ligar depois do primeiro encontro. Lista ainda 50 segredos masculinos para você finalmente entender os homens. A revista Claudia lista os 7 passos para um casamento feliz sempre, enquanto a Boa Forma dá a receita de Mirella Santos (quem?) pra pernas e bumbum perfeitos. A Marie Claire traz uma reportagem especial sobre as bolsas mais famosas da história, objetos de desejo de todas as mulheres. A Capricho traz dicas de produtos para um cabelo liso perfeito e um teste pra saber se você vai muito na onda das suas amigas. Nas revistas de novela, é Maya pra todo lado. Maya perde o bebê, Maya tenta o suicídio, Maya isso, Maya aquilo, além de aprenda a maquiagem da Maya, compre as roupas da Maya, seja como a Maya. E quem é Maya, você me pergunta. É a personagem principal da novela das 21h da Globo. Ah, tá.

Dá preguiça de ir na banca. É taaaaanta futilidade, tanta padronização, taaanta receita pra isso, e pra aquilo, que a gente cansa de ter que ser robô, ser parecida com todo mundo, saber o que todo mundo sabe, fica maluca tentando imaginar que todas as pessoas reagem da mesma forma aos acontecimentos, que todos os homens têm as mesmas opiniões e "segredos", que todo corpo reage do mesmo jeito às dietas, que todas querem o cabelo liso, o make da novela, a bolsa da fulana, a roupa da siclana, argh! Socorro, quero descer!!

quarta-feira, junho 03, 2009

Brrrrrrr e Grrrrrrrr

Ando tão cansada... Há três dias eu deito pra amamentar o Sam e durmo junto com ele às 20h30 da noite... Acho que meu corpo está buscando descanso... Esse frio de matar me deixa meio irritada também. Eu gosto muito de frio, mas pow, 11 graus, sensação térmica de 9, está um pouco demais pros meus padrões... Preciso de uns 4 graus a mais pra ficar mais feliz. O céu azul e o sol me agradam, mas o vento gelado e cortante me matam. Meus dedos ficam gelados e eu fico com vontade de não fazer nada, só dormir, rs... Fiz m concurso domingo o dia todo, fiquei com o pescoço travado, duro mesmo, dolorido demais... No trabalho, muitas coisas acontecendo, alguns estresses também, além de estarmos compensando uma hora por dia pra podermos emendar o feriado, o que me deixa cansada e irritada. Uma irritação chata mesmo, pouca paciência, vontade de estourar mesmo com as pessoas, mas ainda não estourei. Me segurando a cada minuto pra não brigar com Samuelzinho, porque ele não em culpa mesmo, mas às vezes acontece de sobrar um mau humorzinho pra meu pequeno... Ai ai... Daí vem a culpa, eu me achando a pior das mães, mesmo sabendo que não sou, e assim vamos... Nem pro amore tem sobrado tempo, tadinho, mal falo com ele desde domingo... Culpa, mais culpa, affe, já basta né? Ainda bem que hoje é quarta feira, bora pra terapia!?