segunda-feira, setembro 29, 2008

Brilho

E me vieram essas imagens assim, de repente. Banco da frente, segurando sua mão quentinha, e te beijando no farol. Sair sem blusa, porque tenho você pra me abraçar. Que delícia. Você sorrindo no sábado. Estava lindo e feliz, e me deixou tão feliz te ver assim, que nem sei dizer. Daí quis registrar aqui. Que tua alegria, pelo visto, faz a minha surgir. Não vai embora não, tá? Fica aqui bem pertinho, bem pertinho... s2

"...Se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Estarei aqui...
Se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Estarei aqui..."

(Eu era um lobisomem juvenil - Legião Urbana)

... ao outro

"...Never opened myself this way
Life is ours, we live it our way
All these words I don't just say
And nothing else matters

Trust I seek and I find in you
Every day for us something new
Open mind for a different view
And nothing else matters...

So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And nothing else matters..."

(Nothing Else Matters - James Hetfield - Lars Ulrich - Metallica)

Bem clássico, né? Mas é que ontem essa música fez umas fichinhas caírem por aqui. Ainda bem mesmo, que nada mais importa... De um extremo ao outro, lá vou eu... Nem é comparação, é constatação, mesmo. Um extremo de carinho, confiança, proximidade e tudo mais que me interessa e motiva. Ainda, bem, que bom. Que nada mais importa...

De um extremo...

"...Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu..."

(Djavan - Jorge Drexler - A idade do céu)

O tempo já curou muita coisa, mas é difícil ainda pra mim entender essa necessidade de agredir, de machucar, de ferir. É difícil também entender por que eu me deixo ferir... Porque é uma brecha que eu abro, eu deixo que as pessoas se aproximem e façam esse tipo de maldade comigo. Deixo que elas virem o jogo e que me façam parecer a vilã da história toda. Tenho consciência que permito isso, mas não sei bem controlar. Será que estou agindo errado permitindo esse tipo de reação? Como barrar? Como bloquear? Sei que é um processo meu, que eu posso, se quiser, erguer por aqui um escudo e não deixar que as palavras ácidas e que os comentários maldosos me atinjam, mas anda complicado. Porque parece que a minha necessidade de manter sempre tudo bem com todo mundo fala mais alto do que a minha necessidade de me proteger dessas dores. Porque dói. As lágrimas escorrem, fartas, chego a chorar de sluçar, perdida em meio da agressividade alheia. Nada bom, nada bom.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Bloqueios

Até onde eu crio um mundo ideal quando escrevo sobre ele? Até que ponto posso ir em minhas criações e histórias? Até que ponto eu consigo manter esse nível tão alto de cobrança que eu faço comigo mesma? Por que faço isso? Busco respostas que confirmem minhas próprias inseguranças ou afirmo de coração tudo aquilo que me mobiliza? Mil questionamentos hoje pós terapia, talvez pudesse ficar horas dissertando sobre isso. Também falamos sobre os meus bloqueios. É impressionante como eu vivo as coisas com uma passionalidade incrível, e então quando elas se esgotam, ou quando acho que não saberei lidar com tanto sofrimento ou com tanta intensidade, parece que eu bloqueio aquilo tudo. E fica assim, como se nunca tivesse existido. Vira nada. É um processo de defesa, claro, consigo perceber isso nitidamente, mas o que afinal faz com que eu precise me defender? E por que por exemplo não bloqueei certos sofrimentos com tanta facilidade como bloqueei outros? Estranho pensar assim... Não quero esquecer de me questionar sobre isso daqui em diante. Está sendo, como sempre, muito rico fazer terapia. Estou aprendendo demais...

terça-feira, setembro 23, 2008

Pedacinhos

Deslumbramento que é essa história de cavar memórias. Um negócio, mesmo. Quanto mais a gente cava, mais fósseis a gente encontra. Acho que cavoquei tanto ontem, que sonhei com a casa da tia Dorotéia, aquela mais antiga, colada à escola. Quantas, quantas, quantas lembranças. Daqueles primeiros amores com gosto de bala chiclete e guaraná de garrafa de vidro. Quantas tardes correndo, chutando bola, acertando na cesta e pedalando na bicicleta atrás dos meus primos queridos. Tardes mergulhando na piscina de plástico e rolando no chão, e riscando com giz enquanto os meninos falavam de coisas que a gente ainda não entendia. Noites quentes fugindo quando no beijo-abraço-aperto de mão a gente caía pra beijar um primo, mesmo morrendo de vontade de beijar, só pra ver que gosto que tinha. E quantas e quantas vezes a gente sonhou juntos, repetindo e repetindo "que é que você quer do mundo?". E quantas vezes eu chorei porque não corria tão rápido e meu primo mais querido, aquele que eu vou amar sempre e que sempre me escolhia pra dar passeio no bosque de mãos dadas, passava a mão no meu cabelo chanelzinho, igualzinho ao dele, e me dizia que ia brincar comigo, só comigo. Brincadeira bobinha, sem maldade alguma. Que saudades, favorito, do seu cabelinho igual ao meu. Saudades também daquela época em que a gente ia pra Caraguá no começo do ano brincar de nadar no rio perto das pedras e de boiar em câmara de pneu. E lavar louça depois do jantar virava programão, porque era a hora de ver "os meninos". Alguém pegava um violãozinho velho desafinado e tocava Legião Urbana e a gente ria, e cantava disputando quem conhecia mais letras. E o pedestal-mor passava os dedos pelo meu cabelo embaraçado até tirar cada nozinho, e me olhava com aquela carinha corada de sol, um cheiro de maresia misturado com Brut, dizendo que me amava "pra sempre", e eu corria escrever versinhos na agenda. Tonta. Pra sempre sempre acaba, né? Mas nada vai conseguir mudar o que ficou não... Andava de carro naquelas ruas de Guarulhos procurando um husky siberiano. Às vezes dava sorte. E toca ir todo mundo tomar sorvete de limão pra depois levar bronca da vó, que quando ficava brava sempre ia chamar um e errava o nome, e a gente ria, e ela acabava rindo também. E o menino magrinho que tinha os olhos azuis enormes e uma irmã com nome de princesa fazia o pedestal ficar morrendo de ciumes porque vinha me beijar na testa e dizer naquela agitação pré-adolescente que o gol que marcou era pra mim. E sorria, naquele sorriso raio de sol, e eu corria escrever de novo na agenda um final feliz pra gente. E o pedestal, sempre ele, me ajudava a passar nas fases mais difíceis do vídeo game. E ele nem sabia que eu detestava aquele jogo, e só jogava pra ele me ensinar. Vieram tantas lembranças misturadas agora, estranho que no sonho que eu tive, no lugar da quadra da escola tinha um rio. E tinha um menino também, mais alto, sem camisa, e eu era apaixonada por ele, mas não era nenhuma dessas paixõezinhas, era um desconhecido. Mas cantarolava "Hold me tight", igualzinho ao pedestal. Eu consigo lembrar como se fosse hoje. A gente naquele quarto mal iluminado, porque a persiana era amarela, porque o dia não era dos mais bonitos, porque a gente não queria mesmo que o sol entrasse ali. Nós dois no andar de cima, no quarto, e todo o resto do mundo lá embaixo. Porque só a gente gostava de ouvir os discos, e era lá que a vitrolinha ficava. Consigo descrever a roupa toda que ele vestia. A camiseta cinza, com uma estampa estranha, e gola virada, a bermuda comprida, os chinelos Rider, aquele bonezinho vinho de sempre, virado pra trás. Um olhar expressivo, de quem divide uma descoberta importante, aquele jeito que ele só tinha quando ficava sozinho comigo. O tom de voz carinhoso, doce, o sorriso secreto, igual ao da música, aquele que ele só usava comigo. Amor, muito amor mesmo eu sentia por ele. O primeiro que eu amei. E eu que nem sabia que diabos ele queria dizer com aqueles versinhos em inglês cantados todos errados. Hoje eu sei, será que ele desconfiava?

"It feels alright now
Hold me tight
Tell me I'm the only one
And then I might
Never be the lonely one

So hold me tight
tonight, tonight
it's you,
you, you ,you...

Hold me tight
Let me go on loving you
Tonight, tonight
Making love to only you

So hold me tight
tonight, tonight
it's you,
you, you ,you...

Don't know what it means to hold you tight
Being here alone tonight with you

It feels alright now
Hold me tight
Tell me I'm the only one
And then I might
Never be the lonely one..."

(Hold Me Tight - The Beatles)

Remediado está

"Fecho os olhos. Somente a memória fala: porque é certo que as pessoas estão sempre crescendo e se modificando, mas estando próximas uma vai adequando o seu crescimento e a sua modificação ao crescimento e à modificação da outra; mas estando distantes, uma cresce e se modifica num sentido e outra noutro completamente diferente, distraídas que ficam da necessidade de continuarem as mesmas uma para a outra.
— Não vou perguntar por que você voltou, acho que nem mesmo você sabe, e se eu perguntasse você se sentiria obrigado a responder, e respondendo daria uma explicação que nem mesmo você sabe qual é. Não há explicação, compreende? Eu também não queria perguntar, pensei que só no silêncio fosse possível construir uma compreensão, mas não é, sei que não é, você também sabe, pelo menos por enquanto, talvez não se tenha ainda atingido o ponto em que um silêncio basta? É preciso encher o vazio de palavras, ainda que seja tudo incompreensão? Só vou perguntar por que você se foi, se sabia que haveria uma distância, e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto. E esquece sabendo que está esquecendo.
— Não quero complicar nada. Nunca quis. Também não queria falar. Mas eu não podia simplesmente receber você com a cara de ontem.
De repente sinto medo. Um medo antigo, o mesmo que sentia o menino escondido embaixo da escada, esperando castigos. Um medo e um frio que nascem de alguma zona escondida no cérebro, nas lembranças, nas coisas que o tempo escondeu ao avançar, como se recuando súbito pusesse a descoberto todos os cantos invisíveis, todas as teias de aranha recobrindo velhos muros, os mesmos que tantas vezes tentei escalar sem que houvesse nada depois, nenhum caminho, nenhuma casa. Nada.

EU — Mas detesto analista amador.
ELA — Campo ou bosque ou deserto, qualquer coisa assim, compreende? O importante é que seja ao ar livre. Colabora, imagina. É só um teste.
EU — Um deserto, então.
ELA — Sem nada?
EU — Nada.
ELA — Mas nem uma palmeira?
EU — Nenhuma.
ELA — Um rio, qualquer coisa?
EU — Nada. Só areia.
ELA — E árvores?
EU — Nada.
ELA — Bichos?
EU — Nada.
ELA — Vento?
EU — Nada.
ELA — Água?
EU — Nada.
ELA — E a chave?
EU — Não encontro a chave.
ELA — E o muro?
EU — Muro tem.
ELA — E como é o muro?
EU — Antigo, feio, todo descascado, tijolos aparecendo, um pouco de limo, enorme.
ELA — Você sobe?
EU — Tento subir. Várias vezes. Mas caio, arranho os pulsos, sai sangue. Dói muito. Sempre tento subir, sempre caio outra vez. Mas sei que um dia eu consigo.
ELA — E depois?
EU — Depois o quê?
ELA — Depois do muro, o que tem?
EU — Nada.
ELA — Nada?
EU — Absolutamente nada.
ELA — E você, o que você faz, no nada?
EU — Não sei, me desintegro, acho.
ELA — E não dói.
EU — Não. Não dói.

...

ELA — Você agora vai-me achar piegas, mas deixa eu perguntar.
EU — Pergunte.
ELA — Você não acredita em amor?
EU — Acho que não. Como é que você sabe?
ELA — Não existe água. A água é o amor.
EU — Ah. Que mais?
ELA — Nada.
EU — Nada?
ELA — É. Nada. Você não acredita em nada. Acha tudo estéril. Vazio. Seco. Um deserto. Nem problemas você tem.
EU — Problemas?
ELA — É. Os bichos.
EU — Ah.
ELA — Nem ideais. Com o perdão da palavra.
EU — Ideais?
ELA — É. As árvores.
EU — E daí?
ELA — Daí, nada.
(silêncio)
EU — Pronto: mergulhou no silêncio oceânico.
(silêncio)
ELA — Você não passa dum puto niilista. O diabo é que eu gosto de você paca.

Ela não sorri. Houve um tempo em que tive um rio por dentro, mas acabou secando.

EU — É possível um rio secar completamente?
ELA — Claro que é.
EU — Mas será que ele não enche depois? Nunca mais?
ELA — Alguns sim, outros não.
EU — Mas nunca mais?
ELA — Sei lá, acho que não.
EU — Você tem certeza?
ELA — Certeza eu não tenho. Só estou dizendo que acho. Afinal não sou nenhuma especialista em matéria de rios, secos ou não.
EU — Sabe?
ELA — O quê?
EU — Eu tinha esperança que o rio voltasse a encher um dia.

Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Não digo. Atrás do aquário, os dois olhos confundidos com os peixes. Será que peixe gosta de maçã? Mas se tivesse ido até o fim, teria voltado? Voltar não será como ir até o fim, não será prolongar o processo em vez de abreviá-lo? Nunca soube a cor exata de seus olhos. Quando os via muito de perto, minha única preocupação era observar o movimento dos pontinhos dourados no fundo das pupilas. Mas em que cor estavam contidos esses pontinhos, boiando em castanho, em azul, em verde, em negro?

EU — Você gosta de mar?
ELA — Gosto. Parece uma coisa que eu sinto às vezes por dentro e nem sei bem como é. Nem o que é. Acho que se um dia eu me matasse seria no mar. Queria ir entrando na água bem devagarinho, vestida de branco, descalça, cabelos soltos.
EU — Poesia fácil
ELA — Vá à merda.

Atira a maçã para cima, recebe-a de novo, indecisa, num movimento que quase descobre os seios. As pernas compridas, um pouco brancas demais. Os olhos talvez meio estrábicos. Mas a cor? Que cor? O gesto antigo de afastar um fio de cabelo inexistente.
— Vá embora — ela diz.
Visto a roupa devagar. Começo a descer as escadas. Não olho para trás. De que adiantaria olhar? De que adianta não olhar?
Vou desviando das poças sujas da chuva de ontem. O asfalto esburacado. O céu cheio de fumaça. E de repente uma maçã espatifada contra o cimento. A carne madura demais espalhada em torno. Não há nada a dizer sobre ela, não passa de uma maçã morta..."

(Caio Fernando Abreu - O inventário do ir-remediável)

segunda-feira, setembro 22, 2008

Um mais um

Já tem dois meses que te olhei meio tímida no carro e te perguntei se era isso mesmo. E você disse que era. Dois meses de um coração aos saltos, sem entender direito pra onde a gente estava indo, mas indo assim mesmo. Porque não dava mais pra me afastar de você. Já faz mais de dois meses que sua mão ficou segurando a minha por horas e horas e a madrugada ficou tão mais feliz e tudo em volta de repente meio que perdeu sentido literal, enquanto aqui dentro algumas coisas se encaixaram tanto, tanto... Tanto quanto sua mão se encaixa na minha até hoje. E nem tem como largar. E tem dois meses que eu posso te dizer todo dia o quanto você tem feito diferença por aqui. Tem dois meses que estou vivendo um dia de cada vez, com uma tranquilidade que eu antes desconhecia, porque é você quem traz ela pra mim. Não tem mais tanta ansiedade contínua ou uma sensação perene e ruim de tristeza, de vazio, porque eu sei onde você está e percebo onde você quer estar também. Não me sinto sozinha, porque te sinto muito, muito perto, muito acessível e disponível pra mim, mais perto do que qualquer outro. E, um fato, eu não sou nada boa com datas, pelo contrário, eu detesto todas elas, não me dizem nada. Namoro pra mim não tem dia pra comemorar, tem que comemorar todo dia mesmo. Clichê, mas um clichê real. Não adianta lembrar sem significar nada, mas de vez em quando eu também sei lembrar quando significa. Parece mais tempo, talvez porque realmente seja. Já faz tempo que estamos por aqui, sempre perto, sempre perto, e isso já pode ser somado. Não na tal "comemoração", mas nas contas gerais e tal, e aqui estamos. Não sei bem porque escolhi essa música, mas certamente há motivos subliminares, e eu, assim como a Melissa, não costumo deixá-los de lado. Acho que é porque a gente já se afastou algumas vezes, mas achamos outros caminhos de se encontrar de novo. Mas o que importa agora é a partir daqui. "Maybe you and I could go from here..." Daí vem meu lado romântico e bobinho, que vai dizer "And then nothing will keep us apart"... Porque é a minha verdade mesmo agora... Nada, nada... Será que você me aguenta mais uns dois meses? :o)) Tomara... Bacio...

"...We said good-bye with so much left to say
We knew inside we'd find another way
We'll have it all, it's not too late to try
Maybe you and I could go from here
Maybe you and I can make it, this time we'll...

Fall in love when we meet again
We can finish what we started
Fall in love if we try again
And then nothing will keep us apart

We're not the same as when we first began
We'll try to change, we'll take another chance
Maybe you and I could work it out
Maybe you and I can make it, this time we'll

I see your face, it's always on my mind
A time and palace we almost left behind
This time we'll fall in, this time we'll..."

(When We Meet Again - Alanis Morissette)

domingo, setembro 21, 2008

Some more patience

Vem como uma nuvenzinha mesmo. Aquela minha tristeza conhecida, já... Invade tudo, deixa frio, mesmo quando estou de casaco e edredon... Mesmo depois da sopinha, de um banho quente... Mesmo depois de tudo... Não é externo nem físico, é um frio estranho, que parece vir da alma mesmo. As lágrimas escorrem fáceis e sozinhas, e eu nem sei bem dizer porque. Não sei mesmo. Seria bom saber na verdade. Sinto falta das pessoas, mas não consigo explicar o que me incomoda, nem muito bem o que quero delas. Eu sempre espero que elas saibam, mas é difícil. Dói um pouco às vezes, parece que não dá pra aguentar. Então eu fecho os olhos e deixo me levar mesmo. Já veio antes, e eu sei que aguento. Só é estranho quando se está no meio do processo. Pelo menos já estou verbalizando, sei lá... Ou escrevendo, o que pra mim é praticamente o mesmo, talvez mais eficiente... Enfim, não é nada mesmo, mas ao mesmo tempo é tudo. Vou ficar bem, prometo... Tô tentando...

"Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência"

(Lenine - Paciência)

sábado, setembro 20, 2008

amor eterno ou não dá

"Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade

Eu quis te convencer mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade

Paper clips and crayons in my bed
Everybody thinks that i'm sad
I'll take a ride in melodies and bees and birds
Will hear my words
Will be both us and you and them together

Cause i can forget about myself, trying to be everybody else
I feel allright that we can go away
And please my day
I let you stay with me if you surrender

Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
(I can forget about myself trying to be everybody else)
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
(I feel all right that we can go away)
Pode ser a eternidade má
(And please my Day)
Eu ando sempre pra sentir vontade.
(I'll let you stay with me if you surrender)..."

(Janta - Marcelo Camelo - Mallu Magalhães)

Meio amargo

Ele chega e tira os óculos, que é pra poder me ver melhor. Chega com cheiro doce e gosto meio amargo, de chocolate, que já sabe que é o meu favorito. E sorrisos de amores, e cafunés para adormecer, e silêncios de segredo e olhares fixos que andam me dizendo tanto, tanto. E faz o frio desanimado passar, e vai embora cedo, mesmo quando é bem tarde. Porque pra mim sempre é cedo. E deixa tudo vazio, meio oco, mas ao mesmo tempo tão cheio, tão pleno. Ai. Nem sei. Me calo, porque nem precisa dizer mais nada. Precisa?

"A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada."

(Adélia Prado)

quinta-feira, setembro 18, 2008

Saudades

"...Posso ouvir o vento passar,
assistir à onda bater,
mas o estrago que faz
a vida é curta pra ver...
Eu pensei..
Que quando eu morrer
vou acordar para o tempo
e para o tempo parar:
Um século, um mês,
três vidas e mais
um passo pra trás?
Por que será?
... Vou pensar.

- Como pode alguém sonhar
o que é impossível saber?
- Não te dizer o que eu penso
já é pensar em dizer
e isso, eu vi,
o vento leva!
- Não sei mais
sinto que é como sonhar
que o esforço pra lembrar
é a vontade de esquecer...
E isso por que?
Diz mais!
Uh... Se a gente já não sabe mais
rir um do outro meu bem então
o que resta é chorar e talvez,
se tem que durar,
vem renascido o amor
bento de lágrimas.
Um século, três,
se as vidas atrás
são parte de nós.
E como será?
O vento vai dizer
lento o que virá,
e se chover demais,
a gente vai saber,
claro de um trovão,
se alguém depois
sorrir em paz.
Só de encontrar... Ah!!!..."

(O Vento - Rodrigo Amarante - Los Hermanos)

Sou só eu que sinto falta deles?

Outro lado

"...antes que eu me esqueça do que eu queria dizer era isso eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro ou do outro lado..."

(Caio Fernando Abreu - Carta para Além do Muro)

Rosas

Eu espero demais das pessoas. Sempre e sempre. Espero atitudes, espero opiniões, espero que se expressem, espero que tomem a frente, que se mexam, que façam acontecer, que me surpreendam! Mas claro que nem sempre é assim. Cada qual com seu ritmo, cada um com seu movimento próprio e tão particular. Mas eu me frustro um pouco. Sem razão, eu sei, porque não tenho o direito de querer controlar o que as outras pessoas fazem. Porque não posso basear minha satisfação, minha sanidade, minha tranquilidade numa reação de outro. Além do mais, cada um certamente deve ter seu motivo para agir e reagir de tal forma, para responder de certo jeito ou de outro. Mas é difícil esse processo de me desligar disso. Sou controladora, quero que tudo aconteça da minha maneira. Também fantasio muito, moldo as pessoas da forma que eu acho que elas são, então quando me deparo com o real, às vezes é complicado lidar... Mas estou trabalhando, devagarzinho... Admitir onde estou errando é um grande passo, eu acho. É engraçado, parece que as respostas que eu cobro, são minhas mesmo, ou pra mim. Cobro aceitação, cobro retorno de sentimentos, de dúvidas, de preocupações. Quero retorno na mesma intensidade, e isso não existe... Cada um, cada um. Ainda bem, na verdade. Só quero ter calma. E, por agora, um pouquinho de Adélia Prado.

à beira de um poema

Podei a roseira
no momento certo
e viajei muitos dias,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira
constelada,
os botões,
Alguns já com rosa- pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
meu desaponto com os limites do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizam-se
diante do recorrente milagre.
maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é setembro

(Adélia Prado)

quarta-feira, setembro 17, 2008

Meet me in outer space

"How do you do it?
Make me feel like I do.
How do you do it?
It's better than I ever knew.
You are stellar..."

(Brandon Boyd - Incubus - Stellar)

Postzinho pra comemorar template novo, fase nova, tudo renovado...

Curtiram?

:o)))))

terça-feira, setembro 16, 2008

Leveza

"...Por ser exato
não cabe em si
Por ser encantado
O amor revela-se
Por ser amor
Invade
E fim..."

(Djavan - Pétala)

Falar amor é forte, é? Mas está tudo como sinônimo. Pode olhar. Tudo sentimento, tudo relacionado. Afeto, adoração, carinho, amizade, ligação forte, plena. Não tenho preconceito nenhum com a palavra. Não com essa. Com as outras, prefiro especificar. Não é bem exato no sentido de perfeito, preciso, porque isso é impossível, mas exato no sentido de pontual mesmo, de chegar na hora certa. Encantado, enlevado, por conta das pequenas magias, dos detalhes que vão somando brilho e beleza à coisa toda. E invade mesmo, se espalha, toma conta de tudo, e me deixa assim, meio entorpecida, tomada de sentimento. Feliz.

sábado, setembro 13, 2008

Tempo

Eu sou a pessoa mais ansiosa do mundo. Mas tô aprendendo a desacelerar um pouco, a andar mais devagar e observar a paisagem. Há tempo pra tudo, afinal. Obrigada, meu lindo, por me ensinar. Fica bem hoje, em muita paz... Tô com você em pensamento, como sempre e sempre...

"Se você quer um pouco de mim
Você deveria me esperar
E caminhar a passo lento
Muito lento

E pouco a pouco esquecer
O tempo e sua velocidade
Frear o ritmo, ir muito lento, mais lento

Ser delicado e esperar
Dá-me tempo pra te dar
Tudo o que tenho

Se você quer um pouco de mim
Dá-me paciência e verá
Será melhor que andar correndo
Levantar vôo

Si quieres un poco de mí
dame paciencia y verás
será mejor que andar corriendo
levantar vuelo

y poco a poco olvidar
el tiempo y su velocidad
frenar el ritmo, ir muy lento
cada vez más lento.

Ser delicado y esperar
dame tiempo para darte
todo lo que tengo.

Si me hablas de amor
si suavizas mi vida
no estaré mas tiempo
sin saber que siento..."

(Julieta Venegas e Penelope - Lento)

¿Por que la dejé?



A gente tem mania de ficar pensando no passado, em algo que já foi e não tem mais como voltar atrás. Tudo o que sou hoje é reflexo do que eu já fui. Cada pedaço do que sou agora tem uma razão pra estar aqui. Faz parte de mim, da minha história, das minhas descobertas, das pauladas e das alegrias que eu já vivi. Essa música linda fala de alguém que teve uma ilusão com a qual não soube lidar. Se arrepende e se questiona por isso... Era tudo o que a pessoa queria, mas ela simplesmente não conseguiu, não se permitiu aproveitar... Tive momentos assim na vida, muitos deles. Já me questionei várias vezes dessa forma e talvez ainda me questione, é claro, mas eu hoje sei a resposta exata, sei dizer que cada coisa tem seu momento mesmo, não adianta. A gente vive o que está preparado pra viver, a gente lida com as coisas da melhor forma que pode, em cada momento. Eu antes não estava preparada, hoje pode ser diferente, por que não? Linda música, andava meio cansada da Marisa, mas essa melodia mexeu comigo... Por que será, né? :o)

"...Uma vez eu tive uma ilusão
E não soube o que fazer
Não soube o que fazer
Com ela
Não soube o que fazer
E ela se foi
Porque eu a deixei
Por que eu a deixei?
Não sei
Eu só sei que ela se foi

Mi corazón desde entonces
La llora diario
No portão
Por ella no supe que hacer
y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz

É a ilusão de que volte
O que me faça feliz
Faça viver

Por ella no supe que hacer
Y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue..."

(Marisa Monte e Julieta Venegas - Ilusion)

quinta-feira, setembro 11, 2008

Direto de 2005 - parte 2

Em "Tereza", Manuel Bandeira assinala a trajetória do conhecimento à paixão com surpreendentes imagens que começam com a estupidez das pernas da moça e terminam com uma espécie de convulsão apocalíptica, como se o amor tivesse um caráter surreal e divino:

Tereza
(Manuel Bandeira)

"A primeira vez que vi Tereza
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Tereza de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de deus voltou a se mover sobre a face das águas."

Simplesmente fofo.... ^______^

Direto de 2005

Tá, eu tenho gostos esquisitos... Eu vejo poesia onde as outras pessoas não enxergam nada... Eu me emociono com frases que para os outros não querem dizer nada também...

Em especial a frase dessa música "Há coisas que me encerram, ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto..." me assusta porque praticamente define as minhas atitudes. Minha atitude contemplativa de somente observar e me encantar com a vida, com as pessoas, com meus ídolos... De não ousar tocar para que a magia não se estrague... (evitando a qualquer custo usar a palavra creep)

Outro trecho da música é encantador pra mim.... Ele descreve que só um ligeiro olhar dela facilmente o descerra, mesmo que ele tenha se fechado antes... Assim também acontece comigo... Algo simples... Uma palavra, um jeito de olhar ou uma atitude é capaz de me fazer "encantar" por alguém...

É lindo imaginar em quem ele pensava quando escreveu essa linda música... Certamente, um pedestal... Se possível, ouçam essa poesia... Agora!

Nalgum Lugar
(Zeca Baleiro)

"Nalgum lugar em que eu nunca estive,
alegremente além de qualquer experiência...

Teus olhos têm o seu silêncio
no teu gesto mais frágil...

Há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar
porque estão demasiado perto...

Teu mais ligeiro olhar
facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos,
nalgum lugar...

Me abres sempre, pétala por pétala, como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente)
a sua primeira rosa...

Ou se quiseres me ver fechado,
eu e minha vida nos fecharemos belamente,
de repente, assim como o coração desta flor
imagina a neve cuidadosamente descendo
em toda a parte...

Nada que eu possa perceber neste universo
iguala o poder de tua intensa fragilidade
cuja textura compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte
e o sempre
cada vez que respira

Não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre. Só uma parte de mim compreende que a
luz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas...
Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas..."

Espuma

AMEI a banda.
Procuraê...

"...Não vou embora, não é hora de partir.
Faz frio lá fora, me deixe dormir aqui. (Como eu sonhei.)
Deixa o improvável acontecer
e amanhã a gente vê o que fazer..."

(Sabonetes - Hora de Partir)

Batendo cartão

"Olhe nos meus olhos
E diga o que você
Vê quando eles vêem
Que você me vê"

Desculpem o sumiço... Mas vocês já sabem, né? Se eu sumi é porque está tudo bem... Na verdade está tudo ótimo, bem gostoso mesmo. Sintonia muito forte, ligação intensa mesmo, já consigo perceber detalhes que antes ficavam meio ocultos, já consigo sentir mais, mesmo sem ninguém dizer nada. Algumas coisas também estão aparecendo mais, e dando aquele friozinho na barriga característico, que eu tanto gosto. Tá leve, suave e doce, ao mesmo tempo que muito forte, com muita energia, se manifestando, mexendo com tudo mesmo. Nossa, que eu quero mais né? Mais nada...

"Olhe nos seus olhos
E o que eu posso ler
Que eles ficam melhores
Quando eles me lêem..."

A terapia voltou e com ela espero que eu possa me manter mais racional. Ando impulsiva, não com o querido, mas com outras coisas da vida. Andei discutindo em terapia, talvez por eu ter me segurado tanto, por tanto tempo, por sempre engolir tudo que dveria ser dito, agora eu não consiga mais engolir nada. Preciso aprender a lidar com isso, porque está muito claro pra mim agora. Outra coisa pra ser aprendida é a forma como eu permito que as pessoas mexam comigo, que me afetem. É ótimo a terapia pra nos mostrar de cara como isso é um processo que se repete, e eu consigo lidar bem com ele quando quero. A última coisa, não menos importante, é que eu preciso aprender que cada pessoa tem seu caminho pra trilhar, e que não posso mudar a trajetória das pessoas. Insistir é ser chata, e só vai me trazer coisas ruins. Tá anotado, resta trabalhar.

"Sou sua mas não posso ser
Sou seu mas ninguém pode saber
Amor eu te proíbo
De não me querer..."

(Nando Reis - Nos seus olhos)

terça-feira, setembro 09, 2008

Moinho

Não é pra mim não... É pra você, Mel...

"...Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó.

Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés..."

(O Mundo É Um Moinho - Cartola)

Meu Mel

Melissa sempre foi muito mais do que uma personagem. Alter-ego mesmo. Ela era tudo o que eu não podia ser. Ou não queria, ou não conseguia, sei lá. Mas no fundo era eu, oras. A voz de comando, as palavras, os sentimentos, eram todos meus, afinal. Ela fazia tudo o que eu tinha vontade. Arrasava corações mesmo. Conquistava a todos com doçura, simplicidade, e um certo ar de menininha desprotegida, desamparada, de quem precisa de um colinho e apoio. Era forte, muito mesmo, mas nem imaginava o tamanho da sua força. Era muito sensível, muito perspicaz, mas na maioria das vezes não aceitava ou reconhecia seus próprios insights, sua própria força de vontade. Foi ótimo jogar por tanto tempo com ela, mas o tempo dela acabou. Surge agora uma nova Melissa, uma personagem mais bem estruturada e muito mais fundamentada. Da original, herda mesmo o nome, os cabelos ruivos cor de fogo, e a criadora. Eu, por acaso. Vai ser legal ser Melissa de novo. Mesmo porque eu mesma estou tão diferente. Tudo muda, ensina o titio Vlad. Absolutamente tudo. Sou outra, portanto, e estou pronta pro que der e vier... Seja bem vinda, Mel. Tenho certeza que você também vai arrasar muitos corações, de uma forma ou de outra.

"...É um mistério. Quando penso numa história, eu só tenho uma vaga visão do conjunto, mas isso é uma coisa de momento, que depois se perde. Se houvesse premeditação, eu me desinteressaria pelo trabalho..."
(Clarice Lispector - sobre seu processo de criação)

sexta-feira, setembro 05, 2008

tão perto

"...Quando o tempo não passar, dentro de nós
Cada hora é como uma semana
Cada novo alô é mais bacana
Cada carta que eu nunca recebo
É sempre um motivo pra lembrar
Sou tão perto de você
Tão perto de você..."

(Teatro Mágico)