quarta-feira, outubro 31, 2007

Gotas de coração

"Ele faz meu peito transbordar
Deixando cair no chão
Gotas do meu coração

Gosto muito dele, porém
Tem mania de achar
Que eu deveria mudar
Ser assim do jeito que ele quer
Sua mulher!

Ei, não é por mal
Mas eu não sou assim
Não ri de mim
Não sou normal
Nem todo mundo é igual!
Igual!

Ele faz meu sangue borbulhar
Tem o dom de me fazer
Simplesmente enlouquecer
Insistindo em me ensinar
Como ser!

Ei, não é por mal
Mas eu não sou assim
Não ri de mim
Não sou normal
Nem todo mundo é igual!
Igual!

A noite tem jogo na TVE
se eu quiser assistir
O filme do Fellini
O que vai ser?
Que tal pegar
O carro e viajar?
Você no hotel
Sem ver o céu
Eu louca pra acampar,
como vai ser?

Não é por mal
Mas eu não sou assim
Não ri de mim
Não sou normal
Nem todo mundo é igual!
Igual!
Não sou igual!"

(Wonkavision - Ei, Não é Por Mal!)

Fallen Angel

“Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?” (Isaías 14:12)

Foi por cobiça. A cobiça o fez cair nesse mundo. Foi por orgulho. Porque ele sabia que merecia ocupar um lugar mais no alto, mais adequado ao seu perfil. Quem diz que ele não tinha carisma não imagina o quão sem graça eram os outros anjos. Inteligente, até demais. Não era humilde mesmo, e nem modesto, achava que isso era para os fracos. Talvez esse tenha sido seu maior pecado. Talvez se fosse um pouco mais humilde ele pudesse reconhecer que haviam outros tão inteligentes quanto ele, embora voltados para outras causas. Rebelde? Talvez. Precipitado? Bem provável. Porém muito determinado, envolvente, coerente, hábil com as palavras e com as atitudes. Carismático era uma ótima palavra para descrevê-lo. Pouco a pouco, convenceu outros querubins iguamente insatisfeitos sobre a nobreza de sua causa. Formou uma equipe, mas é mais bonito chamar de horda, porém, foi logo descoberto. Os puxa-sacos, nessa hora, sempre levam uma vantagem. Sabem de tudo, porque têm acesso a tudo, espreitam pelos cantos. Difamam. Jogam mais pesado, porém, em geral, ficam com a fama de bonzinhos porque sempre afirmam estar do lado da ética. O céu tinha um desses, o tal do arcanjo Miguel. Braço direito do Chefe, engomadinho, todo ponposo lá com seu sabre azul... Mas nem por isso ele era melhor, nem pior, do que Lúcifer. Miguel também estava lá, entre as cabeças, também queria um lugar de destaque. E quem não quer? Mas ele não teve muitos escrúpulos não... Apontou o dedo ao "traidor", meteu-lhe um belo pé na bunda e ganhou a fama de gostosão por toda a eternidade. Fez a fama e deitou na cama, ficou conhecido como chefe maior dos celestiais. É, crianças, nem sempre o mundo é justo, e nem sempre as histórias são exatamente como nos contam. Vai saber se o tal arcanjo era assim tão boa gente? Só porque era anjo? Anjo por anjo, o nosso Fallen Angel também não era um? Mas sabem, nem sempre o inferno é assim tão ruim. Ah, não é mesmo...

"...A mente é um lugar em si mesma,
e pode fazer do inferno um céu
e do próprio céu um inferno.
Que importa onde, se serei ainda
O mesmo, e o que deveria ser?
Aqui, pelo menos, seremos todos livres. (...)
Poderemos reinar em paz
e penso que reinar das ambições é a maior.
Ainda que no inferno.
Pois é melhor reinar
No inferno do que servir no céu."

(John Miltom - Paradise Lost)

terça-feira, outubro 30, 2007

Me espera?

Se eu te pedir, você me espera? Me espera assim, desse jeitinho que você está agora, com esse ar de sabe-tudo, essas tiradas geniais e essa conversa que nunca termina? Me espera, que eu ainda preciso crescer tanto, tanto, pra te merecer, menino. Me espera, porque com você eu sinto que fica tudo tão simples, tudo tão natural. Por favor, não caia nas graças de outra, todas as outras são tão sem graça... rs... Me espera, eu prometo que fico menos chata, menos crítica, menos perfeita... Me espera, tem tanta coisa pra acontecer ainda e eu tenho tanta coisa pra te contar... Tanta música pra gente cantar juntos, tantas palavras pra gente trocar. Mas promete que fica sempre assim? Tão íntegro, tão enigmático, tão magnético, tão interessante de tantas formas diferentes... Tão orgulhoso, tão tímido, tão lúcido, talvez lúcido até demais... Mas se você consegue enxergar as razões e motivos ocultos de tudo, ou de quase tudo, por que não desvendaria esse mistério? Se eu te pedir você fica aí quietinho, esperando que o mundo dê as voltas necessárias, que os planetas se aglomerem da forma mais adequada, que as forças ocultas dêem uma forcinha, que o mano Destino escreva em seu livro, ou simplesmente que as folhas do calendário caminhem? Promete? Diz que promete, e eu digo que vou estar aqui, quietinha, só aguardando. Só TE aguardando.

"Por mais que eu durma eu não descanso
Por mais que eu corra eu não te alcanço
Mas não tem jeito eu não sei como esperar
Desesperar também não vou
Não vou deixar você passar
Como água escorrendo nos dedos
Fluindo pra outro lugar

Ninguém pode negar que o nosso amor é tudo
Tudo que pode acontecer com dois bicudos
Não são tão poucas as arestas pra aparar
Mas é que o meu desejo não deseja se calar

Será sempre será
O nosso amor não morrerá
Depois que eu perdi o meu medo
Não vou mais te deixar..."

(Ana Carolina - Dois Bicudos)

Olhos de primavera

"Menininha sai do portão
Vem também brincar
Vem pra roda
Me dê a mão
Traz o seu olhar
Vou girando na roda
Vou cantando à sua espera
Quem me dera um dia
Ter seus olhos
Cor da primavera

Todo o dia no seu portão
Vejo o seu olhar
Bate forte meu coração
Mas não sei contar
E eu pego a viola
Faço um verso feito um trovador
Quem sabe, então
Você me dê...
Me dê o seu amor

Menininha..."

(Maria Rita - Nonato Buzar/Paulinho Tapajós - Menininha do Portão)

Suicídio Virtual

Sempre sorria quando encontrava aquelas palavras ali, escritas só para ela. Seriam para ela? Essa dúvida na verdade nunca seria explicada. Gostava de imaginar que era com ela, sim, que ele falava. Jamais admitia, mas gostava.

Era com profundo prazer que percorria aquelas palavras com os olhos, que admirava e refletia sobre cada frase, cada verso escolhido, várias e várias vezes. Descobria alguns sinais entre um e outro parágrafo.

Mas sempre encontramos sinais quando procuramos por eles, não? Poderia ser só mais uma coincidência, dessas que os aproximava tanto. Mas ele teimava em não acreditar em coincidências.

Apesar disso, uma coisa era fato: Ele tinha o dom de compreendê-la, mesmo que nem soubesse muito bem disso, já que ela nunca dizia.

Já era quase como um ritual diário ler as palavras dele, e exatamente por isso foi com um sentimento de grande estranheza que ela encarou aquela falta de notícias prolongada.

No primeiro dia ela até estranhou, mas não muito. Poderia ser falha na conexão, imaginou. Um segundo dia sem notícias. Será que o computador quebrou? Deve estar trabalhando demais, coitado... Três dias, e ela já buscava pistas entre conhecidos em comum. Poderia estar doente, quem sabe? O orkut fora deletado.

No quarto dia, ela pensou em deixar um comentário registrado. Vai ver ele acha que ninguém mais lê o blog, arriscou. Mas desistiu da idéia. Vai ver amanhã ele aparece, com que cara vou ficar?

Cinco dias de sumiço. Uma viagem, uma catástrofe, um afastamento voluntário ou forçado? Chegou o fim de semana. Aguardava, roendo as unhas, que ele aparecesse no MSN, como sempre fazia. Nada. Sentia tanta, tanta falta. Nunca imaginaria que pudesse sentir saudades de alguém que mal conhecia.

Mais dois dias de um silêncio que doía. Deu-se conta que nada sabia dele. Não tinha telefone, mal sabia seu nome completo ou endereço, não tinha sequer certeza de sua idade, do que fazia. Não perguntara.

Um e-mail. Um endereço na rede. Mais nada. Encheu-se de coragem e mandou uma mensagem. Não queria forçar nada, afinal, ele sempre fora tão reservado. Mas precisava saber, precisava de uma resposta.

O e-mail foi, e não voltou. Restava esperar. Ele falava tanto com ela, de tantas coisas, despejava tanto de seu sentimento para ela. Ela nunca se sentia muito à vontade para fazer o mesmo, apesar de sentir que podia confiar nele... Se arrependia um pouco agora.

O tempo passava e ela ali, só com aquela foto desfocada, (por que diabos nunca pedira outra?) o coração nas mãos, nervoso, agitado, e aquela ausência que era quase uma presença, de tão forte. Até que um dia, a resposta daquele e-mail chegou. Nada escrito, apenas uma música anexada.

Dessa vez, sabia, era uma mensagem pra ela.

Uma música que falava sobre alguém que tinha em suas mãos a pessoa mais linda do mundo sem perceber. Uma música que falava de alguém que ganhava um coração de presente, mas o rejeitava, porque já tinha cansado de acreditar.

Uma música que falava de um medo que era tão conhecido dela, o medo de arriscar mais, de tentar, um medo que não a abandonava nunca.

Uma música que falava sobre alguém que quase implorava para que o outro não tentasse mais fazê-la feliz, porque já não adiantava mais.

Ouviu a música dez vezes seguidas. Era como uma carta de despedida. Chorou, sentida, até cansar. E então, finalmente, entendeu.

"Olhar você e não saber
Que você é a pessoa mais linda do mundo
Eu queria alguém lá no fundo do coração

Ganhar você e não querer
É porque eu quero que nada aconteça
Deve ser porque eu não ando bem da cabeça
Ou eu já cansei de acreditar...

O meu medo é uma coisa assim
Que corre por fora
entra, vai e volta
sem sair...

Oh, não,
não tente me fazer feliz
Eu sei que o amor é bom demais
Mas dói demais sentir... "

(Marina Lima - Dalto/Cláudio Rabello - Pessoa)

segunda-feira, outubro 29, 2007

Olha as flores que eu trouxe pra você, amor...

Queria te inspirar a escrever. Queria ser sua musa. Subir no seu pedestal. Queria passear nos seus sonhos, caminhar com você pela sua vida, pelo seu dia-a-dia, mesmo que fosse somente na sua imaginação. Queria surgir de repente na sua mente quando começasse a tocar uma música qualquer no rádio. Uma dessas bem românticas, bobas mesmo. Queria que você procurasse detalhes meus em outras meninas, mesmo sem querer. Meus olhos, meu jeito, minhas gírias, minhas palavras, meus defeitos... Queria que você as comparasse comigo, e talvez , quem sabe, descobrisse que dificilmente vai aparecer alguém igual a mim na sua vida. Queria que você fechasse os seus olhos e me imaginasse aí do teu lado, nítida, forte, constante, inesquecível e inegável, impossível de se ignorar. Que você desejasse a minha presença como se não pudesse seguir adiante sem mim. Que você sentisse vontade de me ligar de vez em quando, quando acontecesse algo importante, ou só mesmo pra ouvir a minha voz e continuar respirando. Gostaria que vez ou outra você olhasse pra minha foto e um sorriso aparecesse no teu rosto. Que você sentisse vontade de saber qual é o perfume que eu estou usando hoje, se estou me sentindo feliz ou triste, se eu dormi bem e se me atrasei ou não pro trabalho. Queria que você sentisse saudades de mim quando eu fosse embora, queria que o mundo perdesse um pouco da graça quando você não estivesse comigo. Queria que você tivesse ciúmes de mim, que mesmo secretamente sentisse uma mistura de inveja e raiva de quem pode estar tão perto de mim e nem dá tanto valor. Queria que você tivesse vontade de largar tudo e vir correndo pra cá. Que tivesse vontade de me abraçar, de me beijar, de estar comigo. Uma vontade tão grande, tão urgente, que acabasse com todos os seus medos, todos os seus bloqueios, todos os seus receios, tudo o que te apavora tanto e que te paralisa. Queria que você tivesse certeza que eu não iria nunca, jamais, te machucar. Que me dissesse que por mim estaria disposto a largar tudo sem pensar, porque nada mais importaria quando eu estivesse aí, segurando sua mão e olhando nos seus olhos.

Queria ser pra você tudo isso que você é pra mim.

"Bom dia...
Olha as flores que eu trouxe pra você, amor...
São pra comemorar aquele dia
Que passei a viver do teu lado
Eu me lembro,
entre nós não havia quase nada

Mas o nosso destino foi escrito
Sob o som de uma banda qualquer
Eu me lembro, em setembro conheci minha mulher

E agora é só você que me faz cantar..."

(Los Hermanos - Marcelo Camelo - Bom Dia)

domingo, outubro 28, 2007

Amante exemplar

"Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação."

(Manoel Bandeira - Poética)

Que desfeita...

"Ah, se eu aguento ouvir
Outro não, quem sabe um talvez
Ou um sim
Eu mereça enfim

É que eu já sei de cor
Qual o quê dos quais
E poréns, dos afins, pense bem
Ou não pense assim

Eu zanguei numa cisma, eu sei
Tanta birra é pirraça e só
Que essa teima era eu não vi
E hesitei, fiz o pior
Do amor amuleto que eu fiz
Deixei por aí
Descuidei dele, quase larguei
Quis deixar cair

(tsc tsc)

Mas não deixei
Peguei no ar
E hoje eu sei
Sem você sou pá furada

Ai! não me deixe aqui
O sereno dói
Eu sei, me perdi
Mas ei, só me acho em ti

Que desfeita, intriga, uó!
Um capricho essa rixa; e mal
Do imbróglio que quiproquó
E disso,bem, fez-se esse nó

E desse engodo eu vi luzir
De longe o teu farol
Minha ilha perdida aí
O meu pôr do sol"

(Rodrigo Amarante - Los Hermanos - Paquetá)

É guerra

Fala sério, parceria firmeza, hein?

Me prometeu o mundo
Um território pra começar
Fui chegando, fui ao fundo
Fronteiras abertas pra passar

Continuei avançado, desbravando
Gostei, me acomodei...
Minhas tropas aumentando

Mas o dado, viciado
Meu exército dizimou
“Te protejo”, afirmou
Acordado, inimigo ao lado

Um tratado sem registro
Um acordo legal, informal...
Um plano demasiado sinistro

Era só encuralar
Sem entrada, sem saída
Fui enganada, fui traída
Nesse jogo que fui jogar

Essas regras avançadas
Que não aprendi a dominar
Ataque aéreo? Espionar?
Perdi-me nas metas já traçadas

Tabuleiro dominado
O dado vermelho rolado
O amarelo, coitado

Derrota e humilhação
Nem um empate ajudou
Foi-se Omsk, por tabela o coração

Só queria me eliminar
Que joguinho, mas mesquinho
Parabéns por trapacear
Ou seria mero capricho
Pra me ver apaixonar

(Kath/AJ - War)

sábado, outubro 27, 2007

Ele rimando, eu proseando

Escrever a mão vai ser mais legal. Ainda assim, tenho que registrar...

dupla, subst feminino 1. o mesmo que par; difere de casal pois dupla pode ser de dois iguais

parceria, subst feminino 1. reunião de indivíduos para a exploração de interesses em comum; sociedade; companhia.

Basta um só ingrediente
Aquele coração cansado
Tamanho médio,
Já meio descrente

Comece fazendo uma divisão
Num ágil corte
Duas partes virarão

No espremedor adequado
Comprima, gire, aperte...
Até que extrair todo caldo

Agora, pra você iniciante
Uma dica eu vou deixar,
Melhor não adoçar.
Resgatar as sementes é importante.

Afinal, com um pouco de sol, cuidado,
Ajuda de um jardineiro dedicado
Logo outro florecerá, pronto pra ser utilizado.

Ingredientes:
um coração cansado,
de tamanho médio.

Modo de preparo:
Corte o coração ao meio,
separando duas metades iguais.
Encaixe no espremedor adequado,
aperte, gire, comprima
até extrair todo o caldo.

Não é aconselhável
adicionar açúcar!
Ao final, é importante
resgatar as sementes inteiras
presas ao filtro do espremedor.

Com um pouco de sol e cuidado,
muita paciência
e um jardineiro dedicado,
é possível cultivar
novo coração novinho em folha
e cheio de sumo, pronto
para ser novamente utilizado.

(Kath/AJ - Heart Juice em verso e prosa)

I cannot be bothered with this

Oito da manhã. Cedo demais pra uma música dessas.
Se isso não é um sinal, não sei mais o que pode ser.

"My finger tips are holding onto the cracks in our foundation,
And I know that I should let go,
But I can't.
And everytime we fight I know it's not right,
Everytime that you're upset and I smile.
I know I should forget, but I can't."

(Kate Nash - Foundations)

sexta-feira, outubro 26, 2007

Desmagoa?

*bate duas vezes no microfone pra testar*
Praquele amigo meu que já não acredita mais no amor.
Com carinho, um girassol e uma travessa de jujubas.
A massagem fico devendo.
*microfonia*

"- Jasão chora os filhos mortos:
Se você tá procurando amor
Deixe a gratidão de lado:
O que que amor tem que ver
Com gratidão, menino,
Que bobagem é essa?

- Dr. Burgone:
O amor é egoísta,

- Coro de Medéia:
Sim – sim – sim, Tem que ser assim.

- Dr. Burgone:
O amor, ele só cuida

- Coro de Medéia:
Si – si – si
Só cuida de si.

- Dr. Burgone:
Então quer dizer que o amor é mesmo sem caráter?

- Coro de Medéia:
Sim – sim – sim – sim
Tem que ser assim,

- Dr. Burgone:
E sem caráter, de quem é que ele cuida?

- Coro de Medéia:
Si – si – si
Só cuida de si.

- Medéia, Ariadne e Electra:
Sem alma, cruel, cretino,
Descarado, filho da mãe,
O amor é um rock
E a personalidade dele é um pagode.

- Canto de Ofélia:
Meu primeiro amor
Tão cedo acabou
Só a dor deixou
Neste peito meu.

Meu primeiro amor
Foi como uma flor
Que desabrochou
E logo morreu.
Nesta solidão,
Sem ter alegria
O que me alivia
São meus tristes ais.

São prantos de dor
Que dos olhos saem
Pois que eu bem sei
Quem eu tanto amei
Não verei jamais."

(Tom Zé - O Amor é um Rock)

I'm wearing so well this pain.

"Never sang words so sad
I never carried the world in my head

But the words i used to say
Don't fit anymore on our way
Not even that blood talkin'

You'll find me gone soon
Maybe till the next noon

And your life will be so calm
Without sad pictures on your home
Nothing but happiness

No more mornings filled with smiles
No more sensitive sighs

Cause the way you treated me today
Showed me I'll never see you again
I'm wearing so well this pain."

(Vanguart - Blood Talkin)

Vou-me embora

Ficou um vazio, assim, um silêncio. Como se aquelas palavras me preenchessem. E preenchiam, de certa forma. Mas não sei mais dizer se da maneira mais certa, da mais válida. Eram só palavras, afinal. E elas são mesmo assim, quando sabemos quais escolher e onde colocá-las. Eu sei muito bem como fazer isso também. Construir castelos de palavras. As paredes sobem sozinhas, enfeitadas dos mais ricos balaústres, ornamentadas. Sobem torres, pilastras, parapeitos, belos conjuntos arquitetônicos. Elas assumem os significados mais amplos e variados. Tocam, encantam, agradam. Mas ainda assim não deixam de ser só palavras. Eu tenho tantas dúvidas ainda, estou tão confusa, mas esse é o meu momento agora, e daqui a cinco minutos pode tudo estar mudado, revirado, e uma linda flor nascendo novamente, em meio às ruínas do castelo destroçado.

"Amor perfeito
Amor quase perfeito
Amor de perdição, paixão que cobre
Todo o meu pobre peito pela vida afora
Vou-me embora, embromadora
Você para mim agora
Passa como jogadora
Sem graça, nem surpresa
Diga que perdi a cabeça
Se eu me levantar da mesa e partir
Antes do final do jogo
Louco seria prosseguir essa partida
Peça falsa que se enraíza
E faz negro todo meu desejo pela vida afora
Vou-me embora, embromadora
E quando eu saltar de banda
E quanto eu saltar de lado
Vou desabar seu castelo de cartas marcadas
E tramas variadas
Sim
Seu castelo de baralho vai se desmanchar
Desmantelado
Decifrado
Sobre o borralho da sarjeta
Chegou o inverno!"

(Dona De Castelo - Jards M./ Waly Salomão - Adriana Calcanhoto)

Tentando fazer algum sentido

A quem interessar possa, o dia amanheceu bonito, o sol está brilhando lá fora e, infelizmente, isso não é uma metáfora.

“O amor que eu te tenho é um afeto tão novo
Que não deveria se chamar amor
De tão irreconhecível, tão desconhecido
Que não deveria se chamar amor

Poderia se chamar nuvem
Pois muda de formato a cada instante
Poderia se chamar tempo
Porque parece um filme que nunca assisti antes

Poderia se chamar labirinto
Pois sinto que não conseguirei escapulir
Poderia se chamar aurora
Pois vejo um novo dia que está por vir

Poderia se chamar abismo
Pois é certo que ele não tem fim
Poderia se chamar horizonte
Que parece linha reta, mas sei que não é assim

Poderia se chamar primeiro beijo
Porque não lembro mais do meu passado
Poderia se chamar último adeus
Que meu antigo futuro foi abandonado

Poderia se chamar universo
Porque nunca o entenderei por inteiro
Poderia se chamar palavra louca
Que na verdade quer dizer aventureiro

Poderia se chamar silêncio
Porque minha dor é calada e meu desejo é mudo
E poderia simplesmente não se chamar
Para não significar nada e dar sentido a tudo”

(Que não deveria se chamar amor - Paulinho Moska)

quinta-feira, outubro 25, 2007

Samuel

Um ano e cinco meses que a minha vida ganhou um sentido todo diferente, todo especial, todo singular. Um ano e cinco meses que eu conheci a pessoa que mais fez diferença até hoje, a que mais fez valer a pena. Um ano e cinco meses que conheci o que era amar incondicionalmente. Eu o amaria de qualquer forma. E o amarei, seja como for, seja quem ele escolher ser. E que faça boas escolhas. As melhores para ele, não pra mim. Meu pequenino que cresce e eu nem percebo como e nem quanto. Que enquanto eu pisco meus olhos vira as costas e aprende mais uma centena de coisas diferentes e que vive me surpreendendo a cada minuto. Que reflete minhas manias, meu jeito, meus olhos, pedaço de mim. Que não foi arrancado, foi parido, com as dores e as delícias, todas elas. Que ainda mama, se alimenta de amor no meu colo e pelo meu seio, e assim será enquanto fizer a mim e a ele felizes. Meu guri, que eu pego no colo e ainda sinto, apesar da diferença de peso, que é aquela coisinha que saiu de mim, e ainda consigo lembrar daquela hora em que ele saiu como se estivesse acontecendo agora, nesse minuto. Um ano e cinco meses que passaram voando, e lá vai ele, correndo, aprendendo, descobrindo, virando gente, uma pessoa só dele, rindo alto, gargalhando com o mundo, e eu aqui, cada vez mais boba, chorando o choro mais feliz da minha vida toda.

Temporal

A chuva não quer passar. Não quer ir embora. Fica aqui, na janela, me lembrando que nem tudo pode ser sempre como eu quero. Esfregando na minha cara a minha falta de controle sobre o mundo. Já que ela só vai acabar quando assim tiver que ser, cabe a mim escolher se me arrisco a sair por aí de cara limpa, deixando que ela me encharque, que invada tudo, lavando minha alma, ou se fico aqui dentro, quietinha, quentinha, escondida e segura, perdendo a chance de sentir como pode ser boa a sensação das gotas caindo no meu rosto, mesmo passando um pouquinho de frio no final.

"Será que é tempo que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara, tão rara.
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma,
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma,
Eu sei, a vida é tão rara.
A vida não pára não...
A vida é tão rara...

Enquanto o tempo acelera e pede pressa,
Eu me recuso faço hora, vou na valsa,
A vida é tão rara.

Enquanto todo mundo espera a cura do mal,
E a loucura finge que isso tudo é normal,
Eu finjo ter paciência.
E o mundo vai girando cada vez mais veloz,
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós,
Um pouco mais de paciência."

(Lenine - Paciência)

quarta-feira, outubro 24, 2007

Trocando em miúdos

“Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu...”

(Chico Buarque – Trocando em Miúdos)

Quando em meados de 1999 eu entrei naquele jogo de RPG on line dando um chute na porta e me enfiando com a minha personagem no meio de uma ação toda complicada sem nem pedir licença pra ninguém, eu nem sequer imaginava que ali naquele cenário tão sem importância eu iria conhecer um grande amigo.

Grande amigo é uma boa expressão, gosto dela. Eu e ele já paramos pra conversar outro dia desses sobre a nossa amizade, mas sei lá, acho que entre a gente as explicações e definições desse tipo não funcionam muito. É questão de afinidade, ele diz, amigos por simples desejo de estarmos juntos e dividindo momentos, sejam eles divertidos, tristes, ou apenas mais um dia comum como todos os outros.

Somos diferentes. Muito diferentes! No começo esse jeito de ser dele me confundia um pouco, não entendia algumas ironias, aquele jeito tão dele, meio fechado, meio gato escaldado, escapando pelas tangentes. Aquele menino que tinha praticamente a minha idade, mas trazia uma bagagem tão forte. Era algo que nem precisava ser dito, eu sentia a maturidade dele, uma diferença no lidar com as situações, no tratar com as pessoas, na compreensão dos fatos todos que eu ainda não alcançava.

Achava que ele era frio comigo a princípio. Que tolice a minha enxergar carinho de uma forma tão limitada. Ele não mandava um beijo quando se despedia, se bobear até hoje não manda, aquele cabeça dura, rs... Mas o que vale mais, um beijo escrito só pra ser como todo mundo ou a simples demonstração do quanto ele se importava e se importa comigo de todas as outras formas, centenas de formas, possíveis e imagináveis.

Hoje eu entendo melhor, e respeito muito esse jeito de ser dele. Mudei tanto. Me sinto mais próxima dele nesse sentido, talvez porque a vida também andou me ensinando algumas coisas e nada seja mais tão simples e florido quanto era quando eu tinha 20 anos. E então, quando a gente entende algumas coisa na vida, os beijos e as palavras soltas, escritas ou ditas sem real significado, deixam de ter o mesmo valor e a importância de antes.

O que gosto no nosso lance é a falta de obrigação. Não tem hora, não tem jeito certo de começar conversa, não tem papo que não possa ser levado, nem assunto que não possa ser tratado. Não tem cobrança, sem ser de brincadeirinha. Vamos do carinho ao sarcasmo em poucos segundos, da brincadeira mais infantil ao papo mais sério sem grandes neuras. Das primeiras horas da manhã à alta madrugada, teclando, teclando, só porque a gente se entende, só porque se sente bem assim.

Sim, é um amigo virtual. Quem diz que não é possível nunca experimentou e está perdendo tanto, tanto... Já nos falamos sim por telefone, mas faz tempo. Cinco anos. Era um momento tão essencial da minha vida, aquele. E lá estava ele. Porque sentia junto comigo, porque se preocupava, porque queria estar ali, e estava, mesmo sem a presença física. Não lembro mais da voz dele. Logo eu, que me apego tanto aos timbres, seria incapaz de reconhecê-lo pela voz.

Já vi algumas poucas fotos, talvez o deixasse passar ao meu lado sem reconhecê-lo. Ou talvez o encontrasse no meio de uma multidão sem pensar duas vezes. Não dá pra saber. Talvez a gente se encontre um dia desses, embora atualmente eu não consiga visualizar exatamente como, mas acho que seria bom dar um abraço e agradece-lo por estar sempre ali, mesmo quando eu, tão boba, já achava que ele tinha ido embora.

Não vai mais embora. Já deu provas de que veio pra ficar, e vai sempre estar aqui comigo, não por obrigação, mas pelo simples prazer de estar.

AJ, querido, amo você, e tenho a mais absoluta certeza de que você entende os motivos, as razões, e as sem razões do meu amor.

“...Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabê-lo.
(...)
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.”

(Drummond – As sem razões do amor)

terça-feira, outubro 23, 2007

Um post que deve ter algum motivo

Ele era goleiro do time de futsal da escola. Nos conhecíamos do grupo de teatro. Ele usava aparelho, tinha as bochechas permanentemente rosadas, coisa que eu achava lindo, e era super extrovertido e brincalhão. Não era bonito, mas era extremamente simpático.

Diferente de outros dos meus pedestais, ele insistia em ser legal comigo. Eu não entendia muito bem o motivo, mas ele fazia questão de sempre vir conversar quando me encontrava pela escola. Muitas vezes enquanto ele estava treinando na quadra e eu passava, morrendo de vergonha, tentando me esgueirar entre as colunas, ele gritava meu nome e acenava de longe. Às vezes eu fingia que não via ou não ouvia, de tanta vergonha que sentia.

Era três anos mais velho, ou seja, enquanto eu estava na oitava série e tinha entre 13 e 14 anos, ele era aluno do terceiro ano, com uns 16 ou 17 anos. Morávamos próximos, e fazíamos caminhos parecidos, tanto na ida, quanto na volta para a escola.

Era quase inevitável encontrá-lo sempre que meu cabelo estava mais bagunçado ou quando eu saía de casa correndo sem nem olhar direito para qual roupa eu pegava no armário. Mas ele sempre vinha me abraçar, sorrindo, e às vezes carregava a minha pasta até a porta da classe (a sala dele ficava no mesmo corredor da minha).

Eu mal falava com ele, dificilmente o encarava, apenas sorria e concordava com uma coisa ou outra que ele dizia, geralmente algo trivial, algum trabalho, algum professor, a peça que ele ensaiava, o tempo, ou alguma brincadeira sobre futebol (ele era palmeirense). Quando ele se afastava, eu suspirava.

Pensava nele durante a tarde, escrevia cartinhas que nunca entreguei, um dia comprei um cartão lindo na papelaria e escrevi tudo o que eu sentia pra ele. Cheguei a deixar o cartão por semanas a fio dentro da pasta que ele mesmo carregava pra mim, mas nunca entreguei.

Numa tarde qualquer (me lembro até hoje da sensação ruim que senti, foi horrível) voltei para a escola para fazer um trabalho, e o encontrei sentado num dos bancos da pracinha que ficava dentro do colégio, de mãos dadas com uma menina loira, mais velha que eu.

Foi uma cena ridícula, parecia um filme. Eu parei no meio da praça, até que ele me viu. Então eu virei as costas e entrei rápido na biblioteca, nervosa, querendo chorar. Parei no balcão da biblioteca arrasada, as minhas mãos formigavam de nervoso, coloquei o material no balcão e fiquei apoiada ali, olhando para o vazio, parada.

O pior foi o que veio depois, ouvi a voz dele atrás de mim. “Ta tudo bem, Tifa?” era como ele me chamava, por conta de uma personagem do teatro. Não olhei, apenas fiz que sim com a cabeça e abri um dos livros que estavam no balcão. Ele ainda se aproximou mais uma vez, fez um carinho no meu cabelo: “Tem certeza?” Eu o olhei, dessa vez, as lágrimas escorriam pelo rosto. Disse que sim, tinha certeza. Ele ficou me olhando um tempo, calado, depois me deu um beijo na cabeça e falou pra eu me cuidar.

Não lembro de mais nada daquele dia. Não sei se fiz o trabalho, não lembro como cheguei em casa, nem como tive forças pra me levantar no outro dia e ir pra escola. Só me lembro que naquela tarde eu queimei o cartão que havia escrito pra ele.

Na semana seguinte, de manhã, encontrei os dois juntos, de mãos dadas, indo pra escola. Estavam felizes, conversando, e ele carregava a pasta dela. Acho que nunca senti meu fichário tão pesado.

No fim do ano, última semana de aula, ele veio na minha sala. Era um intervalo entre a penúltima e a última aula. “Tifa!”, ouvi da porta. Sorri, meio tímida. Fazia muito tempo que não conversávamos. Depois que ele começou a namorar nunca mais me chamou no meio do treino, só nos víamos no teatro, e ainda assim só nos cumprimentávamos de longe.

Fui até a porta. “Não venho mais, fechei em tudo, estou saindo fora dessa escola pra sempre. Vim te falar tchau.”, ele disse. Estava feliz, bochechas rosadas, e sem aparelho. Eu reparei, mas não falei nada. Desejei boa sorte pra ele, falei pra aparecer na saída da aula vez em quando.

Ele disse que viria sim, claro. Depois ficou uns segundos calados e falou um pouco mais sério, como quem dá um conselho. Disse que eu devia olhar mais nos olhos das pessoas, que eu tinha olhos muito bonitos. Me deu um beijo no rosto e eu senti um cheiro de Styleto (aquele perfume antigo e verdinho da Boticário).

Quando ele foi embora, uma menina da sala parou do meu lado na porta. Era a Renata. Não falava muito com ela, era mais velha, mais “descoladinha”, o oposto de mim. Ela brincou comigo, algo do tipo “Você faz jogo duro mesmo com o Rodrigo, héin”.

Fiquei olhando pra ela com uma cara de interrogação, mas ela não disse nada também, mesmo porque ela já estava conversando com outra pessoa. Não vi mais o Rodrigo, fora umas duas vezes, no metrô, meio apressado, em que ele nem me notou. Ele nunca apareceu na porta da escola como eu pedi. Também nunca tive telefone dele, nem nada. Nunca perguntei qual era.

Mas naquela hora a minha ficha caiu. Eu o tinha perdido. A gente só não vive o que não se permite viver. Simples assim. Eu me achava nerd demais, feia demais, esquisita demais, me julgava tanto, tanto, que nunca parei pra pensar sobre o que ELE achava de mim.

Talvez se eu tivesse me permitido mais, a história tivesse terminado diferente. Talvez eu tenha sido uma pedestal pra ele também, e nem sabia. Vendo a história pelo outro lado, eu era aquela menina séria do teatro que sempre ignorou seus chamados, que não olhava para ele, não o encarava nos olhos, aquela que respondia as conversas balançando a cabeça enquanto ele carregava minha pasta.

Talvez naquele dia da biblioteca ele tivesse entendido, mas aí já era tarde. Juro que não sei porque exatamente estou contando isso tudo, mas algum motivo deve ter. Você aí, que está lendo, já entregou um cartão lindo declarando seu amor hoje? Tá em tempo, héim...

"Da primeira vez que você me ascendeu seus olhos
desviei dos meus, pois o brilho era intenso...
Que fatalidade, você me entendeu do avesso
e pensou que eu não aceitei seu olhar...

Desentendimentos marcam nossa relação
eu te digo sim e você me escuta? Não.
Não sei o que faço pra gente se acertar
outra vez, vou tentar

Então preste atenção, não me entenda mal
até que eu sou uma pessoa legal
especialmente com você
e me esforço tanto pra não machucar ninguém
vamos falar a mesma língua pro nosso bem..."

(Ludov - Da Primeira Vez)

segunda-feira, outubro 22, 2007

Posta-restante

Você sabe o que é posta-restante? Segundo a wikipedia, posta-restante é a correspondência que é enviada para a uma agência de correios e lá permanece até que seja reclamada por seu destinatário. Também é o nome do lugar onde essas cartas ficam guardadas. Cartas guardadas, que não foram entregues, palavras que não chegaram aos seus destinatários, fatos que não se concretizaram...

É tão linda essa idéia de deixar o amor guardado, parado, esperando por algo que ainda vai vir, que vai acontecer. Sempre gostei dessa música por conta dessa idéia completamente inusitada dos escafandristas vasculhando os restos de uma civilização perdida e descobrindo vestígios de um amor que foi tão forte que permaneceu ali, vivo, mesmo sem ter sido vivido.

Também me passa a idéia de um sentimento tão intenso que não necessita de urgência, de ansiedade, de pressa. "O amor não tem pressa"... Mesmo havendo desencontros, ele acontecerá, sem afobação, se assim tiver que ser. Interessante pensar que algo que você escreve, uma poesia, uma música, uma carta de amor, poderá vir a ser a trilha sonora ou a inspiração para o romance de outras pessoas, no futuro. Futuros amantes ainda estarão alimentando seu amor com a ajuda e a inspiração no sentimento deixado "no ar", há milênios, milênios.

Não posso deixar de associar com a idéia de Drummond, em Poderes Infernais, "Quando eu secar, ele estará vivendo, já não vive de mim, nele é que existe", essa intenção de descrever o amor como algo perene, que não se esvai com o tempo, algo que não se apaga, que fica "no ar"... "O eco de antigas palavras, fragmentos de cartas, poemas, mentiras, retratos"... Me deu até vontade de escrever uma carta agora.

"Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você..."

(Futuros Amantes - Chico Buarque)

sexta-feira, outubro 19, 2007

Farta!!! Farta!!!

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem
pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

(Poema em Linha reta - Álvaro de Campos - Fernando Pessoa)

quinta-feira, outubro 18, 2007

Pra te esquecer

"Que é que eu vou fazer pra te esquecer?
Sempre que já nem me lembro, lembras pra mim
Cada sonho teu me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus vai apagar...

Que é que eu vou fazer pra te deixar?
Sempre que eu apresso o passo, passas por mim
E um silêncio teu me pede pra voltar
Ao te ver seguindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar

Que é que eu vou fazer pra te lembrar?
Como tantos que eu conheço e esqueço de amar
Em que espelho teu, sou eu que vou estar?
A te ver sorrindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar..."

(Caetano Veloso - Pra te lembrar)

Speachless

É verdade, não é só impressão não. Eu ando meio sem palavras mesmo. Deixando os poetas falarem por mim. Estou tentando me entender nesse silêncio todo, mas anda tão difícil racionalizar. Ando tão emoção...

A única conclusão mais racional que cheguei é que está sendo bom ficar separado. A posse, que em mim sempre foi algo tão forte, tão presente, algo que sempre me incomodou tanto, está mais tranquila, mais leve. Não tenho ciúmes, não me preocupo com a hora em que ele vai chegar, pelo simples fato de que ele não vai chegar. Não sou dona de ninguém. E exatamente por não ser dona de ninguém, só de mim, não temo mais perdê-lo. Como vou perder algo que não é meu? Não tem como...

É estranho demais ler isso, ainda mais escrito por mim... Mas é a mais pura verdade... Mas ainda tenho tantas coisas pra pensar... Mas não vou conseguir... Acho que vou continuar deixando que eles falem por mim enquanto a minha voz não sai...

"A minha voz que era da amplidão
Do universo, da multidão
Hoje canta só por você...

Lua no mar, estrelas no chão
Aos seus pés, entre as suas mãos
Tudo quer alcançar você
Levanta o sol do meu coração
Já não vivo, nem morro em vão
sou mais eu, porque sou você"

(Caetano Veloso - Sou você)

quarta-feira, outubro 17, 2007

Só enquanto eu respirar...

"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"

Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar

Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar..."

(O Teatro Mágico - O Anjo Mais Velho)

Faz parte

"...Se eu te escondo a verdade, baby, é pra te proteger da solidão..."

(Cazuza - Faz parte do meu show)

segunda-feira, outubro 15, 2007

Imperfeição

"Não precisa me lembrar
Não vou fugir de nada
Sinto muito se não fui feito um sonho seu
Mas sempre fica alguma coisa
Alguma roupa pra buscar
Eu posso afastar a mesa
Quando você precisar

Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação

Eu não quero ver você
Passar a noite em claro
Sinto muito se não fui seu mais raro amor
E quando o dia terminar
E quando o sol se inclinar
Eu posso por uma toalha
E te servir o jantar

Mentira se eu disser
Que não penso mais em você
E quantas páginas o amor já mereceu
Os filósofos não dizem nada
Que eu não possa dizer
Quantos versos sobre nós eu já guardei
Deixa a luz daquela sala acesa
E me peça pra voltar"

(Amores imperfeitos - Samuel Rosa - Chico Amaral)

You´ve got mail

Vou te contar... Que que é isso? Lá se foram um souflair e duas pastilhas da garoto inteirinhas... Não dava tempo nem de deixar derreter, foram mastigadas mesmo... Sem condições... Ansiedade total... 72 horas foi o combinado. Já se passaram mais 24, tá de brincadeira comigo, né? Minha ansiedade não aguenta mais, sério. Mãos atadas total, sem saída, só esperar. Nossa, que porre...

Just one breath

"On my knees, I'll ask
Last chance for one last dance
'Cause with you, I'd withstand
All of hell to hold your hand
I'd give it all
I'd give for us
Give anything but I won't give up
'Cause you know,
You know, you know"

(Far Away - Nickelback)

Saída de emergência

"E um dia desistiu, quis terminar
Só mais um gole, duas linhas horizontais
Sem a menor pressa,
Calculadamente
Depois do erro, a redenção!"

(Pulsos - Pitty)

Beija-flor

"Às vezes acredito em mim, mas às vezes não
Às vezes tiro o meu destino da minha mão
Talvez eu corte o cabelo
Talvez eu fique feliz
Talvez eu perca a cabeça
Talvez esqueça e cresça
Sem você
Chove sem você

Talvez precise de colchão, talvez baste o chão
Talvez no vigésimo andar, talvez no porão
Talvez eu mate o que fui
Talvez imite o que sou
Talvez eu tema o que vem
Talvez te ame ainda
Sem você
Chove sem você"

(Busy man - Arnaldo Antunes)

Maldade

"...Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa farra
E será uma maldade voraz
Pura hipocrisia
Nossos olhos são dengosos demais
Olhos que se entregam
Olhos ilegais..."

(Ilegais - Vanessa da Mata)

Hello, stranger!

Foi um bom feriado, apesar de tudo. Fiquei sozinha, perdi todos os apoios com os quais eu estava acostumada. Ainda bem... Engatinhei, levantei, comecei a andar sozinha e no final do domingo eu já corria, livre, leve, me sentindo muito bem por caminhar sem muletas por aí... Foi bom, muito bom. Não preciso de nada pra me segurar, sei que posso continuar a andar por mim mesma... Eu já sabia, na verdade. Claro que sabia. Mas precisava testar. Consegui. E no final eu nem estava tão sozinha assim...

"I started dancing with a stranger
Moving to the break of day
Dancing with a stranger
And I just got swept away

Give me a dance, dance
Dancing with a stranger
And it takes my breath away"

(Dancing With A Stranger - Cindy Lauper)

ps: só agora fui saber do Closer. Quero assistir. Muito.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Aos seus pés

Eu não tive outra escolha a não ser ouvir você,
Você me explicou seus motivos várias e várias vezes,
E só me restou refletir sobre isso...

Você me trata como se eu fosse uma princesa,
E acredite, eu não estou acostumada a gostar disso.
Você me pergunta como foi meu dia...

Você já me conquistou, apesar de mim,
E não fique alarmado se eu cair de cabeça aos seus pés,
E não fique surpreso se eu disser que te amo por tudo que você é.
Eu não poderia mais evitar,
É tudo culpa sua...

Seu amor é abundante e me absorve inteira,
E você é muito mais valente do que eu imaginava,
Não falo isso da boca pra fora...

Você traz até mim fatos inquestionáveis,
Você segura sua respiração e a porta para mim.
Muito obrigada pela sua paciência comigo...

Você é o melhor ouvinte que eu já encontrei.
Você é o meu melhor amigo,
Melhor amigo com vantagens.
Me diz, o que me segurou por tanto tempo?

Eu nunca me senti tão feliz assim antes,
Eu nunca quis para mim algo racional.
Só agora pude entender...
Só agora pude entender...

(tradução - à minha maneira - de Head over Feet - Alanis Morissette)

Verdades incontestáveis

E quando ela disse "sim", as nuvens se foram, o céu azul apareceu, o sol brilhava lá fora e ele descobriu que nunca, nunca mais em sua vida, ele se sentiria sozinho.

terça-feira, outubro 09, 2007

*Roendo as unhas*

Porque depois que aperta "send", minha filha, não tem mais volta... Só se o universo conspirar e a mensagem voltar... Mas aí já é ser discípula de Murphy demais, né...

Something rational

"Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata."

(Clarice Lispector)

(Resgatado de um desses papéis amassados do passado. Escrito em caneta preta, com letra trêmula, no ano de 2002, com um aviso em letras de fôrma: QUEIMAR)

Ele já é pra mim um vício caracterizado, já que trago por ele todos os sintomas de dependência: Compulsão. Não serve um só e-mail, só uma hora de conversa, preciso de uma madrugada inteira, de uma caixa postal toda dele, de um caderno escrito do começo ao fim "eu te amo", de ligações e ligações sem fim...

Tolerância... Poucas doses já não bastam, não satisfazem, não suprem minha necessidade. Preciso de mais, e não me controlo, e extrapolo, e deixo os limites de lado...

Abstinência... Acho insuportável abrir o ICQ e não vê-lo, acessar meu e-mail e não ler seu nome... Passo mal, minha barriga fica gelada, todos os sintomas possíveis de ansiedade.

E esse, o mais importante: mesmo depois de um tempo me abstendo de "consumí-lo... "... Assim que vem a primeira dose, tudo volta, e volta com força, com intensidade...

O que me magoou não foi ele ter há tempos uma namorada idealizada e perfeita. Nem ele ter, hoje em dia, a namorada mais que perfeita... O que magoou foi vê-lo, bem na época em que ele gostava de mim, mesmo sem admitir (gostar é um verbo tão quarta série, mas o que usar?) e eu gostava, sim, dele, mesmo sem admitir de forma alguma... Vê-lo com uma menina sem graça, sem sal, que não fazia o olho dele brilhar... Ver que no lugar daquela menina sem graça, poderia estar eu...

Está acontecendo de novo agora... Eu não fiz nada por conta da namorada perfeita. Eu mantive meu papel de amiguinha que engole os sentimentos por conta da namorada perfeita. É justo fazer isso de novo, com a mais que perfeita na área? É justo não fazer? Estou confusa, carente, ou é pra valer mesmo? Devo escancarar e parar de me fazer de amiguinha descolada e refletir sobre meus sentimentos junto dele? Devo dizer que ando sofrendo pensando no que poderia ser enquanto uma só palavrinha dele talvez me fizesse melhorar, ou parar de vez, desistir e me conformar?

Pq isso tudo só acontece comigo, e sempre comigo????

ps: como vocês percebem, e por mais incrível que possa parecer até mesmo pra mim, esse post não é inspirado na trilogia. Eu é que vivo me enfiando em situações sempre parecidas e repetindo um modelo de comportamento mesmo sem perceber... Looooser, né? ai ai... Viva a terapia!

segunda-feira, outubro 08, 2007

Eureka

"Where you stumble, there your treasure lies"

E eu aqui com cara de boba olhando essa frase, como quem acaba de descobrir a pólvora. E descobri mesmo. Que venham mais e mais tropeços!!

quinta-feira, outubro 04, 2007

Ctrl-C Ctrl-V

"Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida."

Drummond

tic tac

Tempo, tempo, tempo, mano velho...

Tempo, tempo, tempo, mano velho...

Vai, vai, vai vai, vai... Vai!

Tempo amigo,

Seja legal!

Conto contigo pela madrugada...

Só me derrube no final!

Recitado assim, de cabeça, porque novamente vamos nos afastar. Estou mais tranquila dessa vez, vi o que deu certo e o que não deu. Mais confiante. Sei lá, vamo que vamo aí...

segunda-feira, outubro 01, 2007

Sem palavras

...

Quando a resposta de uma pergunta vem numa linguagem que você conhece, fica tudo em casa, né?

Feliz *_____*
Obrigada.

"Chega mais perto, ouve o certo
Cola seu ouvido na caixa de som
Hey, não se acanhe, talvez você ganhe
Apenas um motivo pra não viver mais só

Posso me incluir no seu dia
Ser visita imprevisível pra depois
Posso fazer sua trilha
Ser canção inesquecível
Pra vocês dois

Eu te adoro tanto
Você não imagina quanto
Quero ouvir uma canção
Que diz assim...

Eu te adoro tanto
Você não imagina quanto

Procure por espaços
Palavra um traço
Que me transforma em
Música de Amor

Faço companhia
Você não tá sozinha
Escute bem alto
Não vou te decepcionar..."

(Autoramas - Música de Amor)

Pra você, com um pouquinho de atraso perfeitamente justificável e de lambuja com um título impressionantemente longo e completamente incoerente...

Ai...
Mas parece sina, não é?
Parece...
Eu relatando a mudança de protagonista, as sequências do filme, coisa e tal, e me esqueci do outro ator coadjuvante.
Esqueci mesmo.
Não por ter menos importância, não mesmo. Simplesmente porque ele estava distante, porque se afastou ou nos afastamos em comum acordo, sei lá, nem me lembro mais.
Ou talvez prefira não lembrar, porque é mais cômodo assim.
Mas como Murphy é meu pastor e nada me faltará, esse coadjuvante (nessa história, e protagonista de uma própria história só dele) caiu do céu, despencou, bem no meu colo, de asa quebrada e tudo...
Foi bom.
Não a queda, o ferimento, nem nada.
O encontro, mesmo.
Pra lembrar que toda história tem muitos e muitos lados, pra lembrar que as coisas todas funcionam em ciclos, em círculos, e que quando a gente menos espera tromba novamente com aquela pessoa que a gente nem imaginava.
Ele me ajudou tanto, tanto no sábado.
Ele não tem idéia de quanto.
Nem explicando dá pra entender...
Estava tão sozinha, estava tão sem voz pra pedir ajuda.
Mas ele me ajudou.
Mais do que qualquer amigo meu que antes havia tentado.
E ajudou sem saber de nada que se passava comigo.
Só me distraindo a cabeça, me fazendo pensar em coisas boas, em encontros felizes, enchendo meu coração de poesia e meu estômago de borboletas.
Estava precisando.
A gente fica tão frágil às vezes.
Vulnerável.
Me distraiu, me animou, me deixou tão feliz sem nem saber quem eu era e eu sem saber quem ele era também.
A intuição falou algumas vezes, mas eu preferi não ouvir.
Ele me disse que também andava triste e que eu consegui ajudá-lo de alguma forma naquela noite.
Que bom que não fui só eu que fui dormir sorrindo.
Espero que ele fique por perto, por mais que se esquive um pouco a princípio.
Eu entendo, querido.
Não é difícil de entender, eu sei.
Mas calma, baixa a guarda, vai ficar tudo bem, eu te juro, por mais que pareça que o furacão não tem fim e que nossas cabeças nunca vão parar de rodar.
Termina, e depois a gente olha pra trás e nem encontra razão pra ter sofrido tanto.
Fique perto, por favor, não se afaste novamente.
Às vezes tenho vontade de ter braços gigantescos pra conseguir confortar o mundo todo ao mesmo tempo, colocar o mundo todo no colo.
Mas não dá, infelizmente.
Mas com você vou tentar.
Vamos ver o que acontece...
Tento com as palavras, que é meu jeito, e espero que elas encontrem o destinatário certo, que confortem ou alegrem, de uma forma ou de outra.
Vamos ver o que se consegue.

Um beijo, Andrew... Um beijo, L. Obrigada.

Melissa e K.

"Desculpe estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei errado e eu entendo

As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias até pra uma criança

A vida é mesmo coisa muito frágil
Uma bobagem uma irrelevância
Diante da eternidade do amor de quem se ama

Por onde andei enquanto você me procurava?
E o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada..."

(Nando Reis - Por onde andei?)

Vai!

"Espera aí!
Nem vem com essa estória
Eu nem quero ouvir
Não dá pra te esquecer agora
Como assim?
'Cê disse que me amava tanto ontem
Eu juro que ouvi

Calma aí!
Que diabo você tá dizendo agora?
Que onda é essa de outro lance pra viver?
Você nem pode tá falando sério...
Vivi pra você
Morri pra você

Pois então vai!
A porta esteve aberta o tempo todo
Sai!
Quem tá lhe segurando?
Você sabe voar

Pois então vai!
A porta na verdade nem existe
Sai!
O que está esperando?
Você sabe voar

Então tá bom!
É, senta e conta logo tudo devagar
Não minta, não me faça, suportar
Você caindo nesse abismo enorme
Tão fora de mim

Tá legal!
É, e eu faço o quê com a nossa vida genial?
'Cê vai viver pra outra vida e eu fico aqui
Na vida que ficou em minha vida
Tão perto de mim
Tão longe de mim

(Pois então) vai!
A porta esteve aberta o tempo todo
Sai!
Quem tá lhe segurando?
Você sabe voar
...de volta pra mim
De volta pra mim..."

(Ana Carolina - Vai)