segunda-feira, maio 21, 2007

Ciclos doentis

Começou de novo. É como um ciclo. Mas dessa vez não estou participando dele. Estou de fora, observando, ainda bem. Não pude deixar de rir quando vi, mas chega a ser meio sádico rir disso. Poderia adivinhar as palavras trocadas. Seria mais do que simples para mim transcrever diálogos. Que papel de idiota eu passei! Como pude? Que papel de idiota ela passa! Como é tranquilizador ver tudo isso do lado de fora. Não sei qual dos dois é mais bobo por se deixar levar de novo, conhecendo o princípio, o meio e o fim dessa história que chega a ter momentos doentis. Mas só posso agradecer uma, duas, dez vezes por não estar passando por aquilo outra vez. Obrigada aos deuses que olham por mim.

quinta-feira, maio 17, 2007

Beijos Loucos, gritos roucos

Quando eu o vi pela primeira vez, pensei: ah, não, sem chances, é muito gato pra mim. Mas que nada, a gente tem mesmo é que confiar no próprio taco. Aprendi isso com ele. Confiança faz diferença. Foi uma noite só, por puro desejo dos dois, dividido, conversado. Super adulto. Simplesmente aqueles beijos rolaram, foram ótimos e foram devidamente arquivados como mais uma balada divertida. E acredite, eu não encanei. Gosto de coisa bem resolvida. Ele também. Ponto. Dois amigos em comum souberam e curtiram com a gente o segredo. Dois outros viram e quase não acreditaram. Porque não sabem o que é deixar rolar. Deixa ver. Sotaque. Mais um que me lembro pelo sotaque. Que fazer se eu curto dar uma variada nos sons, cheiros, gostos, hummm.... Cheiro bom, papo bom, beijo bom, recomendo, mas não pra mim, obrigada. Não sou tão fã assim dos cafas quanto parece. Os bonzinhos estabelecem vínculo mais fácil.

"E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade enfim se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz"

(Valsinha - Chico Buarque)

Carta pra mamãe



Antes da minha mãe morrer eu achava que perdê-la seria a maior dor que eu poderia sentir no mundo. Achava que não aguentaria, que a minha vida acabaria ali, que eu nunca conseguiria viver sem ela.

Ela morreu num sábado a tarde e naquele dia eu também morri um pouco. Foi realmente a pior dor que eu senti em toda a minha vida, é muito difícil viver sem ela, mas eu aguentei e superei a parte dolorosa e desesperadora da coisa. Cresci uns bons anos também.

Chata é a saudade e a vontade de ter feito tantas coisas diferentes, de jeitos tão diferentes. Chato é aquele sentimento de que você nunca mais encontrará aquela pessoa. Chato é perceber que eu não consigo mais me lembrar da voz dela. Não consigo. Mas lembro da risada, uma gargalhada gostosa que sempre se repetia. Ainda bem.

Como o Dia das Mães passou, tive vontade de falar com ela. Falei, em meus pensamentos, mas eu sou uma negação falando. Mesmo. Então resolvi escrever. Mãe, eu sei lá o que eu poderia ter feito diferente, eu sei lá o tanto de coisas eu eu fiz errado e que poderia ter te feito mais feliz ou mais realizada. Te amo e te admiro demais, e essa admiração pela mulher forte que você sempre foi não passa. Espero que você continue gargalhando em algum luga por aí, de preferência por perto, porque eu não tomo jeito mesmo e sempre preciso de uma forcinha. De quebra, fica de olho no nosso Samuquinha, porque ele é a coisa mais importante da minha vida e merece ser bem cuidado. Como só você faria. Espero que você veja que eu sempre mostro a sua foto pra ele e falo que é a vovó que mora no céu. Já que estou escrevendo, será que seria pedir demais querer que você aparecesse numa noite dessas num sonho pra me beijar a testa e ensinar a fazer um feijãozinho daqueles com gosto de dona Rachel? Pô, mãe, eu faço, faço, mas igual o seu não sai! Te amo, mas acho que isso eu já falei, né?
Fica bem.

beijos da sua filha preferida (ha ha ha - essa piada era velha, né?)

quarta-feira, maio 16, 2007

Queria tentar

"E é fato que não sabemos
se voltaríamos a encontrar
o que deixamos o tempo ruir
fechando os olhos
mas mesmo assim eu...
mesmo assim eu... queria tentar."

Nem preciso consultar site algum para escrever essa letra. Ela ficou gravada na minha mente, e no meu coração. Mais EMO impossível. Minha fase Dance of Days foi uma das mais difíceis e intensas da minha vida, com certeza. Poderia ter escrito livros e mais livros embalada por aquela tempestade de sentimentos depressivos, mas nem isso consegui fazer. Aliás até hoje rola uma dificuldade de lidar com tudo o que aquela fase trouxe. A dificuldade é tanta que eu fico sem saber nem como terminar esse post. Talvez com um ponto final, só pra variar.

A única certeza é a dúvida que sustento



"...Assim que eu entro já no cumprimento eu reconheço as múltiplas perguntas que na ausência entram em meu lugar
Seus olhos fitam com medo.
A única certeza que eu tenho é absurda pois a dúvida sustento:
porque não me mudar
Pro seu apartamento
Hoje mesmo"

(Nando Reis - Hoje Mesmo)

Faz tempo, muito tempo, também. Mas eu reconhecia, sim, todas as nuances, todas as pequenas e delicadas mudanças, todas as mínimas variações de humor. Sabia dizer no primeiro alô se a vida continuava a seguir seu curso ou se mais alguém vil e cruel entraria para a minha lista de pessoas a serem eliminadas imediatamente da face da Terra simplesmente por terem ousado te magoar. Desejava, e como, seu toque mais próximo, seu olhar cativante mais perto. Deliciava-me com tanto carinho, tanto cuidado, tanto apego e tantas infantis palavras. Descia, sorrateira, até o orelhão para gastar com você todas as unidades de um cartão comprado com minhas últimas moedinhas. Via, inconsolável, os pulsos correndo como água como numa contagem regressiva que me afastava de você. Maldito DDD. Maldita distância, que me separava daquele amigo que eu amava. Amor. Quem nunca sentiu nunca entenderá. Platônico e correspondido. Tão incoerente quanto essa definição idiota. Mas não quero ser compreendida, nunca sonhei que alguém entendesse minhas paixões. Só não queria acordar. Mais uma vez um padrão tantas outras vezes repetido. Alguns anos mais novo, um nome lindo, muito ciúme, muitos sonhos, uma voz e idéias que não combinavam com a idade. Desejo que me consumia e que, é claro, acabou por nos afastar. Guardo ainda as cartas que me escrevia, no intervalo das aulas. E as resposta que eu guardava pra mim, sem coragem de parecer ridícula. Mas que importa, agora? Restaram lembranças de um namorado que nunca namorei, de um beijo que nunca beijei, de um abraço que nunca abracei. Ficou uma promessa, que eu não esqueci, e sei que ele também não. Não sei se seria capaz de cumprí-la. Não hoje, pois meu coração tem um dono de verdade, mas quem sabe do amanhã? Ou do hoje mesmo, daqui a pouco? Quem sabe não me mudo pro seu apartamento? Hoje mesmo.

O que tinha de ser se deu



"Íamos tontos os dois assim ao léu
Ríamos, chorávamos sem razão
Hoje, lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu."

(Porque era ela, porque era eu - Chico Buarque)

Era como um vício, difícil e doloroso de se deixar de lado. Presença e ausência constante, sofrida, doída. Um medo de perder sem ao menos ter. Mas quando tinha era tão verdadeiro, tão completo, que as feridas cicatrizavam por inteiro. Ficava a marca, mas quem se importa com marcas? Hoje sei que eram só migalhas, restos, pedaços. Eram sobras de alguém que não era meu porque já tinha dona. Estranho lembrar disso agora. Já faz tanto, tanto tempo. E se parece tanto com outras histórias que chego a pensar que eu mereço esse tipo de relacionamento, porque busco por ele. Aquela tatuagem pela metade, o sotaque carregado, as faculdades largadas e um fantasma que o acompanhava há seis anos. Pacote que reunido me remetem a choro, muito choro, noites em claro questionando os motivos sórdidos que nos deixam embarcar num barco que já sai furado. Os esquecimentos constantes, o cigarro que nunca se apagava, aquele jeito de falar as coisas nas horas mais imprevisíveis. A rede, que nos levava para altos devaneios embalados por Jim Morrison e bebidas de origem altamente duvidosa. Cúmplices, sim, quase comparsas. Intimamente ligados por juras de amor eterno trocadas em vão, somente porque o momento pedia um desfecho daqueles. E meses depois do fim, um pedido implorado para que eu transformasse o ponto final em vírgula. Por que eles só descobrem o quanto era importante quando perdem?

terça-feira, maio 15, 2007

Coração despedaçado



"Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Entende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminha dura
Dura caminhada
Pela noite escura"

Mas que fazer se tem dias que só o que eu faço é repensar a separação?
Porque a escrita não se inspira muito nos momentos alegres, mas deslancha que só ela nos tristes.
Mas aquela árvore martelando na minha mente também não ajuda muito, né?

Choro Bandido

Ele era lindo e assim que o vi achei que ia mesmo rolar alguma coisa. Cochichos com os amigos do lado me confirmaram a hipótese. Era uma noite fria, estávamos ao ar livre e a cerveja estava especialmente boa. A companhia dos amigos e aquele show de classic rock completavam um cenário que seria perfeito se... Eu não tivesse um namorado que estava a 500 quilômetros de distância.

Foi a primeira vez que tive certeza que o namoro tinha mesmo acabado e que eu estava precisando mesmo sentir algo novo, diferente, que me balançasse o coração. E sentia. Aquele menino mais velho, fazendo tipo de sério e que dirigia um escort antigo era tudo o que eu precisava para abandonar o marasmo que havia se transformado a minha vida. E ele foi, sim, uma paixão dessas que a gente não se arrepende de sentir.

Não vou esquecer dele, porque apesar de vários lances complicados só ficaram coisas boas. Ficam lembranças legais de um menino de nome americano e pai famoso, que se derretia todo cantando em inglês pra mim e achando que eu não entendia nada do que ele falava. Um cara que não conseguia compreender como uma garota podia gostar tanto de história em quadrinhos e desenho animado e falar de tanta coisa que ele não entendia nada.

Acabou rápido, porque além de sermos almas opostas, com interesses opostos, ele queria me prender de novo e eu estava encantada com a liberdade que tinha acabado de ganhar. Eu gostava dele, fiquei triste, queria continuar despretensiosa e livre curtindo a paixão que eu sentia, e ele só aceitava se eu fosse só dele...

“Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons

Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons...”
(Choro Bandido – Chico Buarque)

Espinho na minha garganta

Tem noites que sinto uma falta tão grande que até me dói o peito. Porque eu sei que não tem mais remédio, que não tem mais jeito, nem nunca terá. Não tem mais jeito de voltar atrás. Talvez em algum momento a gente pudesse ter feito tudo diferente, mas não quis. Simplesmente a gente achou que estava bom daquele jeito. Mas não estava. Porque é algo que ainda me mobiliza, que mexe, que não passa batido, então não estava bom. Não dava pra esperar mais, mesmo. A gente faz o que sabe, o que está pronto pra fazer na hora. A gente age conforme nossa experiência. Foram tantos erros antes. E eu que achava que tinha acertado. Daquela vez tinha que ter acertado. Mas não era a hora. Eu queria descobrir se já causei esse estrago na vida de alguém. É engraçado como a gente não se dá conta. Que faz estrago. Já devo ter feito, certamente. E o sentimento que tenho por quem eu acho que “estraguei a vida” é um sentimento esquisito. Quase piedade. Que a deusa não permita que alguém tenha sentido isso por mim. Prefiro o ódio à piedade. Muito mais digno ser motivo de ódio do que de piedade. Piedade rasteja, ódio anda de cabeça erguida, chutando canela. Muito mais minha cara. Por isso, pra você agora só desejo isso, chutes na sua canela! E uma rosa.

"A Rosa - Chico Buarque"
"Arrasa o meu projeto de vida
Querida, estrela do meu caminho
Espinho cravado em minha garganta
Garganta
A santa às vezes troca meu nome
E some
E some nas altas da madrugada..."

Da série - é só comigo!

Eu: Alô?
Voz misteriosa em tom “eu sou o gostosão”: Oi.
Eu: Quem é?
Voz misteriosa em tom “como assim você não me acha gostosão?”: Porra, você não olha seu identificador não?
Eu: Eu não.
Voz misteriosa: ...
Eu, começando a ficar impaciente: Se eu for tentar olhar vou desligar, saco, fala logo quem é...
Voz misteriosa: Olha essa porcaria de identificador
Eu olhando o identificador e vendo um número estranho: ...
Voz misteriosa aguardando: ...
Eu quase de saco cheio: Olhei. Não identificou.
Voz misteriosa começando a ficar impaciente também: Como? Você não me salvou na agenda?
Eu de saco cheio: Tá, chega, quem é?
Voz misteriosa de saco cheio: Sou eu, sua tonta, o Walace
Eu buscando nos arquivos inativos ...
Walace: Alô?
Eu: Escuta aqui, WALACE, eu não sei com quem você quer falar, mas com certeza não é COMIGO!
Walace: Não é a Julia?
Eu: NÃO, SEU TONTO!
Walace: Pô, foi mal!
Eu: Ah, foi mesmo!
Walace: Mas até que você é legal!
EU MUITO DE SACO CHEIO: Liga lá pra Julia, liga!
Walace rindo: sério foi mal mesmo, você é muito engraçada
Eu: levo trote e ainda passo de palhaça! Tchau héin!
Walace: pode salvar aí na agenda héin...
Eu: fica esperando héin?

Tu tu tu tu tu