"Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade. Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei." (C. Lispector), mas, guardadas as devidas proporções asrtísticas, poderia ser... MEU!
"Oh these little rejections how they add up quickly One small sideways look and I feel so ungood Somewhere along the way I think I gave you the power to make Me feel the way I thought only my father could
Oh these little rejections how they seem so real to me One forgotten birthday I'm all but cooked How these little abandonments seem to sting so easily I'm 13 again am I 13 for good?
I can feel so unsexy for someone so beautiful So unloved for someone so fine I can feel so boring for someone so interesting So ignorant for someone of sound mind
Oh these little protections how they fail to serve me One forgotten phone call and I'm deflated Oh these little defenses how they fail to comfort me Your hand pulling away and I'm devastated
When will you stop leaving baby? When will I stop deserting baby? When will I start staying with myself?
Oh these little projections how they keep springing from me I jump my ship as I take it personally Oh these little rejections how they disappear quickly The moment I decide not to abandon me"
"É tão difícil de explicar. A dor de vê-lo sofrendo por ela é a mesma dor que eu sinto aqui quando sofro por ele. Difícil de explicar quando tudo dói. Vê-lo com ela dói, e vê-lo sem ela também dói, pois a tristeza dele é também a minha. Assim fica fácil de entender o que quer dizer aquela história de que quando a gente gosta de verdade de alguém, queremos ver a pessoa feliz. Eu quero ver ele feliz, por mais que eu sofra ao acompanhar de camarote o "casal perfeito". Mas fazer o que, mil vezes prefiro ele sorrindo, mil vezes, mil vezes."
"Eram mais de dez da noite e eu estava sentada sozinha na mesa* pensando sobre o que escrever aqui. Deitei a cabeça e fiquei mordendo a caneta, procurando as palavras. S.** chegou em silêncio, e encostou a mão no meu ombro, que está completamente ardido do sol. Reclamei, e ele sentou do meu lado. Um sorriso lindo, com aquelas bochechas vermelhas. Meu coração bateu tão forte que quase saiu pela boca. Fiquei com o rosto virado para o outro lado, sem me mexer. Ele começou a passar a mão no meu cabelo. Fiquei morrendo de vergonha porque está tudo embaraçado***. Tentei fazer ele parar, reclamei, mas ele me mandou ficar quieta e começou a desembaraçar cada pedacinho do cabelo. Fiquei paralisada. Não conseguia falar nada. Só fechei os olhos e fiquei ali, sentindo aquela presença. A melhor e a pior sensação das férias. Misturadas."
(texto da minha agenda em janeiro de 1992)
*Era uma daquelas mesas de madeira com bancos únicos de cada lado, enormes, antigos. ** Já citado neste blog anteriormente como pedestal-mor *** culpa da mistura de areia, mar, sol e vento com a minha falta de jeito para cuidá-los.
"She turned away, what was she looking at? She was a sour girl the day that she met me Hey, what are you looking at? She was a happy girl the day that she left me
She turned away, what was she looking at? She was a sour girl the day that she met me Hey, what are you looking at? She was a happy girl when she left me
What would you do? What would you do if I followed you? What would you do? I follow!
Don't turn away, what are you looking at? He was so happy on the day that he met her Say, what are you looking at? I was a superman, but looks are deceiving
The rollercoaster rides a lonely one I paid a ransom note to stop it from steaming Hey, what are you looking at? She was a teenage girl when she met me
What would you do? What would you do if I followed you? What would you do? I follow!
The girl got reasons They all got reasons
What would you do? What would you do if I followed you? What would you do? I follow!
Hey, what are you looking at? She was a happy girl the day that she left me The day that she left me The day that she left me"
(Sour Girl - Stone Temple Pilots)
E então... O que será que você faria se eu te seguisse?
Não sei nem por onde começar. Conversa truncada, que me fez pensar tanto, tanto. Daquelas conversas que a gente nem sabe mais contar direito e repetir. A coisa que mais detesto é a superficialidade. Preciso me forçar para sair dela, porque mergulhar mais fundo sempre foi minha prerrogativa. Sempre precisei ser assim, e por isso morro de medo quando não acontece. Porque parece que quem aparece ali não sou eu, e sim quem eu deveria ser. O que se espera que eu seja, o que se espera que eu faça. No meu nível mais superficial, é assim que eu me mostro. Mas aperta, pra ver. Eu sei que está tudo absolutamente confuso, mas como não envolve só a mim, é impossível expor com todas as letras. Impossível eu declarar tudo que foi falado, mas envolve muitas coisas importantes. Decisões definitivas, e coisas como "até onde você seria capaz de ir?". Eu sei até onde posso ir, mas não sei se me acompanham, e então minha atitude se invalida. Ele me diz muitas coisas sem falar, e muitas vezes fico perdida, tenho dúvidas sobre como ele se coloca, sobre o que eu deveria esperar, e sobre o que eu não deveria. Queria ter a conversa gravada, para poder revê-la. Mas tem coisas que eu consigo lembrar. Uma delas é: "O que você fez até agora?", o que me diz que eu não fiz nada, embora me sinta fazendo muita coisa. Outra coisa importante é "penso nisso para daqui uns anos, ou melhor, nem penso, porque agora é impossível", e outra importante é "sou difícil, sou "certinho"", sem que eu consiga entender exatamente o que essa definição me mostra. O que é ser assim tão certinho? É se considerar certo? Eu estou errada? Estou certa da minha maneira de ser certinha? Difícil, fico extremamente confusa. Nossa, que dificuldade. Não nos afastaremos, embora as coisas se afunilem, embora eu não possa mais bater na minha tecla de sempre - e tenha prometido que não o farei mais. Também não tomei a decisão definitiva porque nitidamente ele não bancou por ela - e não o culpo por isso, de coração. Gosto da sinceridade, entendo a forma como ele me diz as coisas, sem dizer nada, sei que assustei, que pressionei, que talvez tenha apertado ele demais, mas eu precisava. Precisava dizer coisas que estavam entaladas e que inevitavelmente seriam ditas em momentos errados depois. E assim fomos, foi uma boa conversa, me lembrarei de mais partes dela provavelmente, é engraçado como na hora tudo parece fazer muito sentido, mas depois muitas sequências se perdem. Letgal lembrar de algo que ele nunca havia antes falado, que é a minha escolha mesmo sabendo das dificuldades que isso acarretaria, coisa que ele considera minha responsabildade, e da qual não fujo, embora eu não soubesse que o problema era assim tão grave - e se soubesse, meu deus, tinha evitado a todo custo isso tudo, de coração. O fim foi bom, mas tenho medo às vezes de ser só isso, de ser "superficial", mas aparentemente essa é a forma que ele tem de me dizer tudo o que ele quer, e respeitarei. Esse é o texto mais confuso de todos os tempos, mas ele faz tanto sentido pra mim que ninguém mais poderia mesmo compreender. É um sentido só nosso, e isso é o principal. Precisava registrar, a minha memória de peixe aliada ás férias da terapeuta me deixam quase em desespero para resgatar certos momentos importantes, como se eu pudesse deixá-los escorrer entre os meus dedos se não registrasse com a ajuda de algo externo. Tudo começou por conta da despedida, mas acho que deixei claro que a única coisa que eu quero é poder estar perto dele, o máximo que eu puder. Desculpem as palavras truncadas. Volta logo, Nara! :)
Sonhei que estava na escola. Angústias muito fortes e revividas como se eu realmente estivesse ali. Impressionante e meio assustador. Fiz algumas constatações também. Percebi que desde 1990 dou importância demais a pessoas medíocres. Tá na hora de mudar, né?
Eu já amei muitos meninos que nem sequer souberam da minha existência. Eles foram tão, tão importantes na minha pré-adolescência, mas hoje, sei lá, talvez não fizessem diferença alguma. Passaria batido por eles hoje em dia. Mas eles tiveram lá sua importância, sim. Me ajudaram a entender muitas coisas sobre mim. Fizeram parte da minha vida de forma tão forte, que consigo até hoje me lembrar deles. Lembro nomes, sobrenomes, se puxar pela memória consigo lembrar de fisionomias também. Talvez se os encontrasse hoje em dia por aí eu me lembrasse também. Teve um, em especial, por quem eu era muito apaixonada na escola. Muito, muito. Apaixonada pelo rostinho bonito, mesmo. Pelo jeitão popular, sempre cercado de gente bonita, divertida. Superficialidade total, claro, mas me encantava. Um dia, levei pra escola uma máquina fotográfica. Queria uma foto dele, mas não tinha coragem de pedir. Pedir como? Com qual cara? A menininha bobinha, gordinha e feinha da sétima série pedindo uma foto pro lindão do segundo ano? Sem chances, né... Mas tinha meus truques. Tirei o flash da máquina, e, ao passar por ele, apontei a câmera e bati uma foto. Assim, andando mesmo. Era uma câmera normal, dessas de filme, é claro. Eu nem sabia se tinha dado certo, na verdade. Ele nem percebeu. É claro que não percebeu. Eu não existia no mundo dele, nunca existi. A foto saiu meio tremida, mas ele estava num meio sorriso, enquanto conversava. Eu andei meses com aquela foto na agenda. Ela traduzia uma expressão dele que eu gostava muito. É engraçado isso. Um estranho fazer tanta diferença. E nunca saber disso. Estranho e triste, ao mesmo tempo. Mas um triste bonito, essa tristeza romântica que eu adoro.
"Você já olhou para uma foto sua e viu um estranho no fundo? Te faz perguntar, quantos estranhos tem uma foto sua? Quantos momentos da vida dos outros nós fizemos parte? Ou se fomos parte da vida de alguém quando os sonhos dessa pessoa se tornaram realidade? Ou se estivemos lá, quando os sonhos delas morreram. Nós continuamos a tentar nos aproximar? Como se fossemos destinados a estar lá. Ou o tiro nos pegou de surpresa. Pense... podemos ser uma grande parte da vida de alguém... ...e nem saber."