segunda-feira, agosto 24, 2009

Estranho amor


Eu já amei muitos meninos que nem sequer souberam da minha existência. Eles foram tão, tão importantes na minha pré-adolescência, mas hoje, sei lá, talvez não fizessem diferença alguma. Passaria batido por eles hoje em dia. Mas eles tiveram lá sua importância, sim. Me ajudaram a entender muitas coisas sobre mim. Fizeram parte da minha vida de forma tão forte, que consigo até hoje me lembrar deles. Lembro nomes, sobrenomes, se puxar pela memória consigo lembrar de fisionomias também. Talvez se os encontrasse hoje em dia por aí eu me lembrasse também. Teve um, em especial, por quem eu era muito apaixonada na escola. Muito, muito. Apaixonada pelo rostinho bonito, mesmo. Pelo jeitão popular, sempre cercado de gente bonita, divertida. Superficialidade total, claro, mas me encantava. Um dia, levei pra escola uma máquina fotográfica. Queria uma foto dele, mas não tinha coragem de pedir. Pedir como? Com qual cara? A menininha bobinha, gordinha e feinha da sétima série pedindo uma foto pro lindão do segundo ano? Sem chances, né... Mas tinha meus truques. Tirei o flash da máquina, e, ao passar por ele, apontei a câmera e bati uma foto. Assim, andando mesmo. Era uma câmera normal, dessas de filme, é claro. Eu nem sabia se tinha dado certo, na verdade. Ele nem percebeu. É claro que não percebeu. Eu não existia no mundo dele, nunca existi. A foto saiu meio tremida, mas ele estava num meio sorriso, enquanto conversava. Eu andei meses com aquela foto na agenda. Ela traduzia uma expressão dele que eu gostava muito. É engraçado isso. Um estranho fazer tanta diferença. E nunca saber disso. Estranho e triste, ao mesmo tempo. Mas um triste bonito, essa tristeza romântica que eu adoro.

"Você já olhou para uma foto sua e viu um estranho no fundo? Te faz perguntar, quantos estranhos tem uma foto sua? Quantos momentos da vida dos outros nós fizemos parte? Ou se fomos parte da vida de alguém quando os sonhos dessa pessoa se tornaram realidade? Ou se estivemos lá, quando os sonhos delas morreram. Nós continuamos a tentar nos aproximar? Como se fossemos destinados a estar lá. Ou o tiro nos pegou de surpresa. Pense... podemos ser uma grande parte da vida de alguém... ...e nem saber."

(trecho da série One Tree Hill)

Um comentário:

Lívia_Lin disse...

Essa fase é engraçada, não!? A gente sempre "se apaixona" pelo popzinho quem nem sabe que a gente existe. Comigo, meu maior amor platônico da adolescência morava perto da minha casa. Também tive minhas loucuras de escrever cartas e colocar na caixa do correio dele, de ligar, ouvir a voz e desligar. Coisas bobas mas que na época faziam todo sentido (ou não, heuehueehu).
Mas eu existi na vida dele (tá certo que foi como uma pirralhinha - que também era feinha, gordinha e bobinha - apaixonada por ele, maaasss...). E certa vez, muito tempo depois (e já mais jeitosinha ehueheuheu) passei por perto dele. Ele ficou me olhando, não sei se me achando familiar ou apenas uma menina bonitinha, mas o fato foi que reparou que eu existia. Lógico que eu nem sentia mais nada por ele, mas foi boa a sensação. ;)

E sempre me pergunto se já fiz a diferença na vida de alguém. Se alguém já me amou - ou ama - em silêncio. É tão bom sentir-se amado...

Bela reflexão!
Beijinhos