quinta-feira, novembro 29, 2007

I wish that you knew when I said two sugars, actually I meant three

Uma das músicas mais fofinhas que ouvi ultimamente. Sem querer ser metida, parece muito com um post que escrevi recentemente, do tipo "arranca coração, põe na bandeja e entrega"...
Linda demais...



"All I know is that you're so nice.
You're the nicest thing I've seen.
I wish that we could give it a go
See if we could be something.

I wish I was your favourite girl,
I wish you thought I was the reason you are in the world.
I wish I was your favourite smile,
I wish the way that I dressed was your favourite kind of style.

I wish you couldn't figure me out,
But you always wanna know what I was about.
I wish you'd hold my hand when I was upset,
I wish you'd never forget the look on my face when we first met.

I wish you had a favourite beauty spot that you loved secretly,
'Cos it was on a hidden bit that nobody else could see.
Basically, I wish that you loved me,
I wish that you needed me,
I wish that you knew when I said two sugars, actually I meant three.

I wish that without me your heart would break,
I wish that without me you'd be spending the rest of your nights awake.
I wish that without me you couldn't eat,
I wish I was the last thing on your mind before you went to sleep.

All i know is that you're the nicest thing I've ever seen;
I wish that we could see if we could be something..."

(Kate Nash - Nicest Thing)

"Coé, mermão, perdeu a noção do perigo?"

Não vi essa PORRA desse filme (despeito)...
Mas também não resisto a um teste, hahahahaha



Copiei da minha musa... rs... Inclusive o resultado é igual... ai ai

A resposta exata

Justo com o cara que nunca fala de amor encontrei as palavras hoje. Eita coisinha irônica...

"Quando o navio finalmente alcançar a terra
E o mastro da nossa bandeira se enterrar no chão
Eu vou poder pegar em sua mão
Falar de coisas que eu não disse ainda não

Quando a gente se tornar rima perfeita
E assim virarmos de repente uma palavra só
Igual a um nó que nunca se desfaz
Famintos um do outro como canibais

Somos a resposta exata do que a gente perguntou
Entregues num abraço que sufoca o próprio amor
Cada um de nós é o resultado da união
De duas mãos coladas numa mesma oração!..."

(Raul Seixas - Coisas do Coração)

sábado, novembro 24, 2007

in.ten.so adj (lat intensu)

Essa música pra mim fala de algo tão fundamental como escrever, como sorrir, como estar com meu filho, como ter pensamentos otimistas, como ver um bom filme que me inspire boas idéias, como ouvir uma música bonita e cantar junto, bem alto, como estar com quem eu gosto e com quem faz diferença na minha vida... Fala de paixão... Fala da urgência da paixão. Uma urgência que te faz perder a vontade de dormir, na verdade faz passar a necessidade de dormir. Você só quer estar ali e viver aquilo tudo, da melhor forma possível, com a maior entrega possível. Até que se consuma, até que tenhamos vivido tudo, e aproveitado tudo, embora na verdade o maior desejo é que aquilo dure para sempre, porque faz tão bem, alimenta, fortalece, engrandece, completa... Fala da paixão que pede pra ser vivida devagar, para que cada pequeno passo, cada pequeno gesto, ganhe significado único, para que cada momento ganhe importância vital. Devagar e com urgência, com calma e ao mesmo tempo com volúpia, com tranquilidade e pressa, assim mesmo, todo ambíguo, as vezes meio confuso, as vezes tão certo que até nos assusta. E cuidar. Cuidar tanto, que quando notarmos que algo difere, que algo mudou no sentimento, a gente consiga parar e ajeitar, e arrumar, e tentar mudar, para que seja sempre perfeito, refazendo, recomeçando, fazendo de cada minuto um começo de conquista, um novo olhar, uma nova descoberta de algo encantadoramente único e especial no outro. E então voltar ao princípio, e retroceder tudo, e se encantar de novo, e de novo. E quando o amor adoecer, deixá-lo recuperar a chama, e medicá-lo com o que for preciso para que de novo nos acolha, e nos acalme, e nos tranqüilize para voltar a seguir nesse caminho de encantamento, e que a paixão sempre nos enfeitice novamente, dessa forma delicada, doce e tentadora, veemente e incoerente. Essa música fala de reencontros, de recomeços diários, e fala tanto em tão pouco, e me alcança tanto com tanta simplicidade, que me emociona profundamente, e só me instiga a buscar a cada minuto um sentimento assim pra mim. É só o que eu quero agora. Seguir encantada, do teu lado, pra sempre, seja lá quanto tempo dure o nosso sempre.

"Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu..."

(Chico Buarque - Todo sentimento)

sexta-feira, novembro 23, 2007

Ai shiteiru

“Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca [...].”

(Clarice Lispector)

Tem horas em que eu tenho vontade de subir em alguma coisa alta, bem alta, e gritar pro mundo todo. Contar pra todos mesmo. Dividir, comentar, provocar admiração e inveja. E por fim suspirar, satisfeita, com um sorriso orgulhoso e realizado no rosto. Tem outras horas que quero guardar isso tudo bem guardadinho, bem escondidinho, enrolado em papel de seda, conservado, preservado, pra eternidade. Um sentimento egoísta mesmo. Meu! Só meu! E por fim suspirar, satisfeita, com um sorriso misterioso e realizado no rosto. Público ou privado, exibido ou bem disceto, o sorriso estará lá. Porque não dá mais pra apagar não...

Argh!!! Tô tão feliz!!!!!!!!! Que até dói!!!!!!! uff...

Redemption

Não me culpe, por favor. Não me culpe por eu estar feliz. Não me culpe pelo seu estado. Não me culpe pelas suas escolhas. Não me culpe pelo que você deixou de fazer, nem pelo que fez demais. Não me culpe por ser diferente. Não me culpe por acreditar enquanto você desistia. Não me culpe por estar sempre lá, mesmo quando você não estava mais. Não me culpe por não ter visto a situação da mesma forma que eu via. Não me culpe pelo meu cansaço e desânimo, nem pelo seu tédio e descrença. Não me culpe por desistir de tentar, de bater a minha cabeça no chão, de arrancar meus cabelos. Não me culpe por não querer mais gritar, nem chorar, nem ter portas batidas na minha cara. Não me culpe por não querer mais estar só. Não me culpe pelo que deu errado, as escolhas nunca foram só minhas. Nunca. Não me culpe pelo tempo, ele passa sozinho, eu só sento e espero. Não me culpe pelas suas lágrimas, elas também escorrem sozinhas e eu não tenho como fazê-las parar agora. Não me culpe pelo que eu não consegui fazer. Não me culpe por ter desistido. Não pense que a culpa é toda sua também, não é. Mas me livre dessas mais injustas, dessas que maltratam. Erramos juntos, erramos os dois em muitas, muitas coisas, e acertamos em muitas outras também. Só tá meio difícil de ver agora, mas é sempre assim, não é? Deixe as coisas mais leves agora, por favor, estou precisando tanto desse momento. Me livre de ter que pedir perdão, se assuma um pouco também, só vai te ajudar, só vai me ajudar, pode acreditar...

Ok... Por essa mágoa toda você pode me culpar... Mas, olha... Não vou pedir desculpas... Não mesmo... Agora não...

"...Um dia desses
Num desses
Encontros casuais...

Talvez a gente
Se encontre
Talvez a gente
Encontre explicação...

Um dia desses
Num desses
Encontros casuais...

Talvez eu diga:
-Minha amiga,
Pra ser sincero
Prazer em vê-la!
Até mais!..."

(Engenheiros do Hawaí - Pra ser sincero)

quinta-feira, novembro 22, 2007

Força Naja!

Tarde de sol em São Paulo, quase raridade nesse novembro chuvoso e frio. Desço com o pequeno até o playground, nada mais justo. Até eu que sou meio avessa ao sol percebo a importância de tirar o moleque do apartamento um pouco. Tirar o mofo. Descemos. Poxa, o programa era descer no play. Entenda como pegar o elevador e ficar aqui mesmo pelo prédio. Claro que fui como eu estava, né. Calça de moletom azul da época do colégio, com a barra cortada, all star preto, meia rasgada e minha amada camiseta dos Comandos em Ação, também azul, mas de uma tonalidade mais escura do que a da calça. Sam Sam estava feliz e contente com suas roupas de ficar em casa. All star preto (yes - filho de pseudo-indie, pseudo-indie será), calça e blusa verde. Relax. Ele brincou o que podia no parquinho, escorregou algumas vezes, balançou outras, deu umas corridas por lá, encontrou florzinhas, coisas de sempre. Depois resolveu ir pra perto da piscina. Lá por perto também estavam três carinhas meio bombadinhos estendidos nas cadeiras tomando sol, rádio ligado no máximo na Jovem Pam (argh), cervejas em volta, parecia até fim de semana. Puff... Diga-me a rádio que você ouve e te direi quem és, meu bem... Já abri a redoma protetora da menininha nerd que sempre apanhava no Play. Fechei a cara, e fiquei ziguezagueando em volta de Sam Sam para que ele não se aproximasse demais. Acontece que sou discípula de Murphy, all right, e por conta disso é claro que ele foi parar lá no meio da playboyzada. Atiro a primeira pedra, sim. Tenho preconceito, sim. Gato escaldado. Conheço os tipos, sei de onde eles vêm, o que eles são capazes de fazer e sei todo o modus operandi. Humilhação, ofensas e etc. Não confio mesmo. Mas enfim... Lá estava eu em território inimigo, e cercada. Um deles ergueu os olhos pra mim por cima dos óculos escuros, e sorriu. Ok, meu amigo, não pense que vai ser assim tão simples, sei muito bem que tipos como você não sorriem pra tipos como eu. É simples, sobrevivência, selva, camarada, é a lei do oeste. Sorriu, é problema, tá rindo de mim. Mentalmente comecei a rever meu vestuário, o cabelo, claro que estava tudo errado para o que ele talvez considerasse normal, mas o que poderia estar chamando a atenção dele? "Rá!" ouço numa voz meio esquisita, quase esganiçada. "Comandos em Ação, cara! Que maneiro!" O encaro de volta. Cerco completo, os outros dois me enxergam, me medem, cabeça aos pés, encontram o motivo do comentário, riem ao mesmo tempo. Mas que droga. "Muito maneira tua camiseta!" Acho que balancei a cabeça, mas foi pra procurar meu filho. Seguro Sam Sam no colo, ok, já chega, basta amiguinhos, a nerd se retira, bravamente. Chego a ouvir um côro do tipo G.I. Joe! E mais gargalhadas, mas já estava leio longe. Batalha perdida, nerdzinha querida, não foi a primeira, não vai ser a última. Não leve pro lado pessoal menina, deixe de lado essa idéia de que eles riem de você. Não é mais isso. Não mais, ok? Agora não mais. Sensações meio ruins pairando como nuvenzinhas. Racional e emocional traçando diálogos esquisitos. Lembrando de cenas que eu não gostaria mais de lembrar. Pelo menos saí sem nenhum arranhão. Saímos, filho. Olho pro meu pequeno. Apesar de tudo, quero muito que ele seja como eu. Mais espertinho, talvez, mas ainda assim como eu. Camiseta do G.I. Joe e tudo. Sem Jovem Pam, sem risos, sem bulling. Versão melhorada, quem sabe, né? Vou torcer. Torço pro meu filho saber se virar melhor do que eu. Nossa. Não quero que ele sofra... Mas ele vai se dar bem sim, que o guri é tarrudinho e marrento, tem personalidade... Vai quebrar playboy em dois pedaços... rs... Ai ai... Espero...

Dulcíssimo

Privilégio. Te ter assim tão perto, e me deixar ir tão longe. E me dizer tanto, de formas diversas, mesmo se calando, e ainda assim contando segredos tamanhos. Ser diferente dos outros, e se mostrar pra mim de forma tão particular. Rir comigo, dessas coisas que ninguém mais entende, e nem precisam. Bobos são eles, todos os outros, que caminham em seu próprio tempo, ao qual somos alheios agora. Ainda bem. Privilégio te completar frases, e deixar que leia meus pensamentos. Nada mais justo, já que é parte predominante deles. Que sorte a minha, que sorte. Me ver transfigurada em versos e palavras desconhecidas, mas tão familiares, tão minhas, porque são suas. Vantagem minha ter seus abraços, porque eles são meus agora, por direito, e assim vou interpretá-los. Que graça, sentir-me compreendida, porque sei que você sabe me ler, e não só me lê, como me interpreta, e me devora as palavras, e anseia por elas, e assim me sinto absorvida e em paz. Minha paz.

Vezenquando me dói

"...sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus como você me doía vezenquando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando olhando pensando meu deus ah meu deus como você me dói vezenquando"

(Caio Fernando de Abreu - Harriet)

quarta-feira, novembro 21, 2007

*suspiros*

"Eu gosto do claro
quando é claro que você me ama
Eu gosto do escuro
no escuro com você na cama
Eu gosto do não
se você diz não viver sem mim
Eu gosto de tudo,
tudo que traz você aqui
Eu gosto do nada,
nada que te leve para longe
Eu amo a demora
sempre que o nosso beijo é longo
Adoro a pressa
quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade
quando ela está pra terminar
Baby, com você já, já

Mande um buquê de rosas,
rosa ou salmão
Versos e beijos
e o seu nome no cartão

Me leve café na cama amanhã
Eu finjo que não esperava
Gosto de fazer amor fora de hora
Lugares proibidos com você na estrada

Adoro surpresas sem data
Chega mais cedo amor
Eu finjo que não esperava

Eu gosto da falta
quando falta mais juízo em nós
E de telefone,
se do outro lado é a sua voz
Adoro a pressa
quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade
quando ela está pra terminar
Baby com você chegando já..."

(Helena Elis - Lugares Proibidos)

terça-feira, novembro 20, 2007

Just a little girl

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

(Clarice Lispector - trecho de "Aprendendo a Viver")

Às vezes eu sou tão criança, tão menina... Me sinto pequenininha mesmo. Até meio perdida... E sim, eu quero ser protegida. Mimada. Paparicada. Quero deixar de lado esse lado de mulher forte e que aguenta as complicações todas por um tempo. Quero ser aquela garota, quero que ela surja por aqui, mas dessa vez sem tanto medo, sem tanto susto. Que ela volte mais alegre, dançarina, rodopiando num vestidinho alegre e repetindo versinhos de amor. Pedindo por um colo, um carinho, um abraço apertado. E aceitando esse abraço, por puro prazer, não por receio. Quero ser amparada e cuidada, quero mão pra segurar a minha quando passa filme de terror. Quero zelo. Quero cuidado e proteção mesmo. Me sentir segura. Pra poder sonhar em paz, dormindo ou acordada. Não tem nada a ver com submissão ou inferioridade. Tem a ver com carinho mesmo, com vontade de ser de alguém e de sentir que tem alguém que é meu, só meu, e que está ali só pra mim, só por mim. Sem ficar me machucando demais com essas idéias adultas e maduras. Só sentindo e sendo sentida, só aproveitando mesmo. Pra que o momento não se perca, e não seja esquecido. Será que é assim tão difícil?

"...Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha, e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor
Baby, baby, baby, baby
O que fazes por sonhar
É o mundo que virá pra ti e para mim
Vamos descobrir o mundo juntos baby
Quero aprender com o teu pequeno grande coração
Meu amor, meu amor..."

(Legião Urbana - Primeiro de julho)

segunda-feira, novembro 19, 2007

Trapezista

A necessidade de tornar aquilo tangível sempre existiu. Sempre permaneceu ali, caminhando paralelamente ao desenrolar da situação. A princípio achava que era a minha impaciência e veemência agindo de novo. Mas não. Era algo compartilhado. Não queria que fosse sofrido, mas às vezes é sim. A impossibilidade de dividir as coisas pequenas atrapalha como nunca achei que fosse acontecer. Uma necessidade de cotidiano quase insana. Ver acordar, esperar dormir, almoçar, trocar a lâmpada, ir no mercado comprar sabão, ver novela, qualquer dessas coisas idiotas e simples. Algumas que eu nem gosto. Eu falei novela? rs... Partilhar mais do que a idealização, dividir um pouco da nossa verdade. Aquela que ainda não aparece muito, porque fica rodeada por essas nuvens fofinhas de perfeição. Uma vontade muito forte, incontrolável, desejo de correr pra lá, rápido, sem deixar muito tempo pra pensar, porque a gente quando começa a pensar... Não presta. E olha que eu nem sou das mais racionais desse mundo. Ah, eu não. Eu saio voando por aí, às vezes é melhor me segurar um pouco mesmo. Mas às vezes não dá pra segurar muito tempo não. Os pézinhos de quem está segurando saem voando atrás, flutuando um pouquinho junto. Não evito, não tá em mim. Mas definitivamente me agrada ter uma perspectiva. Planos mais concretos e felizes avistados no horizonte deixam esse coraçãozinho menos aflito. Não me importo de esperar, só quero saber mais ou menos pelo que estou esperando, quanto tempo... Onde está? Ah, ali, já posso ver algo. Quase um afago no meio desse turbilhão que vai me fazendo girar, girar. Sei lá. Acho que pensamos demais nos outros e menos em nós as vezes. Mas é difícil se desvencilhar de tudo. Ai, quanta coisa, que cabeça mais desordenada. Desordenadamente e incrivelmente feliz da vida, assim, estou. Não tente entender, não agora. Talvez daqui uns tempos faça algum sentido. Quando ficar mais concreto, até mesmo pra mim.

"(...) era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora, eu queria ser trapezista.
minha paixão era o trapézio. me atirar lá do alto na certeza de que alguém, lá em baixo, seguraria minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo, mas eu morria de medo.
tinha medo de tudo, quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos...
aquela gente encantada que chegava e seguia... era disso que eu tinha medo: do que não ficava para sempre."

(Antonio Bivar, trecho de "Era uma vez")

sábado, novembro 17, 2007

Lista de Supermercado

Não. Essa música não mudou de dono, não. É contigo mesmo. Só mudou o sentido mesmo. Um amor diferente, agora. Amor de amigo. Sinto sua falta e não entendo direito a sua distância sempre tão próxima. Sua presença ausente. Nunca entendi na verdade. Mas tô meio cansada de ficar tentando entender também. Talvez amanhã eu tente de novo...

"...You're never with me
you're never near me
What time is it?
What time?
Whose time is this?
Give yourself a chance to breathe
I'll give you the room you need

You're never here
You're never near here
What day is this?
What day?
Whose day is this?
Put me in your supermarket list
I'm here, I'm real, it's true, I do exist

Today you may feel a little sleepy
Maybe the morning is too soon
I guess I'll have to borrow
One of your sunny afternoons
But afternoons they never come
There's nothing left for me to borrow

I guess I'll try again tomorrow...

You're wasting me
You're breaking, you're wasting me
Can this be love?
Is this?
Whose love is this?What is wrong with you?
I don't know
No place in you for me
And me, I need you so

And if you want to be by yourself
No one disturbing, that's alright
I guess I'll have to borrow
A little of yourself tonight
But tonight it never comes
There's nothing left for me to borrow

I guess I'll try again tomorrow
It may seem a little hollow
But I'll try again tomorrow

There's nothing left for me to borrow
I guess I'll try again tomorrow..."

(Silence 4 - Borrow)

What do you think, that I wrote this song about you? Are you nuts?

I'll never forget this one night thing

"Journalist: Do you consider the book to be autobiographical?
Jesse: Uh, well, I mean... isn't everything autobiographical?"

Você vai perder o seu avião, baby. Porque a vida é como um filme de vez em quando. Um desses extremamente românticos sem extrapolar na pieguice. Porque eu não sei mais o que eu consigo fazer sem você aqui por perto. E nem sei mais se eu quero. Porque fico olhando para as paredes e te procurando nesse silêncio todo. E com vontade de ficar em silêncio. Não aguento mais repetir, não quero que as palavrinhas percam seu alcance. Mas não posso silenciar se você não tem como saber.

Celine: You know what I want?
Jesse: What?
Celine: To be kissed.
Jesse: Well I can do that.

"...Let me sing you a waltz
Out of nowhere, out of my thoughts
Let me sing you a waltz
About this one night stand

You were for me that night
Everything I always dreamt of in life
But now you're gone
You are far gone
All the way to your island of rain

It was for you just a one night thing
But you were much more to me
Just so you know

I hear rumors about you
About all the bad things you do
But when we were together alone
You didn't seem like a player at all

I don't care what they say
I know what you meant for me that day
I just wanted another try
I just wanted another night
Even if it doesn't seem quite right
You meant for me much more
Than anyone I've met before

One single night with you little Jesse
Is worth a thousand with anybody

I have no bitterness, my sweet
I'll never forget this one night thing
Even tomorrow, another arms
My heart will stay yours until I die

Let me sing you a waltz
Out of nowhere, out of my blues
Let me sing you a waltz
About this lovely one night stand..."

(Julie Delpy - A Waltz For a Night)

sexta-feira, novembro 16, 2007

Sussurro

"Já me acostumei com a tua voz
Com teu rosto e teu olhar
Me partiram em dois
E procuro agora o que é minha metade

Quando não estás aqui
Sinto falta de mim mesmo
E sinto falta do meu corpo junto ao teu

Meu coração é tão tosco e tão pobre
Não sabe ainda os caminhos do mundo

Quando não estás aqui
Tenho medo de mim mesmo
E sinto falta do teu corpo junto ao meu

Vem depressa pra mim
Que eu não sei esperar
Já fizemos promessas demais
E já me acostumei com a tua voz
Quando estou contigo estou em paz
Quando não estás aqui
Meu espírito se perde, voa longe"


(Legião Urbana - Sete Cidades)

quinta-feira, novembro 15, 2007

Ufa

Mas aí, tudo passa. Vem como uma onda, devagar, serena, mas que quando quebra invade tudo, é forte, é intensa demais, não tem como eu conter. Quando eu vejo já estou completamente envolvida novamente. E é a melhor sensação do mundo. A melhor. As coisas estão mais tranquilas. Por favor, não me deixe duvidar de mim novamente. Não deixe. A sensação de estar sozinha é ruim demais. Fica aqui comigo, fica? Boiando...

"Dane-se a hora, se é cedo se é tarde
Dane-se a capa, a foto, o encarte
Dane-se o mundo, o raso, o profundo
Dane-se nada,
Dane-se tudo,
Quando você está aqui
Dane-se o mundo
Quando você sorri..."

(Daniela - Biquini Cavadão)

argh

Odeio minha ansiedade. Ela dificulta a minha percepção das coisas. Tudo adquire significado próprio, que eu mesma crio. Fantasio histórias completas dentro da minha cabeça tentando encontrar respostas para as coisas que eu não consigo resolver sozinha e que não tenho paciência para esperar que encontrem seu próprio rumo. Isso fora os sintomas no corpo, nossa, me faz mal, fico muito agitada, meio intolerante talvez. Sem paciência pra algumas coisas que caminham no seu próprio ritmo. Tem horas que tenho vontade de chorar. Porque tento controlar o mundo e ele me escapa, e isso me deixa maluca.

"Não sei esperar, não sei esperar
E a minha vida é um engarrafamento
Se tenho uma festa às 10
8:30 já estou pronto
Fico balançando os pés
Sentado na beira da cama
O tempo não passa pra mim
Quero mais velocidade
Várias coisas ao mesmo tempo
Não quero esse bonde lento..."

(Cazuza - Alta ansiedade)

quarta-feira, novembro 14, 2007

Somniu

É... Eu sou meio desconfiada com músicas. Sou mesmo. Elas são como as pessoas pra mim. Precisam me conquistar aos pouquinhos. No começo é meio que uma estranheza, a gente fica se descobrindo, sentindo, tateando. Há sempre uma certa desconfiança, um pé atrás. Assim, de cara, tenho certeza de que não gosto. De nada. De ninguém. Avessa às novidades, pobre menina de cabecinha fechada. rs... Mas aí de repente parece que alguma coisa se encaixa aqui dentro. Parece que aquela sonoridade toda vai fazendo sentido, me remetendo a algo guardado em algum lugar escuro que eu não alcançava ainda, ou não lembrava mais. Parece que aquela mistura de pele, ossos, nervos, coração e fluidos corporais variados começa a fazer algum sentido diferente também. Fica especial. Faz diferença. Dá sentido. É como se eu descobrisse de novo, música e pessoa, é como se elas de repente começassem realmente a finalmente existir pra mim. E então aquele conjunto de acordes começa a fazer parte da minha vida de um jeito meio diferente, especial. Como se não tivesse mais jeito de continuar a viver normalmente e passivamente sem aquele som. E muito menos sem aquela pessoa. Daí vem a parte obssessiva. Ouvir, ouvir, ouvir, seguidas e seguidas vezes até dissecá-la toda, até perceber sentido em cada nota, em cada verso. Estar junto, junto, junto. Estar ali até que o corpo não aguente mais, tentando aproveitar pelo menos um pouquinho mais daquelas sensações novas todas, mesmo sem entender nada, sem conseguir explicar nada racionalmente. Dá pra explicar paixão? Ainda não achei as melhores palavras... E aí elas aparecem, canção e pessoa, surgem flutuando na minha mente, sem nem marcar hora mais. E fico ali, cantarolando e sorrindo. E foi assim que me apaixonei por uma música poesia e por uma pessoa poeta. E são os acordes suaves, viajantes, relaxantes e quase alucinógenos dessa música que ultimamente me fazem sentir sonhando, e o melhor de tudo é saber que posso dormir em paz, porque enquanto meus olhos estão fechados, sei que tem alguém me olhando, me protegendo, me cuidando...

"A cloud of eiderdown draws
around me softening the sound.

Sleepy time, and I lie,
With my love by my side,
And she's breathing low.

And the candle dies.

When night comes down, you lock the door.
The book falls to the floor.

As darkness falls and waves roll by,
the seasons change.
The wind is warm.

Now wakes the owl.
Now sleeps the swan.
Behold a dream, the dream is gone.
Green fields, a cold rain
is falling in a golden dawn.

And deep beneath the ground,
The early morning sounds,
And I go down.

Sleepy time, and I lie,
With my love by my side,
And she's breathing low.

And I rise like a bird in the haze
when the first rays touch the sky.

And the night wings die."

(Roger Waters, David Gilmour - Pink Floyd - Pillow of Winds)

terça-feira, novembro 13, 2007

Perfieção

A perfeição é chata. Os versos milimétricos, as bailarinas que não têm piriri nem lombriga, nem medo de cair. Aquela pessoa que não erra, que não se assume humana. A roupa engomadinha, limpinha, a casa perfeita, imaculada. Pose pros outros, status quo do caramba. Coisa de engravatados, de cultivadores de gavetas narcisistas. Eu gosto mesmo é de gente que pulsa, que existe, que tem defeitos, um monte deles. Gosto de música desafinada, engasgada, emocionada. Gosto da Elis chorando, do Marcelo Camelo (Los Hermanos) desafinando e errando o acorde, gosto da Vanessa Krongold (Ludov) berrando de olhos fechados, do Nenê (Dance of Days) escalando o palco, se descabelando, perdendo o sapato... Até da Pitty arfando e de língua presa eu gosto. Me encanta a humanidade. Não quero ídolos, modelos a serem seguidos, quero pessoas como eu, que caem e levantam que se machucam e se frustram, e erram a letra, e encaram a personagem, e rastejam e choram. Quero o rímel borrado, de tanto chorar de felicidade. Nada mais chato do que o acabamento perfeito. Aquele photoshop disfarçando tudo. Quero meu cabelo revoltado pela manhã, minhas olheiras sem maquiagem, minhas orelhas de abano, tudo que não é modelo, não é padrão, mas que é meu... Meu desconhecimento de tantas coisas, ainda bem! Não quero saber de tudo não... Tenho tanto o que aprender... Quero ser eu mesma... Aquela de verdade, que sangra e sofre e ri e tem dias que não escreve uma porcaria só que preste. E tem dias que ganha o Pulitzer. E nem liga. Só liga o foda-se, sempre... Não quero saber tudo sobre tudo, quero poder aprender, ensinar... Quero a minha calça de barra por fazer, arrastada fielmente pela rua, atrás do meu all star vermelho e encardido, que conta mil vezes mais histórias do que o teu sapatinho de madame que não pisa na lama. Gosto de gente simples. Que se assume imperfeita, porque é assim que tem que ser. Arre! Basta de semi deuses, como disse o poeta. Que também errava, e como errava. E também buscava por gente de verdade nesse mundo certinho, politicamente correto, vendido, mundinho de aparências mais chato. Eita, e viva a revolta! Rasgue a fantasia você aí também.

"...Se o gramado ao lado
Todo esverdeado
Parecer melhor que o seu
Tome mais cuidado
Com esse mal olhado
Não venha cuspir no meu

Um olhar sobre o muro
Seu jardim já morreu
Deixe de ser tão inseguro

A casa está cheia de flores e você nem percebeu...

Não quero o seu conselho
Em mim mesmo me espelho
Não dou chance ao teu azar
Minha alegria
É saber que algum dia
Você ainda vai despertar

Um olhar sobre o muro
Seu jardim já morreu
Deixe de ser tão inseguro

De que vale plantar
Se você não colher?

É preciso esperar pra ver
Molhar, proteger
É preciso esperar pra ver
Brotar, florescer
É preciso esperar pra ver..."

(Gramado - Ludov)

Um post assim, meio irritadinho...

Liste as 7 coisas que você mais odeia na internet!

(questão pessoal – por que será que são sete e não cinco e nem dez coisas, hã? Hehehe... Mistério! Mas ok, como estou sem fazer nada, vamos tentar...)

1 – Miguxinhaxxxx.....Genti qui fala axim, moxuuuu... Argh... como pode? Será que o passar dos anos me deixou intolerante ou as pessoas não tem o mínimo de noção mesmo? Não confundam com internetês. Não tenho problemas com isso não, ainda mais depois que comecei a conversar no msn usando uma mão só (amamentando)... Internetês, ok! Miguxês, não!!!

2 – E-mails que eu NÃO QUERO receber – estando inseridas nessa categoria os powerpoints, as correntes, as lendas urbanas, as piadinhas velhas e sem sentido e outras coisinhas “agradáveis” do gênero. Affe, tão bom receber um e-mail de autoria própria... Original, só pra você! Ai ai... Não, não tem nem comparação... Da próxima vez escolham essa opção, crianças!

3 – Reply for all... ok, o sem noção maior foi o bestão que mandou e-mail com cópia em aberto para toda a humanidade, mas tem coisa mais chata do que receber respostas aleatórias de pessoas que você desconhece? *acenando para o céu* Argh, alguém aí em cima, hello, dai-me paciência!!

4 – Abuso de Caps Lock... Nossa senhora da falta de noção, iluminai-vos, eles não sabem o que fazem! Ou se preferir a versão em “português bem claro”... Vai gritar com a mãe, infeliz!

5 – Smiles e palavrinhas porpurinadas e dançantes na tela do MSN... Nossa, o que é isso? É mais difícil de entender do que o miguxês... Além de cansar a vista aquelas coisinhas todas balançando, piscando e rodando na nossa tela... Ninguém merece! Reclamo mesmo! E se rolar uma insistência, vai pro ignore...

6 – Scraps de gosto duvidoso no orkut... Ok, sou chata. Vai mandar videozinho pra tua vó, não vou clicar em porra nenhuma, mostra essa foto pra outro, pega essa imagem engraçadinha, imprime e põe na tua mesa de trabalho, ô pessoa desafortunada! Sem tolerância mesmo... Acho meio invasivo... Como vocês podem perceber, eu sou uma mala... O máximo que eu aceito é até utilizo de vez em quando são os links... E olhe lá!!!

7 – Gente folgada. Mulher folgada principalmente. Tem homens que também são, mas em geral a mulherada é pior. Não se toca, não percebe, não tem noção do que está fazendo... Chateia mesmo. Podem incluir aí também pessoas que passam dos limites achando que por estarem escondidinhas atrás de uma tela podem falar qualquer coisa pra qualquer pessoa. Tsc tsc... Não é assim não, mermão... Toma teu rumo! Ah, e coloquem nessa categoria também aquelas pessoas que não entendem um fora, um “não”... Argh... Coisa chata, meuuuu... Não é não, queridão! Chama a próxima da fila, já era, agradecemos a preferência, ok?

Tudo numa coisa só

"Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
Bem vindo ao teatro mágico!
sintaxe a vontade..."

Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre
toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto ou indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas é aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua prece
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônica
e de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro
até porque...

tem horas que a gente se pergunta...
por que é que não se junta
tudo numa coisa só?

(Sintaxe a Vontade - Fernando Anitelli - O Teatro Mágico)

segunda-feira, novembro 12, 2007

Só pra lembrar

"Me leve às estrelas sem pensar
que amanhã tudo pode mudar.
Me deixa sonhar em paz
porque eu já não penso em acordar."

(Nenê Altro - Dance of Days - Me leve às estrelas)

Ártico

Agora toda vez que eu resolvo sair de casa é assim. Frio. Garoa. Ok, estamos em São Paulo, mas é primavera, oras... Caminho pela rua achando que deveria ter colocado um casaco mais grosso. Frio. Passo pela oficina mecânica, olho para a gaiola onde sempre encontro um canário. Gaiola vazia. O pássaro não está. Estaria escondido? Será que morreu? Fugiu? Prefiro nem pensar. Acelero o passo. Frio. Um homem fuça em sacolas cheias de lixo enquanto as pessoas cuidam de suas vidas, fazem compras, caminham para o trabalho ou para o banco, como eu. Triste de ver. Ele se mescla com a rua, com a cidade, é quase invisível, parece que ninguém o enxerga ali. Só eu. Frio. Na porta da empresa de segurança, os carros-forte vão saindo, um por um. Passo por eles, ando por ali como se fosse normal caminhar entre a mira de dois fuzis. Não duvido que eles atirassem, se fosse preciso, sem se importar em quem estivesse na frente. Poderia ser eu. Frio. Chego no banco, lotado, pessoas mal humoradas, assim, logo cedo, a porta me bloqueia, o vigia me encara. Que será que ele pensa enquanto me manda , com um gesto, do outro lado do vidro, abrir a mochila? Faz cara de poucos amigos quando vê a bolsa aberta com um celular, um guarda chuva e uma mamadeira de nenê. Frio. Pago as contas com a máquina. Dígitos, senhas, valores, códigos, tela gelada, voz metálica, recibo rápido. Pronto. Cidadã exemplar. Frio. Saio do banco e o vento dá uma piorada. Aqueço os braços, o farol está aberto pra mim, mas o motoboy está com mais pressa. Desvio dele, e ele de mim. Ainda bem que não escolhemos o mesmo lado. Ele me observa passar, olhos sérios atrás da viseira do capacete preto. Frio. Pixações antigas cobrem as paredes das casas. O que eles queriam gritar quando escreveram aquilo? Por que será que elas não me dizem nada? Um porteiro cochila atrás da grade exagerada da guarita. Estará ele protegendo ou sendo protegido? A senhora gorda, moradora de rua, que vive no muro encostado à fábrica, está com fones de ouvido. Alheia, escuta música, balança a cabeça, no ritmo. Procuro um rádio que não encontro. Será que a música está só dentro da cabeça dela? Frio. Volto pra casa sem ter dito nada, meio sem palavras, só com uma sensação ruim de quem precisa falar tanta, tanta coisa, de quem precisa quase berrar por ajuda. Pra não morrer congelada.

"Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados de um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?

Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle..."

(Adriana Calcanhoto - Esquadros)

domingo, novembro 11, 2007

Num dia, assim, meio EMO... rs

"...Diz que não é tarde
Diz que não vai começar
a dizer que já vai...
Comece uma frase
e eu te digo outra vez mais:
"Tudo bem... Tanto faz..."

Diz pra mim que você vai estar lá
sempre pra me segurar
se eu deixar que
me atires rumo ao céu...
Me diz, que eu vou acreditar...

E nem vou pensar se me chamar
pra fugir contigo outra vez...
Não vou pensar se amanhã
a certeza será talvez.

Há tanto medo agora
que vamos ver o que restou
após a tempestade...

Tanto se fez perder...
E é tão errado
escolher o deserto
pra ancorar nossas pernas.

Não permita
que a solidão me seja o fim
ao gritar por teu nome.
Diz que eu vou guardar-te sempre
em meu rosto, este mesmo olhar

Comece uma frase Sofia,
qual aquelas que acendiam estrelas
Me deixa uma vez mais
encantado pela voz que vence madrugadas.

Ah... Sofrer em teus braços
seria o meu prazer
Viver em mil pedaços
seria tudo pra mim..."

(Nenê Altro - Dance of Days - Adeus Sofia)

sábado, novembro 10, 2007

Ventura

Segurou, finalmente, as mãos dela. Era a primeira vez que aquelas mãos se encontravam. Tomou-as entre as suas com delicadeza e doçura. Aquelas mãos pareciam ter sido feitas para isso, afinal. Para estarem ali, entre as dele. Amparou-as com zelo, dedicação e cuidado. Entrelaçou seus dedos nos dedos dela. Ambas estavam tão frias. Suavam frio. Tinha vontade de aquecê-las. Seria capaz de passar horas e horas ali, segurando aquelas mãos, sentindo a textura de sua pele, observando cada dedo, tentando definir a cor das unhas, a combinação de tintas que se fizera para alcançar tal tonalidade, nem vermelho, nem castanho. Seriam cor de café? Desejava permanecer ali, parado, estagnado, congelado naquele momento tão necessário, somente apreciando a sensação de tê-la ali, tão perto, tão próxima. Algo tão simples, mas ao mesmo tempo tão notável. Gesto tão banal, tão comum, frívolo até. Mas que naquele momento adquiria importância tão monumental, caráter tão essencial. E por si só bastava. E era só o princípio de tudo, e ainda haveria tanto mais...

"...Consta nos astros, nos signos, nos búzios
Eu li num anúncio, eu vi no espelho,
tá lá no evangelho, garantem os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta nos autos, nas bulas, nos dogmas
Eu fiz uma tese, eu li num tratado,
está computado nos dados oficiais
Serás o meu amor, serás a minha paz
Mas se a ciência provar o contrário,
e se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir em nos separar
Danem-se os astros, os autos,
os signos, os dogmas
Os búzios, as bulas, anúncios,
tratados, ciganas, projetos
Profetas, sinopses, espelhos, conselhos
Se dane o evangelho e todos os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz ..."

(Chico Buarque - Dueto)

Trapézio

Pra ouvir, assim, 20 vezes seguidas sem cansar...
Estava com saudades de Cordel...

"Sou palhaço do circo sem futuro
Um sorriso pintado a noite inteira
O cinema do fogo
Numa tarde embalada de poeira

E a lona rasgada no alto
No globo os artistas da morte
E essa tragédia que é viver, e essa tragédia
Tanto amor que fere e cansa

Circo pegando fogo
Circo pegando fogo
Circo pegando fogo
Circo
(Palhaçada)"

(Cordel do Fogo Encantado - O palhaço do circo sem futuro)

sexta-feira, novembro 09, 2007

Relicário

Putz... É tão bonitinho. Até me faltam palavras pra explicar. Mas normal. De mim elas sempre correm. Vão todas pra ele. Ele conhece todas elas, as mais complexas, as mais obtusas, as mais simples, as menos óbvias. E constrói, e lapida com elas, vai enchendo tudo de um significado tão dele. E não é egoísta. Amor lançado, assim, de graça, sem pedir troca mesmo. Eu devolvo porque uso de moeda parecida. Outros recursos, mesmo tema. Bah... Nem sei porque tentar em vão dizer. Um coração. Isso. Um grande coração que caminha suspirando por aí. Com espaço à vontade. Cabem dois sofás, mesinha de centro pra pôr o pé em cima, e mais um bando de tralhas que a gente quiser levar. E frigobar. É enorme. Mesmo. Desses corações que distribuem abraços. Mas não assim, pra todos, todo tempo. Distribui beijos também. Esses sim, exclusivos. É bem seletivo, quase minucioso. Mas quando abre a porta, nossa. A gente decide que vai ficar mesmo. Como sair? Como se afastar? Como definir uma saudade de quem não se vê? Não se ouve, não se toca, não se sente. Não. Mentira. Sentir é mais do que frequente. Ah, deixa pra lá... Não sei também. Mas morro tentando, aqui, suando, buscando as formas. Uma falta de ar... E taquicardia... E a presença? Como uma presença é tão forte, assim, sem estar? Mas está. Está aqui, ali, e ali adiante também. espalhado em pedacinhos por todos os lugares. Trechos dele que carrego comigo e vou reconhecendo por onde passo. E está aqui também. É, aí mesmo. Nossa. Forte. Forte presença. E surpreende. Porque nunca é igual. Não tem resposta que se adivinhe, é sempre surpresa, novidade, dia de aniversário com brigadeiro e guaraná com todo mundo escondido atrás da porta e... Surpresa! E, ah, é de uma força tão grande, que chega a confortar. Deixa tranquila, serena, mas ao mesmo tempo resseca a boca e me faz gaguejar. E rir. Rir, rir, gargalhar, até não aguentar mais. E chorar. Pela impotência da situação, pelo medo. Putz. Eu entendo. Juro. Eentendo, compartilho, e vibro cada vez que um deles se supera. Em mim e nele. Torci tanto pra isso, nossa. Não conseguia entender. Dava pra ver o potencial, eram poucas vezes que ele deixava, mas eu via. Talvez ele estivesse deixando de propósito, porque queria me ver instigada a descobrir. Táticas. De quem passa até a ler horóscopo se preciso for, de quem filosofa e teoriza até sobre o que nunca viu nem viveu, só porque acha legal opinar, participar, dividir. De quem resmunga, como um menino contrariado. Menino. Que velho, que nada. Menino de tudo, de tudo. Eu que sempre fui meio cega. Anos e anos meio cega, mas porque era assim que tinha que ser. E não pára, e não acaba, e é sempre novo... Suspiros... Durante a tarde, na madrugada inteira, inteira, porque o sono dá até trégua. Se apiedou de nós, talvez. Compartilho tantas coisas. E discordo em tantas também, mas ai, assim que é bom, assim que faz valer. Tava difícil mas saiu assim, meio complexo, meio cheio das minhas subjetividades, que é pra ele ficar avaliando cada sílaba, cada ponto. Queria mandar pro mundo ver, mas não. Porque é meu. Meu. Meu tesouro guardado. Aff... Dá vontade de mandar embrulhar e trazer ele pra casa. E guardar. E sempre que se precisar de mais um sopro de vida, desembrulhar, e admirar. E suspirar.

"É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o A de que cor?

O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou

E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar
Onde eu não vou

O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso deste amor

Corre a lua porque longe vai?
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite

Porque está amanhecendo?
Peço o contrario, ver o sol se por
Porque está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for

Quem nesse mundo faz o que há durar
Pura semente dura: o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou

O que você está dizendo?
Milhões de frases sem nenhuma cor, ôôôô...
O que você está dizendo?
Um relicário imenso deste amor

O que você está dizendo?
O que você está fazendo?
Por que que está fazendo assim?
...está fazendo assim?"

(Nando Reis - Relicário)

Once upon a time...

Era uma vez, num mundo distante de faz de conta onde as nuvenzinhas eram cor de rosa e com sabor de algodão doce, uma linda princesinha com cabelos de boneca e olhos de primavera. Essa linda menininha tinha um diário mágico, um caderno secreto onde ela escrevia sobre seus sonhos, seus desejos, suas vontades, suas tristezas e devaneios. Todos os dias a princesinha se sentava na janela de sua torre, com seu caderno nas mãos, rodeada de canetinhas, lápis de cor e crayons das mais variadas cores, e ali deixava que a imaginação a levasse para onde ela bem entendesse. Ia longe a princesinha, revivia o passado, imaginava o futuro, visitava terras distantes e repletas dos perigos mais variados, conhecia príncipes, outras princesas como ela, fazia amigos fiéis e enfrentava os mais perigosos monstros. Sonhava com o amor perfeito, suspirava, olhinhos fechados, abraçada em seu travesseiro cor de rosa, cantarolava as mais belas canções perfeitas enquanto rodopiava sozinha pelo quarto, dia e noite, noite e dia. Até que um dia, a princesinha perdeu seu caderno mágico. Por mais que procurasse, não conseguia encontrá-lo. Havia desaparecido! Aterrorizada, a princesinha passou a vasculhar sua torre, a revirar cada cantinho em busca de tão precioso bem perdido. Revirou armários, antigos baús, despejou gavetas, remexeu em estantes empoeiradas, mas nada do caderno aparecer. Já cansada de procurar, parou por alguns segundos na janela. Surpresa, notou pela primeira vez que as nuvens de seu reino de faz de conta não eram mais cor de rosa. Será que também não tinham mais sabor de algodão doce? Parou alguns segundos, perplexa. Mas ela não ficava ali naquela janela todos os dias? Como não havia percebido? Intrigada, desceu, pé ante pé, cada degrau da imensa escada. Abriu devagar a porta, que fez um rangido impressionante. Respirou fundo, e saiu. Assim que ela saiu, um susto, um estrondo, um barulho terrível. As paredes de sua linda torre perfeita e cor de rosa estavam rachando... A princesinha teve vontade de correr e tentar salvar alguma coisa da iminente destruição, mas não teve tempo para nada, só para correr e se abrigar dos destroços e da poeira. Quando, enfim, a poeira baixou ela não tinha mais cabelinhos de boneca, nem era assim tão bonita quanto antes. Porém, seus olhos ainda eram de primavera, ela ainda lembrava alguns trechos de músicas bonitas e sabia como rodopiar. Rodopiou, rodopiou, até cair sentadinha no meio dos destroços. Foi ali, exatamente ali, que achou seu caderno mágico novamente. Também encontrou um pedacinho de crayon cor de rosa. Foi tudo o que sobrou. Mesmo sem saber direito o que fazer, nem como começar, nem onde ia chegar, a princesinha colocou seu caderno mágico debaixo do braço, apertou firme seu crayon nas mãos, sacudiu a poeira de seu vestidinho e resolveu descobrir o que havia detrás daquelas montanhas que antes eram cobertas de marshmallow. Não sabia ainda se ela seria feliz pra sempre como as outras princesas que conhecia, mas que ela iria tentar com todas as suas forças, ah, isso iria.

"Sei que há contas a pagar
E há razões pra terminar
A semana toda ficou para trás
Ela tem trabalhado demais

Como seria melhor
Se não houvesse refrão nenhum
Mas há...

E no seu apartamento
Ela se esquecia de tudo
Parecia uma princesa
Não se importava com o resto do mundo
E largava os pés em cima da mesa

Como seria melhor
Se não houvesse refrão nenhum
Mas há...

E no seu apartamento
Ela se esquecia de tudo
Não havia contratempo
Ela segurava o seu coração
E largava as roupas pelo chão"

(Ludov - Princesa)

quinta-feira, novembro 08, 2007

Redenção

E qual não foi a grande ironia, quando o tempo, que parecia tão certo, fechou, assim, de repente, e a encontrou ali, desprevenida, no meio da rua. Um trovão, um vento, e pronto, lá estava ela. Como se fosse uma tempestade mágica, vinda de lugar algum, saída sei lá de onde. Densa, pesada, a maior chuva de todas, um grande temporal. E ela ali, de sandália, calça jeans e camiseta, mais nada, mais nada, peito aberto. O primeiro instinto foi correr, mas não, não correu. Parou ali, no meio da rua, olhando o céu, buscando seus motivos. Mas que dia, aquele! Sempre o mesmo, mas tão diferente a cada hora... Deixou que ela viesse, que a encharcasse, que inundasse, que fizesse dela o que fosse preciso, que lavasse tudo. E ninguém entendia nada quando via aquela menina ali no meio da rua, da chuva, andando, rindo, sorrindo, gargalhando e chorando, tudo ao mesmo tempo...

Paradoxo

"Ela pára
E fica ali parada
Olha-se para nada
(paraná)
Fica parecida
(paraguaia)
Pára-raios em dia de sol
Para mim
Prenda minha parabólica
Princesinha parabólica
O pecado mora ao lado
E o paraíso... paira no ar

... pecados no paraíso ...

Se a tv estiver fora do ar
Quando passarem
Os melhores momentos da sua vida
Pela janela alguém estará
De olho em você
Completamente paranóico
Prenda minha parabólica
Princesinha clarabólica
Paralelas que se cruzam
Em belém do pará
Longe, longe, longe (aqui do lado)
(paradoxo: nada nos separa)

Eu paro
E fico aqui parado
Olho-me para longe
A distância não separabólica..."

(Engenheiro do Hawaí - Parabólica)

Jump

"Receio que eu não possa ir à festa"
"Por favor, eu lhe peço, não se preocupe com a festa. Nem pense na festa. Me dê sua mão."
"Você tem sido tão boa pra mim, Mrs. Dalloway"
"Richard..."
"Eu amo você. Isso lhe soa banal?"
"Não."
Richard sorri. Sacode a cabeça. Diz: "Acho que ninguém pode ter sido mais feliz do que nós fomos"
Inclina-se um pouco, escorrega delicadamente do parapeito e cai.
Clarissa grita: "Não..."
(trecho do livro "As Horas" - Michael Cunningham)

Roendo as unhas

"Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu..."

(Cecília Meirelles - Lua adversa)

quarta-feira, novembro 07, 2007

Snif...

Bateu uma solidão muito forte. Como se eu não conseguisse mais suportar mesmo. Como se as pernas dessem uma fraquejada, e a cabeça pendesse, cansada. Uma tristeza também. Tristeza chatinha e muito minha conhecida, aquela sensação de que por mais que eu tente, não consigo alcançar as coisas que eu quero porque sempre tem algo que vai me atrapalhar. Tantas coisas misturadas. Me sinto de mãos atadas, não tenho muito o que fazer, só esperar, esperar, ficar aguardando. Odeio isso. Minha ansiedade fica muito forte. Tenho que pensar em tantas coisas diferentes que para isso preciso deixar as minhas próprias vontades quietinhas, caladas num canto, meio paradas. Tenho tantos problemas pra resolver. Os meus e os dos outros, mas parece que os dos outros surgem sempre como mais urgentes, mais graves. E eu vou ficando pra trás. Tenho um pouco de medo. Não quero que fique tarde. Também não quero que seja cedo demais. Não quero que nada dê errado, e por isso qualquer coisinha diferente que aparece pelo caminho que preparo soa como impedimento. Mas eu não quero. Não quero me sentir assim, tão sozinha. Não quero mais ficar triste porque não consigo minhas coisas, mas não estou conseguindo evitar isso agora, nesse minuto.

"...Tanta coisa foi acumulando em nossa vida
Eu fui sentindo falta de um vão pra me esconder
Aos poucos fui ficando mesmo sem saída
Perder o vazio é empobrecer

Talvez eu passe um tempo longe da cidade
Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais
Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás
Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz
Não vou roubar seu tempo eu já roubei demais

Confesso acordei achando tudo indiferente
Verdade acabei sentindo cada dia igual
Quem sabe isso passa sendo eu tão inconstante
Quem sabe o amor tenha chegado ao final..."

(Confesso - Ana Carolina)

terça-feira, novembro 06, 2007

Última

A noite - enorme
Tudo dorme
Menos seu nome

(Leminski)

Gota de mágoa

Atrás de mim na fila do caixa rápido, no supermercado, um rapaz falava no celular. A primeira frase:

- Pôxa, que consideração a sua, héim? Nem fico mais sabendo quando você está de folga...

Uma pausa na conversa, provavelmente com a pessoa respondendo, eu reparando na Grazzi Massafera numa capa de revista.

- Pois é, vim aqui achando que ia te encontrar e descubro que você sai de folga sem me avisar. É assim agora, né? Tá me excluindo da sua vida... (ele fazendo em tom de brincadeira, mas nitidamente meio magoado)

Mais uma pausa. As minhas anteninhas ficam mais atentas. Odeio homem chorão. Coisa mais chata... Eu finjo ignorar a existência das batatinhas Pringles no mundo (tô de regime, oras!)

- Ah, tudo bem, fazer o que, você não me procura mais, nem na sua casa mais eu posso ir agora, né? Sem problemas... Não vou ligar mais também, ok?

Faltam duas pessoas pra chegar a minha vez. Um rapaz me pede pra pegar uma cesta de compras pra ele. Droga... Por que as pessoas sempre me pedem coisas...? Tenho cara de boazinha? Da padaria do mercado vem um cheirinho de pão assando... Perco uma parte da conversa... Sou a próxima, luz acende, não dá mais pra ouvir o papo, quando passo dou uma olhadinha discretamente pro rapaz, um rapaz normal, comprando iogurte, celular na mão e uma aliança de casamento que quase ofusca a minha visão...

Ok, sem pré-julgamentos... Não me interessa saber se ele estava falando com a dona da outra aliança ou não. Provavelmente não, mas não importa agora. Me importa esse tom de cobrança chato... Poxa, você se propõe a ligar para uma pessoa, pra falar com ela, provavelmente porque sentiu sua falta, porque ela faz alguma diferença pra você. Ok... Me diga? Pra que encher essa pobre alma de cobranças, de culpas, de um papo ressentido, chato, bicudo.... Argh... Me diga...

Não seria outra coisa se ele falasse assim: "Oi, tudo bem, nossa, passei por aqui e não te vi, fiquei morrendo de saudades, tô com muita vontade de te ver, então só liguei pra ouvir sua voz mesmo, que bom que você tá bem! Um beijo" Uau, né? Sem transferências de coisas ruins, só de coisas boas, seja qual for essa situação, fica uma coisa leve, tranquila, sem mágoa, sem coisas pesadas arraigadas... Tão melhor...

Ô povo, parem de julgar seus problemas nas costas dos outros, diabos... Carreguem vocês mesmos, cada um sua bagagem, cada um seu fardo... Estar com alguém que se precisa cobrar não é estar pra valer não, foi mal... Ando curtindo muito mais a naturalidade e a simplicidade do que esse peso chato do mundo...

Argh... Meio mal humorada, talvez... Sorry...

"Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa
Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota dágua..."

(Chico Buarque - Gota D´água)

Vendedora de sonhos

Quanto sentido pode ter uma palavra escrita assim, sem grandes pretensões? Quanta força, quanto alcance, qual o poder que ela adquire? Quantos significados, quantas emoções essas palavras juntas podem despertar? Reconheço a força delas, agradeço por conseguirem expressar minha alma de um jeito tão claro. É tão mais fácil assim. Fico tão transparente quando escrevo. E as letrinhas chegam tão longe. Vão mais longe do que eu mesma já consegui... Elas não têm distância, mergulham fundo, bem fundo mesmo, mexem com as pessoas, destroem barreiras, atingem quem têm que atingir e às vezes até quem não tem nada com isso e está por aqui só de passagem... Acalmam meu coração, conquistam outro coração, tanta, tanta coisa só com a junção de algumas letras em frases e de frases em parágrafos. Queria poder viver de escrever, viver mostrando a alma e juntando letrinhas, e viveria tão feliz assim, rabiscando sonhos, com todo o prazer do mundo...

"As frases são minhas
As verdades são tuas
Enquanto te desejo
Me vejo chorando no meio da rua
Beijo teu sorriso num dia de sol
Que entra pela porta
E canta pela janela

Oh meu grande amor de versos perdidos
Murmurando na chuva como um refrão
A noite mãe do dia
Molhava tua boca
Na língua da poesia..."

(Zeca Baleiro - Versos Perdidos)

A boneca cansou

"Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar, ao menos mande notícias
'Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar a minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se
curam
E essa abstinência uma hora vai passar..."


(Pitty - Na sua estante)

Panspermia ou abiogênise?

Algumas teorias afirmam que a vida na Terra se desenvolveu a partir da matéria-prima fornecida por uma chuva de cometas e meteoros que caíram no planeta há milhões de anos. Alguns cientistas afirmam que as primeiras moléculas orgânicas surgiram daí. Outra teoria, aceita como a melhor explicação para a extinção dos dinossauros, diz que mais de 80% da vida existente no planeta foi extinta há outros milhões e milhões de anos como resultado da colisão de um asteróide com a Terra... Essas colisões sem dúvida têm como resultado abalos importantes, crateras imensas, tão grandes que mesmo depois de milhões e milhões de anos ainda podem ser identificadas e estudadas, mas também podem ter sido responsáveis pela origem da vida por aqui. Mas você também pode acreditar no que quiser... Geração espontânea e evolução, Adão e Eva e criacionismo, vá longe... Quanto aos dinossauros, tantas explicações podem ser pensadas para a extinção deles: alterações climáticas, vulcões, seleção natural, evolução fracassada, tsunamis, intervenção divina, vamos por aí, analisando... A grande verdade é que você pode acreditar no que quiser, mas não pode ter certeza absoluta de nada... Mesmo quando um coitado passa a vida batendo a cabeça pra entender, comprovar, dar certeza, em pouco tempo aparece outro maluco contrariando tudo. Ao mesmo tempo que os tais corpos celestes podem trazer a vida, podem tanbém destruir, sempre deixando marcas. Ou não... Tudo só depende do que você vai escolher para acreditar. Te juro que não quero aqui ficar discutindo a origem da vida, que isso é discussão pra mais de metro. Minhas certeza agora é outra, pode acreditar: Não tem explicação, não tem, não tem...

"Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas
Dos planetas
Derrubando
Com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam
Se tratar de um outro cometa...

Não digo que não me surpreendi
Antes que eu visse, você disse
E eu não pude acreditar
Mas você pode ter certeza
De que seu telefone irá tocar
Em sua nova casa
Que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão...

Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia
Sem explicação...

Explicação
Não tem explicação
Explicação, não
Explicação, não tem
Não tem explicação
Não tem!!"

(Nando Reis - O segundo sol)

segunda-feira, novembro 05, 2007

A um poeta

"...Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício.

Porque a beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade..."

(Olavo Bilac -
A um poeta)

Cabeças de alfinetes

"Mais uma vez, em suas hesitações confusas, o que a tranqüilizou foi o que lhe tantas vezes servia de sereno apoio: é que tudo existia, existia com uma precisão absoluta e no fundo, o que ela terminasse por fazer ou não fazer não escaparia dessa precisão; aquilo que fosse do tamanho da cabeça de um alfinete, não transbordava nem uma fração de milímetro além do tamanho da cabeça de um alfinete: tudo que existia era de uma grande perfeição. Só que a maioria do que existia com tal perfeição era tecnicamente invisível: a verdade clara e exata em si própria, já vinha vaga e quase insensível à mulher."
(Clarice Lispector - "Uma aprendizagem, ou O Livro dos prazeres")

É exatamente por isso que eu parei de tentar ficar buscando palavras que descrevessem, que explicassem. Ficaria difícil escapar da obviedade. E obviedade certamente não combina com o que quero dizer. Está lá, oras, que fazer? Já não é mais invisível, porque eu fiz aparecer. Melhor atitude que já tomei nessa vida. A melhor. Tomei-me de coragem. Tornei-me coragem. Até que não doeu tanto assim. E depois... Que suspiro! Que frescor, sinto agora. Revigorada... Os sintomas são um caso a parte. Deixe-os aqui, me lembrando que estou viva. Mas as medições, as explanações, as explicações... Estou meio cansada delas. De nada servirão agora, e nem depois. Quero escrever sem fazer sentido mesmo, ou fazendo um sentido só. É necessário agora. Ter sentido só para quem sabe ler. E mesmo sem as explicações, tudo continua existindo. Não tão milimétrico como uma cabeça de alfinete, mas ali está, e permanece, e permanecerá. Paguei minhas dívidas, não paguei? Agora me deixem aqui, com esse aviso enorme de "Não Perturbe" na porta. Descobrindo que por mais que a gente ache que está sempre preparada pro que der e vier, tem horas que simplesmente não está. Não está e pronto. E vai ser louca de questionar uma verdade dessas?

Das melhores músicas com títulos exageradamente grandes

Fazia tanto tempo que não ouvia DoD... Mas é impressionante como o Nenê sempre escreve pra mim, hehe... Fora que títulos desse tamanho são geniais.. Ai ai...

"...Não é pedir demais querer ficar em paz,
Trancar as portas e dizer pro mundo que morremos.
Fica então aqui, que é tão ruim estar assim
E eu já não quero mais silêncio.

Aumenta o som, que essa música me diz tanto
Que nem sei como não tem seu nome.

Sou uma criatura estranha, com uma solidão tamanha,
Daquelas que sempre tem que estar perto de alguém
Pra conseguir ficar bem, e que quando não tem ninguém faz manha.

São Paulo é assim, mas acho tão bom dormir
Ouvindo a chuva na janela e embaixo das cobertas.
Então me abraça, que é só você que eu quero
E eu quero fazer tudo pra te ver sorrir.

E hoje eu só queria ficar com você,
Aqui mesmo, em casa, vendo tv.
A gente fazendo graça sobre nossos planos
E enganos desses vinte e poucos anos..."

(Nenê Altro - Dance of Days - Essa música me diz tanto que nem sei como não tem seu nome)

Endless day

Ainda não é amanhã.
E daqui a 24 horas também não vai ser.
Talvez nem daqui a 48 horas.
Nem daqui um mês. Ainda vai ser hoje.
Um dia pra ser vivido, aproveitado e sentido.
Um dia especial mesmo.
Dia de escrever poesias sobre o amanhecer do sol.
Dia de falar sobre centauros e sereias,
sobre feridas incuráveis e renascimentos.
Dia de prometer, de esperar,
de agradecer por tudo, de não se desculpar mais.
Dia de simplificar, e de se permitir.
Um dia que nunca se acaba, povoado por
filmes intermináveis e por abraços inesperados.
Um dia cheio de prudência, com alguns
momentos de medo, receio, insegurança...
Mas ainda assim um lindo, lindo dia.

"Through the sleepless nights,
through every endless day...
I remember you"

(Skid Row - I remember you)

domingo, novembro 04, 2007

Constelação

Racional, inteligente, centrado, conhecedor de todos os mistérios, observava a vida passar, deixando de lado sua natureza. Era meio homem, meio cavalo, mas em geral preferia que seu lado selvagem e indomável permanecesse calado, quieto, adormecido. Temia as flechas, e a dor que elas causavam. Tanto temeu, que foi atingido. Ferimento incurável, seu pior castigo. E agora, Quíron ferido? Passará a eternidade sofrendo? Sua sabedoria não consegue te curar? Talvez não houvesse cura, centauro. Talvez o correto seja sucumbir de vez à dor, baixar a cabeça, descer de seu posto de imortal... Talvez descubras que para a dor cessar é preciso morrer e se permitir nascer de novo, dessa vez na forma de estrelas.

"
Mas, veja só
A gente sabe
Esse humor é coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Então, não faz assim, rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai, não..."

(Los Hermanos - Cara Valente)

stars are out tonight

Só agora, só penso no agora. No amanhã eu penso depois, afinal, talvez o amanhã não chegue nunca mais. Não é isso? Foi isso que você disse, pra minha total e completa surpresa, e é nisso que vou me segurar. Com as duas mãos. Pelas adoráveis brechas, pela total confiança, por me entender nas linhas e nas entrelinhas, por se confundir junto comigo, por tudo isso, muito obrigada. Sem desculpas dessa vez, porque não é sempre culpa.

"...Are the stars out tonight?
I can't tell if it's cloudy or bright
'Cause I only have eyes for you
The moon may be high
But I can't see a thing in the sky
'Cause I only have eyes for you
I don't know if we're in a garden
Or on a crowded avenue
You are here, so am I
Maybe millions of people go by
But they all disappear from view
And I only have eyes for you..."

(Harry Warren/Al Dubin - I only have eyes for you)

Sorria

"Você pode imaginar
Você pode pegar no ar
As coisas que eu quero lhe falar

Eu só tenho que olhar você
E assim você vai compreender
Que o mundo vai girando sem se mover

De manhã, seu sorriso irá brilhar
Como o sol, no domingo a me brindar..."

(M. Ross - Cachorro Grande - As coisas que eu quero lhe falar)

sábado, novembro 03, 2007

Oblíqua e dissimulada

"...Você se lembra do clássico desenho animado "A Caverna do Dragão"? Lembra do enigmático Mestre dos Magos, que surgia do nada, soltava uma meia dúzia de frases desconectas sem sentido e sumia, deixando os garotos perplexos e sem saber o que fazer? Pois é..." (Renato Thibes - Teoria Pedestáltica)

É, Casmurro. Vamos com calma aí... Nunca foi simples entender Capitu... Tem horas que parece tão óbvio, tem horas que fico ali, perplexa...

Mas vambora, nada de perder a pose. Um passinho de cada vez. Tô com tanto medo. Dessa vez não vai ter mosh, não vai não... Estou oficialmente apavorada... Muito estranho, muito, muito estranho... Chega a faltar ar... Socorro!


"...E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe para trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos..."

(Legião Urbana - Metal contra as nuvens)

Fique mais...

"...Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas, da minha voz

Não me deixe só
Tenho desejos maiores
Eu quero beijos intermináveis
Até que os olhos mudem de cor

Não me deixe só
Que o meu destino é raro
Eu não preciso que seja caro
Quero gosto sincero do amor

Fique mais, que eu gostei de ter você
Não vou mais querer ninguém
Agora que sei quem me faz bem

Não me deixe só
Que eu saio na capoeira
Sou perigosa, sou macumbeira
Eu sou de paz, eu sou do bem mas

Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz..."

(Vanessa da Mata - Não me deixe só)

I'm not a smart man but I know what love is.

"..Mama says they was magic shoes. They could take me anywhere..."
(Forrest Gump)

Malditos sapatos mágicos. Tudo sua culpa, Forrest... Agora eu acho que posso ir pra qualquer lugar onde quiser... Qualquer um mesmo...

"My Mama always said you've got to put the past behind you before you can move on."
(Forrest Gump)

É. Até que, vendo assim, parece boa idéia...

sexta-feira, novembro 02, 2007

Simples

Jamie: It's my favorite time of day, driving you.
Aurelia: [in Portuguese] It's the saddest part of my day, leaving you.

(Simplesmente amor)

Vacations

Férias pra descansar, férias pra ficar 33 dias sem pensar em trabalho, férias pra passear, férias pra dormir, férias pra tomar vergonha e ir no oftalmologista e depois mandar fazer óculos novo, férias pra ficar com Sam Sam, férias pra comer só a minha comidinha gostosa e nada daquela comida horrível e gordurosa do trabalho, férias para emagrecer, férias pra caminhar com Sam Sam todos os dias, férias pra descer no Play, férias pra papear com os amigos, férias pra pensar, férias pra não pensar, férias pra se apaixonar, férias pra ver filmes, férias pra escrever, férias pra colocar os pés pro alto e sonhar...

Vertigem, vício, tormenta, intoxicação

ai ai...

Acordei com essa música na cabeça hoje...

"...Primeiro era vertigem
Como em qualquer paixão
Era só fechar os olhos
E deixar o corpo ir
No ritmo...

Depois era um vício
Uma intoxicação
Me corroendo as veias
Me arrasando pelo chão

As vezes é tormenta
Fosse uma navegação
Pode ser que o barco vire
Também pode ser que não..."

(Lulu Santos - Casa)

quinta-feira, novembro 01, 2007

Campeão dos Campeões

"...E no ar pairava um forte cheiro de pólvora de foguete e pó-de-arroz. Nada mais me restava a não ser filosofar: "Não se pode ganhar sempre..." (Leminski - trecho da crônica "Uma declaração alvi-verde por um poeta atleticano" - por favor, cliquem aqui e leiam inteira! É maravilhosa!)

Mas eu queria falar de futebol. Acreditem, eu não tenho culpa de ter nascido em um lar corinthiano. A febre, a doença, o tal do sangue alvi-negro, não veio de pai e mãe, só. Vem dos meus avós.

Vô Ivo, mesmo tendo nascido na Itália, nunca deu muita bola para o velho Palestra, para horror de seus familiares. Uma das recordações que guardo dele é um chaveirinho com o mosqueteiro do timão e uma carteirinha plastificada "Corinthiano Roxo".

Uma das principais informações que tenho de Vô Laio, que não cheguei a conhecer, era de sua paixão incorrigível pelo Corinthians, e o desgosto de ter quatro filhos palmeirenses (só meu pai seguiu a escolha do meu pobre avô).

E assim esse gene corinthiano foi passando, chegando até a mim. Minha mãe, sempre tão pacífica, era tomada por uma espécie de fúria em dias de jogos do nosso Corinthians. Bradava palavras de baixo calão pela janela, bandeira em punho. Era como um transe de 90 minutos, mais uns 15 de intervalo.

Até hoje falar de futebol com meu pai é uma das formas de vê-lo mais leve, mais tranquilo, é como se fosse a nossa ponte secreta, aquilo que nos aproxima e identifica um pouco.

Na época do colégio, frequentava os treinos no Parque São Jorge. Me apaixonei (platonicamente, é claro - uma vez loser, sempre loser) pelo Zé Elias, o volante mais talentoso e gato daquela época (idos de 1995). Costumava ir com minha melhor amiga e o irmão dela pro Pacaembu. Lá, devidamente instalada no meio da Gaviões da Fiel, cantava o hino de cabo a rabo, pulando sem parar.

Ia pra escola com a camisa do Corinthians por baixo da blusa do uniforme. Até o meu primeiro beijo tem a ver com o Corinthians. Aconteceu ali, na porta do Parque São Jorge. O rapaz em questão jogava no time de juniores, e nós namoramos alguns meses, até que ele foi transferido pra outro clube do interior e eu não tive mais notícias.

Mas aí o Zé Elias foi embora pro exterior, o namorado me deixou, a escola acabou, a melhor amiga sumiu, o RPG voltou, mais forte do que nunca. E deixei meu Corinthians ali, meio de lado. Mesmo que hoje meu coração não bata tão forte pelo timão como batia na minha adolescência, ser corinthiana é algo que trago comigo, mais um daqueles mihões de pedacinhos que me fazem ser quem eu sou hoje.

Não sei qual vai ser a escolha de Samuel, que tem um pai são-paulino e um avô palmeirense. Resolvi permanecer neutra, para que ele não use a mesma desculpa que eu de ter virado corinthiano por ninguém ter lhe dado outra opção... Mas que eu acho que meu pai vai tentar convertê-lo rapidinho, ah, isso eu acho... Rs...

"Por que será que eu gosto de sofrer?
Vai ver que agora eu dei pra masoquista
Meu amor branco e preto
Às vezes me deixou na mão.

Mas eu gosto de você
Já não me importa a sua ingratidão
Sofro mas continuo a te adorar
Corinthians meu amor!
Corinthians!"

(Rita Lee - Arnaldo Baptista - Amor Branco e Preto)

Mais um daqueles posts de top 5

Vi em algum lugar, to copiando - Top 5 - Quotes (tem mais, mas não dá tempo agora de fazer tudo, qualquer hora termino. Ou não... rs)

Top 5 – meus calcanhares de Aquiles em forma de versos

1 – “Eu me apaixono todo dia... e é sempre a pessoa errada” (Legião Urbana – Love in the afternoon)

2 – “Projeto alguém centrada... Enquanto morro por dentro” (Wonkavision – Comprimidos)

3 – “Eu tenho o mundo inteiro pra salvar – mas pensar em você é kriptonita” (Ludov – Kriptonita)

4 – “Muito prazer, meu nome é otário... Tudo bem, seja o que for, seja por amor às causas perdidas” (Engenheiros do Hawaí - Don Quixote)

5 – “Talvez eu seja o último romântico... Dos litorais desse oceano atlântico...” (Lulu Santos - Último romântico)

Top 5 – Frases de filmes

1 - “Ok...” e “Why do I fall in love with every woman I see that shows me the least bit of attention?” (Por que eu me apaixono por toda mulher que eu vejo e que me dá qualquer migalha de atenção?) (Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembrança)

2 - “Wendy, I'm home.” (Wendy, cheguei! – com um machado na mão e cara de psico - hahaha), "Só trabalho sem diversão faz de Jack um bobalhão.. Só trabalho sem diversão faz de Jack um bobalhão." (Não lembro como é em inglês exatamente, mas a tradução é fenomenal, hahaha) e ainda “Remember what Mr. Hallorann said. It's just like pictures in a book, Danny. It isn't real.” (Lembre-se o que diz o Senhor Hallorann. São só figuras em um livro, Danny. Não é real) (faço xixi na calça quando vejo esse menininho conversando com o dedo) - (O Iluminado)

3 - “O senhor nem vegetal é, pois até as alcachofras têm coração” e
“Fotografia: Ela está apaixonada
Nino: Mas eu não a conheço!
Fotografia: Ah, sim, você a conhece
Nino: Desde quando?
Fotografia: Desde sempre.
Fotografia: Dos seus sonhos...”
(obviamente eu não tenho idéia de como se diz isso tudo em francês... hahahaha)
(O Fabuloso Destino de Amelie Poulain)

4 - “I hate the way you talk to me, and the way you cut your hair. I hate the way you drive my car. I hate it when you stare. I hate your big dumb combat boots, and the way you read my mind. I hate you so much it makes me sick; it even makes me rhyme. I hate it, I hate the way you're always right. I hate it when you lie. I hate it when you make me laugh, even worse when you make me cry. I hate it when you're not around, and the fact that you didn't call. But mostly I hate the way I don't hate you. Not even close, not even a little bit, not even at all.”

(Eu odeio o modo como você fala comigo, e o modo como você corta o seu cabelo. Odeio como dirige o meu carro e odeio o seu desleixo com tudo. Odeio os seus coturnos e a forma como você consegue ler a minha mente. Eu odeio tanto isso que até me sinto mal. Odeio a forma como você está sempre certo. Odeio quando você mente. Eu odeio quando você me faz dar gargalhadas e te odeio mais ainda quando você me faz chorar. Odeio quando você não está por perto e o fato de você nunca me ligar. Mas o que eu odeio, principalmente, é o fato de não conseguir te odiar nem um pouco, nem mesmo por um segundo, nem mesmo só por odiar...) - (Ten things I hate about you)

5 - "After all... I'm just a girl, standing in front of a boy, asking him to love her. " (A propósito, eu sou só uma menininha - tradução minha - rs - ... Parada em frente de uma garoto, pedindo a ele para amá-la) e
"Bernie: What's the pay like in movies? I mean. Last movie. How much did you get paid? Anna Scott: 15 million dollars."
(Bernie (sem reconhecê-la): E então, pagam bem no cinema? Quero dizer, por exemplo... Pelo seu último filme, você recebeu quanto?
Anna Scott: 15 milhões de dólares) (Um Lugar Chamado Nothing Hill)

Top 5 – melhores frases das músicas da minha vida

(Ah, não, essa não dá num top 5, seria injusto demais, mas vão algumas de hoje, 1 de novembro de 2007)

1 - “Só enquanto eu respirar... Vou me lembrar de você...” (Teatro Mágico – O anjo mais velho)

2 - “Seu all star azul combina com o meu preto de cano alto” (Nando Reis – All Star)

3 - "Se ela te fala assim, com tantos rodeios, é pra te seduzir e tever buscando o sentido daquilo que você ouviria displiscentemente.Se ela te fosse direta, você a rejeitaria." (Los Hermanos – Sentimental)

4 - “Não fosse a roupa que eu vestia ... Naquele estilo new wave ...Quem sabe eu conseguiria... Chegar perto de você...” (Nenhum de Nós - Julho de 83)

5 - “Oh, não ! Não tente me fazer feliz... Eu sei que o amor é bom demais, mas dói demais sentir” (Marina Lima – Pessoa)

Meias palavras

"...Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando de cada riso teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira...

...E eu não sei em que hora dizer
Me dá um medo, que medo..."

(Preciso Dizer Que Te Amo - Dé/Bebel Gilberto/Cazuza)