terça-feira, novembro 20, 2007

Just a little girl

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

(Clarice Lispector - trecho de "Aprendendo a Viver")

Às vezes eu sou tão criança, tão menina... Me sinto pequenininha mesmo. Até meio perdida... E sim, eu quero ser protegida. Mimada. Paparicada. Quero deixar de lado esse lado de mulher forte e que aguenta as complicações todas por um tempo. Quero ser aquela garota, quero que ela surja por aqui, mas dessa vez sem tanto medo, sem tanto susto. Que ela volte mais alegre, dançarina, rodopiando num vestidinho alegre e repetindo versinhos de amor. Pedindo por um colo, um carinho, um abraço apertado. E aceitando esse abraço, por puro prazer, não por receio. Quero ser amparada e cuidada, quero mão pra segurar a minha quando passa filme de terror. Quero zelo. Quero cuidado e proteção mesmo. Me sentir segura. Pra poder sonhar em paz, dormindo ou acordada. Não tem nada a ver com submissão ou inferioridade. Tem a ver com carinho mesmo, com vontade de ser de alguém e de sentir que tem alguém que é meu, só meu, e que está ali só pra mim, só por mim. Sem ficar me machucando demais com essas idéias adultas e maduras. Só sentindo e sendo sentida, só aproveitando mesmo. Pra que o momento não se perca, e não seja esquecido. Será que é assim tão difícil?

"...Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha, e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor
Baby, baby, baby, baby
O que fazes por sonhar
É o mundo que virá pra ti e para mim
Vamos descobrir o mundo juntos baby
Quero aprender com o teu pequeno grande coração
Meu amor, meu amor..."

(Legião Urbana - Primeiro de julho)

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