sexta-feira, novembro 09, 2007

Once upon a time...

Era uma vez, num mundo distante de faz de conta onde as nuvenzinhas eram cor de rosa e com sabor de algodão doce, uma linda princesinha com cabelos de boneca e olhos de primavera. Essa linda menininha tinha um diário mágico, um caderno secreto onde ela escrevia sobre seus sonhos, seus desejos, suas vontades, suas tristezas e devaneios. Todos os dias a princesinha se sentava na janela de sua torre, com seu caderno nas mãos, rodeada de canetinhas, lápis de cor e crayons das mais variadas cores, e ali deixava que a imaginação a levasse para onde ela bem entendesse. Ia longe a princesinha, revivia o passado, imaginava o futuro, visitava terras distantes e repletas dos perigos mais variados, conhecia príncipes, outras princesas como ela, fazia amigos fiéis e enfrentava os mais perigosos monstros. Sonhava com o amor perfeito, suspirava, olhinhos fechados, abraçada em seu travesseiro cor de rosa, cantarolava as mais belas canções perfeitas enquanto rodopiava sozinha pelo quarto, dia e noite, noite e dia. Até que um dia, a princesinha perdeu seu caderno mágico. Por mais que procurasse, não conseguia encontrá-lo. Havia desaparecido! Aterrorizada, a princesinha passou a vasculhar sua torre, a revirar cada cantinho em busca de tão precioso bem perdido. Revirou armários, antigos baús, despejou gavetas, remexeu em estantes empoeiradas, mas nada do caderno aparecer. Já cansada de procurar, parou por alguns segundos na janela. Surpresa, notou pela primeira vez que as nuvens de seu reino de faz de conta não eram mais cor de rosa. Será que também não tinham mais sabor de algodão doce? Parou alguns segundos, perplexa. Mas ela não ficava ali naquela janela todos os dias? Como não havia percebido? Intrigada, desceu, pé ante pé, cada degrau da imensa escada. Abriu devagar a porta, que fez um rangido impressionante. Respirou fundo, e saiu. Assim que ela saiu, um susto, um estrondo, um barulho terrível. As paredes de sua linda torre perfeita e cor de rosa estavam rachando... A princesinha teve vontade de correr e tentar salvar alguma coisa da iminente destruição, mas não teve tempo para nada, só para correr e se abrigar dos destroços e da poeira. Quando, enfim, a poeira baixou ela não tinha mais cabelinhos de boneca, nem era assim tão bonita quanto antes. Porém, seus olhos ainda eram de primavera, ela ainda lembrava alguns trechos de músicas bonitas e sabia como rodopiar. Rodopiou, rodopiou, até cair sentadinha no meio dos destroços. Foi ali, exatamente ali, que achou seu caderno mágico novamente. Também encontrou um pedacinho de crayon cor de rosa. Foi tudo o que sobrou. Mesmo sem saber direito o que fazer, nem como começar, nem onde ia chegar, a princesinha colocou seu caderno mágico debaixo do braço, apertou firme seu crayon nas mãos, sacudiu a poeira de seu vestidinho e resolveu descobrir o que havia detrás daquelas montanhas que antes eram cobertas de marshmallow. Não sabia ainda se ela seria feliz pra sempre como as outras princesas que conhecia, mas que ela iria tentar com todas as suas forças, ah, isso iria.

"Sei que há contas a pagar
E há razões pra terminar
A semana toda ficou para trás
Ela tem trabalhado demais

Como seria melhor
Se não houvesse refrão nenhum
Mas há...

E no seu apartamento
Ela se esquecia de tudo
Parecia uma princesa
Não se importava com o resto do mundo
E largava os pés em cima da mesa

Como seria melhor
Se não houvesse refrão nenhum
Mas há...

E no seu apartamento
Ela se esquecia de tudo
Não havia contratempo
Ela segurava o seu coração
E largava as roupas pelo chão"

(Ludov - Princesa)

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