sexta-feira, agosto 20, 2010

segunda-feira, agosto 02, 2010

Beijo


Tentando achar onde dói... Por que será que dói?
Imagem: The Kiss - Gustav Klimt

quinta-feira, julho 29, 2010

Momento de poesia

"Gastei uma hora
pensando num verso
que a pena não quer escrever.
No entanto, ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Está cá dentro e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda toda a minha vida."

(Carlos Drummond de Andrade)

Tá difícil de escrever alguma coisa. Eu geralmente escrevo muito quando não estou bem, e quando está tudo perfeito eu acabo não encontrando as palavras. Sou uma escritora de fossa, acho, não de dias felizes. :)

Mas tô bem, viu? Ô, se estou! :)

sábado, julho 17, 2010

só, somente só

"Eu me sinto às vezes tão frágil, queria me debruçar em alguém, em alguma coisa. Alguma segurança. Invento estorinhas para mim mesmo, o tempo todo, me conformo, me dou força. Mas a sensação de estar sozinho não me larga. Algumas paranóias, mas nada grave. O que incomoda é esta fragilidade, essa aceitação, esse contentar-se com quase nada. Estou todo sensível, as coisas me comovem. Tenho regressões a estados antigos, às vezes, mas reajo, procuro me manter ligado às coisas novas que descobri. Mas tudo fica e se sucede - quase nunca dá tempo de você se orientar, escolher - não gosto de me sentir levado."

Frágil e sozinha, frágil e sozinha, frágil e sozinha... Sozinha, sozinha, sozinha, a coisa que eu mais detesto, a que mais tenho medo, a que mais me entristece. Campo de força. Era essa a palavra que eu queria lembrar... Campo de força... Merda de campo de força... Não é parede... Ela não me afasta só... Ele me destrói... E daí não tem nada mais pra lamentar, só chorar... Chorar, chorar, o que foi e ninguém se importou de deixar ir... Sozinha, sozinha, sozinha....

terça-feira, julho 06, 2010

a moment to deliberate

"...Like anyone would be
I am flattered by your fascination with me

Like any hot-blooded woman
I have simply wanted an object to crave

But you
You're not allowed
You're uninvited
An unfortunate slight

Must be strangely exciting
To watch the stoic squirm

Must be somewhat hard-telling
To watch shepherd meet shepherd

But you
You're not allowed
You're uninvited
An unfortunate slight

Like any unchartered territory
I must seem greatly intriguing
You speak of my love
Like you have experienced love like mine before

But this is not allowed
You're uninvited
An unfortunate slight

I don't think you unworthy
I need a moment to deliberate..."

(Alanis Morissette - Uninvited)

quarta-feira, junho 30, 2010

É o fim? Ou só mais um começo?


As batidas nervosas na porta do trailer quase a fizeram borrar a forte maquiagem azul que ela passava num dos olhos. Faltava pouco para começar o espetáculo, afinal
- Cassandra, querida, sou eu, abra rápido, por favor!
Ela correu sorrindo, o coração aos saltos.
- Nossa, você veio tão ced...
Quando ela abriu a porta foi empurrada pra dentro por Irwin, que fechou os trincos do trailer nervosamente. Estava sério, agitado, respiração ofegante, olhava em volta como quem teme algo muito grave. Certificou-se de que a cortina estava fechada antes de falar qualquer coisa. Cassandra estava nervosa já vendo o rapaz daquela forma. Perguntou então, aflita:
- Céus, que está acontecendo? O que houve, Irw??
- psiuu, minha querida, por favor, fale baixo, eu tenho pouco tempo pra explicar.
Ela baixou o tom de voz
- Então fale de uma vez, estou ficando nervosa!
- Eu preciso ir!
- Ir pra onde?
- Embora, querida. Pra longe daqui, infelizmente.
- Mas por que, o que está acontecendo?
- Infelizmente eu não posso explicar da forma como você merece. Acredite, é melhor pra você não saber nada, absolutamente nada.
- Eu não tô entendendo direito, Irw... Não vá assim, tenho certeza que podemos resolver esse problema, qualquer que seja ele, de alguma outra forma. O que é? Está devendo dinheiro a alguém? A gente pode pensar numa forma de resolver isso, e...
- Não, não, Cassandra... Infelizmente não é nada que se possa resolver com dinheiro. Eu vim porque precisava olhar nos seus olhos e fazer um pedido egoísta. O mais egoísta de todos. Eu já te conheço, já sei qual será a resposta, mas eu precisava pedir. Para poder ir em paz...
- Pois peça, então!
- Venha comigo!! Venha comigo, venha agora comigo...
- Ir pra onde?
- Pro mundo, pra onde for, eu não sei pra onde também. Mas venha, é o que peço...
- Eu não posso sair daqui, Irwin... É impossível
- Não é impossível... Você é uma pessoa incrível, tenho certeza que faria o que faz aqui em qualquer lugar do mundo...
- Não, Irw, meu lugar é aqui, não posso ir. Fique você aqui comigo. Seja o que for, resolveremos juntos...
Ele sorriu, se aproximou dela e acariciou seu rosto suavemente, com ternura.
- Eu nunca vou me esquecer de você, linda Cassandra... Jamais...
- Irwin, espere...
Ele retirou de seu pescoço um pequeno e delicado relicário e colocou em volta do dela.
- Um pedaço de mim para estar sempre com você.
- Obrigada, não precisava se preocupar, mas eu... Escute... Vamos conversar melhor...
Um barulho do lado de fora fez a expressão dele se tornar alerta novamente.
- Me perdoe por chegar assim na sua vida. Mais do que isso, me perdoe por ir embora dessa forma. Infelizmente, nada mais pode ser feito... É hora do adeus...
Os olhos dela se encheram de lágrimas
- Eu fiz alguma coisa errada?
- Não! Não, não... Nunca... Você é perfeita... Digamos que eu foi quem andou fazendo umas coisas erradas, tá bem? Fique em paz, fique bem...
As lágrimas escorreram pelo rosto dela. Ele tirou um lencinho vermelho do bolso e secou as lágrimas. Um perfeito cavalheiro.
- Adeus, Irw...
- Até breve, minha querida...
Ele abriu cuidadosamente a porta do trailer, olhando com atenção para todos os lados.
- Até breve? Quando eu te vejo então?
Ele sorriu, os olhos brilharam
- Nos teus sonhos...

terça-feira, junho 29, 2010

Quer dançar?

- Você não é uma pessoa comum, minha querida...
- Mas é claro que sou, Irw... O que eu tenho de especial, afinal?
Ele sorriu, e afastou com delicadeza os cabelos dela para trás da orelha...
- O seu mundo é o circo, não é?
- Sim, e como haveria de ser diferente?
- Não haveria, e aí está toda a beleza. Você vive num mundo mais belo, mais colorido e mais criativo do que essa realidade banal que vemos por aí afora. Eu diria que, a seu modo, você quase enxerga o mundo como eu.
- Pra mim sempre foi assim, sabe...
- Sei... Eu sei... Você simplesmente não foi corrompida. Você quebrou as regras deles, sabe? Você fez um pouco como eu, só que ao contrário. Hmmm... Explico: Enquanto você resolveu ficar, eu resolvi sair, vagar pelo mundo afora, buscando minhas próprias verdade, minhas próprias paixões, sabe? Você pra mim é inspiração pura, é diferente deles todos...
- Deles quem, Irw?
- Dos outros, minha querida. Dos outros...
- Na verdade eu também te acho bem diferente de todos os outros
- Acha, é? - ele sorri, os olhos brilhantes para ela - E é verdade. Eu sou mesmo, sempre fui. Mas a maioria das pessoas encara mal essa diferença. Me vê como um cara estranho, meio perdido, sei lá. Mas já me acostumei a essa estranheza. Faz parte do pacote, se é que você me entende...
- Eu entendo sim... Também sou meio estranha, também faço o que gosto, porque gosto, também vivo do que acredito, da minha paixão, da minha criatividade, do que eu sonho e faço virar realidade do meu jeito...
- Exatamente! Você define perfeitamente, é incrível... É o que eu mais valorizo... Você não é mais uma descrente... É por isso que me sinto tão bem aqui no seu circo, e com você... Parece que aqui eu não preciso me esconder, posso ser quem eu realmente sou.
- Mas pode mesmo, claro que pode.
- Bom, não completamente, mas digamos que é o mais próximo que posso chegar... E veja que eu já estava achando que seria inevitável. Ser soterrado, arrasado pelo frio.... Anda frio demais aí fora, e a tendência, imagine, é só piorar e piorar cada vez mais, e mais. Mas foi quando te encontrei que meu coração se aqueceu novamente de esperanças. Você me trouxe muita coisa sobre mim de volta, Cassandra... Eu estou tão feliz!! Tenho vontade de dançar. Quer dançar comigo? - ele disse, enquando estendia a mão e a convidava
- Mas onde está a música, Irwin? - ela se levantou segurando a mão dele
- Está dentro da sua imaginação... Como sempre...

E dançaram pelo picadeiro vazio, enquanto ela pensava no quanto também se sentia feliz. Talvez pela primeira vez em muitos e muitos anos.

segunda-feira, junho 28, 2010

"Meu convidado"

- Você não precisa pagar ingresso toda vez, Irwin. Já faz mais de um mês que você é meu melhor espectador.
- Eu insisto, minha querida. É como uma orquídea, sabe? O preço que se paga é barato diante de tanta beleza. Além do mais, o circo é seu sustento, não faz sentido que eu assista o espetáculo sem gastar nada. Você mesma me disse isso quando nos conhecemos, lembra? "Gosta de circo? Então paga!" - ele riu imitando os trejeitos faciais dela.
Ela riu de volta.

- Eu sei, eu sei... É verdade, eu disse mesmo isso. Mas quem insiste dessa vez sou eu. Hoje você é meu convidado.
- Está bem, incrivel Cassandra. É uma honra, portanto.

domingo, junho 27, 2010

Das orquídeas

- Cassandrita, quem é ele, cuentame!!? - perguntou a ajudante do mágico naquele portunhol terrível de sempre
- Eu gostaria de saber, de verdade!
- Já es la tercera apresentacion que ele compra lo camarote!
- Eu sei, eu sei... Mas que posso fazer? Ele não se apresentou...
- Bueno, se apresentó por la carta, no es verdad? I-R-Uin, né?
- Irwin, Juanita...
- Que flores, hã? Belisimas
- Diferentes, né? Dizem que são difíceis de se encontrar...

- Devem ser caras!
- Não se iluda, Juanita, deve ser um caprichoso bancado pelo papai rico, com certeza...
- Como se llaman mismo esas flores?

Quem respondeu a pergunta foi uma voz masculina atrás delas:


- Se chamam orquídeas. Não são caras, na verdade. Eu diria que é um preço justo para tanta beleza.


Juanita ficou branca de susto na presença do rapaz. Pediu licença a Cassandra e saiu correndo para seu trailer, dando risadinhas como uma adolescente. Cassandra o encarou com simplicidade.


- Obrigada, são mesmo muito bonitas.


Ele sorriu.


- Foi mais uma forma de se desculpar pelo susto aquele outro dia. E pelos arranhões no braço.


Ela se sentiu envergonhada pelo olhar dele para ela. Baixou os olhos para os braços realmente arranhados.


- Está tudo bem. Isso acontece...
- Bom, gostaria de me apresentar agora mais formalmente... Meu nome é Irwin - disse enquanto tirava o chapéu cordialmente
- É, eu vi no seu bilhete... Meu nome é Cassandra...

- A incrível Cassandra, não é? - ele sorriu, passando os olhos pelo cartaz do circo colado na porta do trailer dela - Bom, gostaria de saber se a incrível Cassandra me daria a honra de passear comigo. Sei lá, tomar um sorvete, está tão quente hoje, não é?

- Er... Eu... Eu não costumo sair muito daqui do circo...

- Quem disse que nós precisamos sair? - ele disse, feliz, apontando o carrinho de sorvetes.

sábado, junho 26, 2010

Aplausos especiais

Foi exatamente quando ela terminou a série de saltos mortais na corda que seus olhares se cruzaram novamente. Era ele, o rapaz da noite anterior. Estava sentado na primeira fila, o lugar mais caro do circo, e a observava com insistência. A arquibancada estava lotada, e quando seu número terminou, ele aplaudiu de pé. Ela agradeceu, graciosa. Não era sempre que a platéia era receptiva daquela forma. Sentiu-se feliz por não ter errado nada, e elogiada pela reverência do rapaz, que a cumprimentou com um meneio de cabeça. Ela sorriu.

sexta-feira, junho 25, 2010

Encontro no Picadeiro

Clap clap clap clap clap clap clap

Os aplausos ecoaram alto por todo o picadeiro vazio. Com o susto, Cassandra caiu da corda bamba onde se equilibrava. Amorteceu a queda numa cambalhota, rolando pelo chão de terra, ágil como uma felina. Logo estava de pé procurando de onde vinham aquelas palmas.

Encontrou num canto um jovem rapaz franzino, cabelos e olhos bem pretos, que a observava sentado em um dos bancos da platéia.

Ele também se assustou com a queda dela, saltou a proteção de madeira que separava a platéia do picadeiro e se aproximou rapidamente.


- Você está bem? Se machucou?

Ela se afastou alguns passos, limpando os braços sujos de terra
- Quem é você? O circo está fechado agora! - ela disse, arredia
- Eu... Eu... Eu sei, desculpe... Simplesmente não pude evitar olhar...
- Vá embora! Saia agora! Não vê que me assustou?
- Me desculpe, não foi minha intenção, eu...


Sem saber o que dizer, ele virou de costas e caminhou alguns passos. Antes de sair pareceu criar coragem e se virou mais uma vez:

- Você é uma excelente acrobata. Das melhores que eu já vi. De verdade. E olha que já vi muitas!

- Por favor... Será que eu terei que chamar alguém pra arrancá-lo daqui?
- Eu... Eu estou indo... Desculpe... Descanse um pouco, você está aí há horas...
- Há quanto tempo você está me olhando?
- Eu não sei... Uma hora, duas talvez... Você nunca para?

- Chega, garoto! Se gosta de circo, pague o ingresso!
Ele sorriu
- Eu vou pagar. Pode ter certeza. Adeus, senhorita...


Ela ficou observando pra ter certeza de que ele sairia por um dos cantos do picadeiro.

quinta-feira, junho 24, 2010

O fim e o começo

E foi assim, como num passe de mágica, que a ilusão da menina virou realidade. Aos 16 anos, por mérito e direito, a inigualável Cassandra, como única herdeira, tornou-se a proprietária do Gran Circo Gonzales.

quarta-feira, junho 23, 2010

Coração adúltero

Quando Mademoiselle Gabrielle, a fantástica contorcionista, descobriu que o hábil Carlos andava ensaiando novos números com a adorável Juanita, a ajudante do mágico, e contratou o experiente atirador de facas Jaime, o insuperável, para acidentalmente errar seu alvo e acertar o coração adúltero do dono do circo.

terça-feira, junho 22, 2010

De quando a menina perdeu o juízo

Assim, perdida em suas brincadeiras e delírios, a pobre menina foi perdendo o juízo. Pelo menos era o que dizia seu pai "perdeu lo juízo, la pobrecita". Sua imaginação foi tomada por tudo o que sonhava - magias, truques, brilhos, números incríveis, aplausos do respeitável público, desafios, amores e disparates inacreditáveis. Foi assim que acudiu-lhe a mais estranha idéia , que jamais ocorrera a outra louca nesse mundo. Pareceu-lhe conveniente criar seu próprio mundo, seu próprio circo.* E assim foi, pelo menos e a princípio, somente dentro de sua mente.
* referências a Dom Quixote de La Mancha - Miguel de Cervantes

segunda-feira, junho 21, 2010

A inigualável Cassandra!

Apesar do evidente cansaço dos treinos, enquanto se equilibrava no alto de sua corda, Cassandra transformava seu mundo habitualmente cinza em colorido. Ao se apresentar, imaginava-se bem maquiada e vestida, com os cabelos presos ao alto num coque banana - e, inexplicavelmente, sem as orelhas de abano. A lona velha e remendada transformava-se em um picadeiro luxuoso. O pêlo de Sancho brilhava reluzante, e a platéia geralmente sonolenta e entediada a aplaudia com entusiasmo. Havia música, brilho, luzes, cheiro de pipoca e todos a admiravam. Os cartazes anunciavam o show da "inigualável Cassandra". O circo era seu mundo mágico, e ela adorava cada vez mais o que fazia.

domingo, junho 20, 2010

"Andále, andále"

A altura da corda subia a cada dia, assim com aumentavam também as horas de ensaio de Cassandra, que não encontrava mais tempo para brincadeiras de criança. Um forte " Andale, andale!!" Acompanhado de palmas vigorosas era o que o pai de Cassandra enérgicamente dizia nos poucos momentos em que estava presente, incentivando-a a fazer o trajeto na corda cada vez mais rápido.

sábado, junho 19, 2010

Sancho, o chimpanzé


Enquanto aguardava os intensos ensaios de seu pai com a madrasta, que invariavelmente aconteciam dentro do trailer do dono do circo e a portas fechadas - para que se mantivesse o sigilo dos números - conforme explicava Juan, Cassandra treinava o equilíbrio na corda bamba, incansavelmente. Era sempre observada de perto por Sancho*, seu fiel amigo, um chimpanzé adulto de olhos expressivos que costumava vestir roupas de gente e um chapéu.

sexta-feira, junho 18, 2010

Gabrielle, a contorcionista

Se parecia impossível encontrar substituta para a mulher pássaro artista, para o papel de esposa Carlos não pareceu ter dificuldades na troca. Poucos dias após o fatal incidente, o lugar vago no trailer do pai de Cassandra já era ocupado por Mademoiselle Gabrielle, a fantástica contorcionista, que fazia diariamente demonstrações de suas fenomenais habilidades corpóreas em apresentações exclusivas para o acrobata.

quinta-feira, junho 17, 2010

O destino de Cassandra


Após o inesperado acidente o pai de Cassandra, Carlos Gonzales, um hábil acrobata e não assim tão hábil trambiqueiro, decidiu que finalmente era o momento de sua filha única ser iniciada no estudo das artes do circo. Era necessário, quase urgente, encontrar substituta à altura para a falecida mulher pássaro, já que essa era a principal atração da desfalcada trupe familiar cujos rendimentos conseguiam mensalmente sustentar todo o pequeno circo Gonzales e acalmar a fúria dos dezenas de agiotas para quem Carlos devia.

quarta-feira, junho 16, 2010

A morte da Mulher Pássaro


Num lugar do interior de São Paulo, de cujo nome não quero lembrar-me, vivia uma menina.* Chamava-se Cassandra Napolina Gonzales. Era franzina, delicada, tinha orelhas de abano, e seus longos cabelos negros desciam até a cintura. Estava prestes a completar 6 anos quando se deu a tragédia: o último vôo fatal de sua mãe, Alana Gonzales, conhecida no mundo circense como "a inacreditável mulher pássaro".

*referência à frase inicial de Dom Quixote de La Mancha - Miguel de Cervantes