terça-feira, maio 15, 2007

Choro Bandido

Ele era lindo e assim que o vi achei que ia mesmo rolar alguma coisa. Cochichos com os amigos do lado me confirmaram a hipótese. Era uma noite fria, estávamos ao ar livre e a cerveja estava especialmente boa. A companhia dos amigos e aquele show de classic rock completavam um cenário que seria perfeito se... Eu não tivesse um namorado que estava a 500 quilômetros de distância.

Foi a primeira vez que tive certeza que o namoro tinha mesmo acabado e que eu estava precisando mesmo sentir algo novo, diferente, que me balançasse o coração. E sentia. Aquele menino mais velho, fazendo tipo de sério e que dirigia um escort antigo era tudo o que eu precisava para abandonar o marasmo que havia se transformado a minha vida. E ele foi, sim, uma paixão dessas que a gente não se arrepende de sentir.

Não vou esquecer dele, porque apesar de vários lances complicados só ficaram coisas boas. Ficam lembranças legais de um menino de nome americano e pai famoso, que se derretia todo cantando em inglês pra mim e achando que eu não entendia nada do que ele falava. Um cara que não conseguia compreender como uma garota podia gostar tanto de história em quadrinhos e desenho animado e falar de tanta coisa que ele não entendia nada.

Acabou rápido, porque além de sermos almas opostas, com interesses opostos, ele queria me prender de novo e eu estava encantada com a liberdade que tinha acabado de ganhar. Eu gostava dele, fiquei triste, queria continuar despretensiosa e livre curtindo a paixão que eu sentia, e ele só aceitava se eu fosse só dele...

“Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons

Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons...”
(Choro Bandido – Chico Buarque)

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