quinta-feira, maio 17, 2007

Carta pra mamãe



Antes da minha mãe morrer eu achava que perdê-la seria a maior dor que eu poderia sentir no mundo. Achava que não aguentaria, que a minha vida acabaria ali, que eu nunca conseguiria viver sem ela.

Ela morreu num sábado a tarde e naquele dia eu também morri um pouco. Foi realmente a pior dor que eu senti em toda a minha vida, é muito difícil viver sem ela, mas eu aguentei e superei a parte dolorosa e desesperadora da coisa. Cresci uns bons anos também.

Chata é a saudade e a vontade de ter feito tantas coisas diferentes, de jeitos tão diferentes. Chato é aquele sentimento de que você nunca mais encontrará aquela pessoa. Chato é perceber que eu não consigo mais me lembrar da voz dela. Não consigo. Mas lembro da risada, uma gargalhada gostosa que sempre se repetia. Ainda bem.

Como o Dia das Mães passou, tive vontade de falar com ela. Falei, em meus pensamentos, mas eu sou uma negação falando. Mesmo. Então resolvi escrever. Mãe, eu sei lá o que eu poderia ter feito diferente, eu sei lá o tanto de coisas eu eu fiz errado e que poderia ter te feito mais feliz ou mais realizada. Te amo e te admiro demais, e essa admiração pela mulher forte que você sempre foi não passa. Espero que você continue gargalhando em algum luga por aí, de preferência por perto, porque eu não tomo jeito mesmo e sempre preciso de uma forcinha. De quebra, fica de olho no nosso Samuquinha, porque ele é a coisa mais importante da minha vida e merece ser bem cuidado. Como só você faria. Espero que você veja que eu sempre mostro a sua foto pra ele e falo que é a vovó que mora no céu. Já que estou escrevendo, será que seria pedir demais querer que você aparecesse numa noite dessas num sonho pra me beijar a testa e ensinar a fazer um feijãozinho daqueles com gosto de dona Rachel? Pô, mãe, eu faço, faço, mas igual o seu não sai! Te amo, mas acho que isso eu já falei, né?
Fica bem.

beijos da sua filha preferida (ha ha ha - essa piada era velha, né?)

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