quarta-feira, maio 16, 2007

O que tinha de ser se deu



"Íamos tontos os dois assim ao léu
Ríamos, chorávamos sem razão
Hoje, lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu."

(Porque era ela, porque era eu - Chico Buarque)

Era como um vício, difícil e doloroso de se deixar de lado. Presença e ausência constante, sofrida, doída. Um medo de perder sem ao menos ter. Mas quando tinha era tão verdadeiro, tão completo, que as feridas cicatrizavam por inteiro. Ficava a marca, mas quem se importa com marcas? Hoje sei que eram só migalhas, restos, pedaços. Eram sobras de alguém que não era meu porque já tinha dona. Estranho lembrar disso agora. Já faz tanto, tanto tempo. E se parece tanto com outras histórias que chego a pensar que eu mereço esse tipo de relacionamento, porque busco por ele. Aquela tatuagem pela metade, o sotaque carregado, as faculdades largadas e um fantasma que o acompanhava há seis anos. Pacote que reunido me remetem a choro, muito choro, noites em claro questionando os motivos sórdidos que nos deixam embarcar num barco que já sai furado. Os esquecimentos constantes, o cigarro que nunca se apagava, aquele jeito de falar as coisas nas horas mais imprevisíveis. A rede, que nos levava para altos devaneios embalados por Jim Morrison e bebidas de origem altamente duvidosa. Cúmplices, sim, quase comparsas. Intimamente ligados por juras de amor eterno trocadas em vão, somente porque o momento pedia um desfecho daqueles. E meses depois do fim, um pedido implorado para que eu transformasse o ponto final em vírgula. Por que eles só descobrem o quanto era importante quando perdem?

Nenhum comentário: