segunda-feira, novembro 22, 2010

Prosa da separação - parte 4

Que eu podia mais fazer? Você sabia que eu estava infeliz. Eu tenho certeza absoluta que você sabia. Mas você estava enfiado com tanta dedicação no seu próprio mundo que esqueceu de olhar para os lados. Esqueceu de dar valor para quem estava mais perto. Simplesmente foi me deixando cada vez mais de lado. Eram dias sumido. Horas e horas depressivas trancados no quarto escuro. Era aquele quarto escuro que tirava sua atenção de mim. E você simplesmente não aceitava minha mão estendida pra você. Chamando pra olhar o mundo lá fora. Nem que fosse pela janela. Cansei de ouvir nãos. A cena que me marca é de você chorando. Chorando muito, muito. Ainda trago aquela cena comigo. Quem diabos escolhe terminar um namoro de dois anos na praça de alimentação de um shopping? Quem teve essa idéia idiota? Você simplesmente dirigiu até lá sem dizer sequer uma palavra, fato inédito pra você, que falava para espantar o silêncio. Sua dor profunda naquele momento me tocou. Pena que foi tarde demais. Depois de tanta dor veio a raiva. Uma raiva ferina, que fazia ranger dentes, que te fazia rosnar. Nunca havia sido alvo de tanto ódio. Hoje, vários anos depois, entendo que você demonstrava seu amor das formas mais diferentes possíveis. Eu não entendia, ninguém nunca havia me ensinado sobre isso. Foi você quem me ensinou, e te devo essa pra sempre. Desculpa não ter aprendido a tempo, mas foi melhor assim. Pra nós dois.

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