sábado, janeiro 12, 2008

Cartaberta

"Tenho um amor fresco, com gosto de chuva e raios e urgências.
Tenho um amor que me veio pronto, assim,
água que caiu de repente, nuvem que não passa.
Me escorrem desejos pelo rosto pelo corpo.
Um amor susto.
Um amor raio trovão fazendo barulho.
Me bagunça e chove em mim todos os dias."
(Caio Fernando)

Oi. Desculpa. Eu sei, era a última das coisas que você queria ouvir. Você nunca quer que eu me culpe de nada, quer que me liberte desse grande peso que eu vivo trazendo pra mim. Acho lindo isso. De você querer me libertar do que fica me maltratando, me ferindo. Sério. Mas me faz tão bem pedir perdão. Perdão por ser assim tão estranha, por ter na minha cabeça um turbilhão. E vai tudo girando, girando, esse universo inteiro de sensações e de prazeres e de alegrias que você me proporciona. Misturado com essa saudade filhadaputa e com esse vazio imenso que você deixa quando vai embora. É tão difícil controlar. Mas aí o tempo vai passando, e pelo visto meu tempo é proporcional à intensidade de tudo, e dessa vez foi tão forte. Não deu. Minha capacidade de assimilação é limitada. Muita coisa, cara, muita coisa. É querer demais de mim. Por isso perdão. Pela TPM. Loucura mensal que há tempos não me assolava, mas que pelo visto voltou, e eu vou ter que reaprender a lidar com ela assim como te ensinar que nesses dias o mundo inteiro começa uma conspiração secreta contra mim e eu começo a cair, cair, e a queda nunca termina. E enquanto caio vou me raspando em sentimentos, em prateleiras empoeiradas cheias de coisas guardadas. E isso dói. Meio Alice, sabe? Caindo, caindo, crescendo, diminuindo, milhões de pensamentos juntos, e eu ali, desse despencar eterno, entre potes de geléia, morcegos e antigos porta retratos. Mas acaba. Em lágrimas, que inundariam uma sala inteira se eu deixasse. Desculpa. Desculpa te tirar certezas e te colocar dúvidas. Desculpa te magoar sem nem sequer perceber e ainda subir no meu palanquinho portátil de dona da verdade absoluta que aponta o dedo na cara de todo mundo mas não se enxerga. Desculpa pelas minhas ausências, e me desculpa quando minha presença foi quase uma ausência, de tão nula. Eu te amo, e me descubro sua toda vez que o turbilhão termina. Resta rir disso tudo. Ou tentar. Fazer disso tudo só mais uma dificuldadezinha ultrapassada, entre tantas, tantas. Sorri pra mim? Diz que vai ficar tudo bem? Me pega no colo e cuida dos arranhões todos. Assopra. Me aperta e não larga nunca mais? Responde, tá? Tô te esperando. [insira aqui a mais brega das baladas farofeiras jovi/sambora. a escolha fica de acordo com a sua preferência. tiamo, assim, bem miguxa :o)]

3 comentários:

Anônimo disse...

... a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama ...

Camila disse...

"E não esqueçamos nunca a melancolia, o gasto sentimentalismo, perfeitos frutos impuros de maravilhosa qualidade esquecida, deixados atrás pelo frenético livresco; a luz da lua, o cisne ao anoitecer, coração meu são sem dúvida o poético elementar e imprescindível. Quem foge do mau gosto cai no gelo." Neruda.

Beijinhos daqui...

Anônimo disse...

Nossa. Primeiro acessei o Mamífera, depois o Mosca na Sopa.. Adorei o quê e como você escreve.
Ficaria um pouco superficial se eu te dissesse algo sobre o texto, afinal.. "acabei de te conhecer"!

Parabéns então, moça!

E, diga-se de passagem: seu filho é lindo.