sábado, agosto 25, 2007

Lágrimas solitárias

Tristeza solitária, essa. Parece que ninguém entende.
Na urgência da vida todos vão passando, ocupados com seus afazeres. Não os culpo. Deveria estar ali também.
Mas agora não dá. Devo curtir meu mau humor, essa sensação estranha que não é muito minha, mas está aqui.
Sinto falta de cumplicidade. De alguém que me olha e sinta, só sinta.
De uma palavra amiga e que me conforte.
Acho que homens são ruins para isso.
Não é por mal, não. Dá pra ver que não é.
De repente uma coisa que eu já disse antes precisa ser dita de novo.
Não gosto disso. Parece que não estavam nem prestando atenção.
Mas é aquilo. Dê uma festa e todos aparecerão. Nas horas chatas o vazio é mais frequente.
Só não queria ter que ficar explicando, e parece que ninguém seria capaz de me entender sem eu ter que contar.
Nem meu blog tá me entendendo.
Talvez dormir seja uma melhor idéia.
Fui.

sexta-feira, agosto 24, 2007

De quinta

Não tenho ciúme de qualquer umazinha não. Não tenho ciúmes quando a menina é bonita, simpática, legal, gente boa. Não mesmo. Não ligo dele ser amigo de meninas lindas. Tenho amigos bonitos também, poxa. Não é só de gente feia que vive o mundo. Ainda bem, senhor! Também não ligo se ele olha pra mulheres bonitas por aí. Olhar é bom, eu também olho. Para mulheres e homens bonitos. Sem perder o respeito, sem dar em cima nem deixar a pessoa perceber, claro. Mas olho, sem tirar pedaço. Eu tenho ciúmes de mulheres que invadem. De mulheres que não querem o bem, só querem de volta. De mulheres que invejam e transmitem sentimentos ruins. Essa "catigoria" baixa, pequena, que não vale nada. Nem meu ciúme.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Rasgando o verbo

Comigo, em geral, é oito ou oitenta. Não gosto de meio termo. Ou gosta de mim ou não gosta. Não faço tipo, não sei fingir, não sou de fazer social. Não gosto de gente que se liga mais em aparência do que em conteúdo. Não costumo ficar tentando agradar. Sou direta no que falo. Falo o que penso e pronto. Ou não falo nada e fico ruminando calada. Mas não faço caras e bocas. Não vou sorrir pra você se você não merecer. Não vou ligar pro teu sapato de grife se você não tiver caráter. E se você tiver caráter, pode vir até enrolado num trapo velho e mal cheiroso falar comigo que eu vou te escutar. Simples assim. Enfia teu dinheiro no cu. Guarda teu crachá que eu não quero saber com quem eu tô falando. Só me encara, olho no olho, e me fala a tua verdade, de coração, e eu te respeitarei. É sério isso. Se é o que você realmente pensa, se é no que você acredita do fundo da sua alma, eu não ligo pra quem você seja. Agora não me venha fingir o que não é. Não venha dançar conforme a música pra mim, porque não rola. Aqui não. Passa amanhã. Seja você, do jeito que for, se assuma, e seremos grandes amigos ou eternos inimigos discutindo saudavelmente prós e contras de nossas filosofias vãs. Nem ligo. Grandes inimigos são respeitados por aqui. Fala qualquer coisa, mas fala, opina, solta o verbo, discorde de mim, discuta comigo, me encare. Não revire os olhos e pense sozinho que você sabe mais do que eu só porque viveu mais. Ou só porque estudou mais. Ou porque morou em outro país. Não me importo com seu currículo. Papel aceita qualquer coisa. Quero saber quem você é, o que os macaquinhos aprontam no seu cérebro, quero saber onde você andou, quem conheceu, ou quem sonha conhecer. Quero saber quem são seus pais e quais os valores deles que você traz com você. Quero saber o que você aprendeu na vida e gostaria de dividir comigo. Não quero tua patente, soldado, vai bater continência em outra companhia, em outra freguesia. Tõ meio de saco cheio disso tudo, contando dias pra jogar pro alto, não vai demorar, quem me conhece sabe. Pavio curto, curtíssimo. Querendo respirar novos ares. Vomitando textos que quase pedem socorro por mim. Estou quase no limite. Alguém quer apostar quanto tempo mais vai durar?

terça-feira, agosto 21, 2007

Eu e Memê, Memê e eu*

1 - Há quanto tempo você bloga?

Desde 2002. Meu primeiro blog foi o Trivial. Ele foi assassinado pelo weblogger e eu nunca recuperei meus posts antigos. Uns dois anos de posts quase diários. Sofri, a princípio, mas aprendi na terapia sobre coisas que deveriam ser deixadas para trás, e classifiquei o blog como uma delas. Depois fui pro Muito Barulho. Lá fiquei quase dois anos, e comecei o Mamífera em paralelo, durante a minha gravidez. O Mosca é minha mais recente tentativa. Vamos ver onde dá isso.

2- Como você ficou sabendo da existência dos blogs e se animou a participar?

Não lembro onde descobri, acho que numa revista. Resolvi que seria uma boa forma de testar as reações das pessoas aos meus textos, além de fazer um aterapia gratuita. As duas coisas têm dado certo.

3- Diga cinco blogs que você acompanha diariamente ou com muita frequência.

Eles estão na coluna ao lado. Entro em todos, diariamente. Também entro em todos os blogs linkados no Mamífera.

4 - Você é leitor anônimo de algum blog?

Nem sempre comento, mas sempre dou link aos meus favoritos. É uma forma de me retirar do anonimato, certo?

5 - Alguns autores que te despertam especial simpatia?

Nossa, difícil escolher, mas eu praticamente idolatro Clarah Averbuck (Adiós Lounge). Além dela, minhas blogueiras favoritas são Mary W. (A feminista) e Mirella Fiorenzatti (hunny.bunny). Entre as Mamíferas, adoro os posts da Renata Penna (Bicho Solto) e da Renata (Pequeno Marujo)... Também adoro os escritos da Srta. Maíra (Romantically Blue), mas ela anda meio ausente... Né dona Maíra? humpf...

6 - Diga cinco blogueiros que você convidaria para tomar umas geladas.

Difícil, essa. Diria que eu adoraria me encontrar com qualquer um dos meus amigos da blogosfera. Menos a Clarah. Porque ela é meio ídolo e eu não me sinto bem perto de gente que eu admiro. Fico bocó, não sei o que falar, o que fazer. Então prefiro ser creep.

7 - Diga três blogueiras que você passaria uma noite de loucura sexual.

Essa eu passo. Mal tô fazendo loucuras sexuais em casa, vou fazer com blogueiro punheteiro por aí? rs...

8 - Você está satisfeito com seu blog?

Não. Eu só ficarei satisfeita quando conseguir postar algo decente todos os dias por pelo menos uns dois meses. Tá difícil, viu?

9 - Escolha entre três e cinco blogueiros para responder este meme.

Eu nem sabia o que era meme. O Google me disse que é a mais nova moda do mundo blogueiro. Isso demonstra o quanto ando por fora desse universo. A Mary W. disse que isso não é uma meme. Eu acredito em Mary W. Vou lançar um selo sobre isso. :p Aliás, eu roubei essas perguntinhas safadas dela. Se você quiser, responda aí e depois me conte... E não vou linkar ninguém porque eu MORRO de preguiça. Tchau.

* Nome de um disco do Lulu que eu sempre adorei e adoro até hoje... Um dos primeiros shows que fui na vida...

sábado, agosto 18, 2007

Ueba!

Sabem que hoje ela primeira vez fui chamada de radical? Assim, com todas as letras "mas você é muito RADICAL!". Adorei. Acho que finalmente faço parte do grupo.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Das unhas descascadas ao desaparecimento de Sarah*

Eu simplesmente odiava aquela menina. Odiava e amava, porque ela simplesmente era tudo o que eu sempre quis ser. Escritora de sucesso, linda, famosa, desejada e tatuada. Conhecia as melhores bandas, tinha os amigos mais divertidos, o cabelo mais lindo, era magra e sabia escolher roupas como ninguém. Era cantora, guitarrista, desejada, requisitada, amada. Bela droga.

E aquela pele dela? Como ela conseguia ser tão linda? Eu nunca via as unhas dessa mulher descascadas, meu Deus! Deus? Tem alguém aí? Como podem deixar vir ao mundo uma mulher linda, inteligente, gostosa, antenada e com todos os acessórios de fábrica? Não, não pode, não dá! Não há concorrência que resista!

Enquanto isso, no mundo real, lá estava eu, escrevendo notinhas de coluna social, arrancando o esmalte da unha com os dentes, usando minha calça jeans sem caimento e o all star de sempre. Tá, esse variava. Podia ser vermelho, preto ou cano alto, mas sempre all star.

Meu cabelo? Tudo o que qualquer cabeleireiro da esquina poderia fazer por você. Inclusive porque o meu cabeleireiro ficava na esquina. “Meu“ cabeleireiro o escambau, porque eu cortava o cabelo com quem estivesse menos ocupado na hora, que era pra não demorar muito.

O cabelo eu também pintava, mas era com tonalizante, em casa. Eu sempre afirmava: “dessa vez vou conseguir!”, mas na verdade o que conseguia era um belo cabelo manchado. Fazer o que, né? Não se podia ganhar todas. E perder todas, podia?

Bom, o que importa é que havia mais nela, minha ídola, do que a aparência e a inteligência. O que pegava mesmo era a atitude, sabem? Uma atitude que eu nunca conseguia ter. Nem nunca conseguiria. Era natural dela. Ela era capaz de fazer coisas que se eu fizesse pareceriam ridículas.

Ela era determinada, autoconfiante e perfeita. Eu era completamente insegura, não levava nada que fazia até o fim e ainda carregava nas costas centenas de milhares de defeitinhos dos mais insignificantes aos mais tenebrosos. Triste. Sim, eu sabia que ela tinha seus defeitos também. Mas sei que ela conseguia lidar com eles mil vezes melhor do que eu. Como sempre.

Ah, e tínhamos mais em comum. Muito mais. A idade, para meu desespero, já que eu sempre pensava: diabos, ela viveu o mesmo tanto que eu e já foi tão além, como eu conseguia perder tanto tempo? A cidade, São Paulo, que não era nossa cidade de nascimento, mas a que nós duas escolhemos pra viver.

A profissão, repórter, e a inevitável e incontrolável paixão por escrever como se não houvesse amanhã. Tinha outras coisinhas também. O fato de nos apaixonarmos por alguém diferente a cada semana, muitas vezes a distância, platonicamente. Sim, porque apesar dessa devoção toda por ela eu ainda gostava de meninos. Gostava e me apaixonava por eles, freqüentemente, diariamente. Até tive vontades de experimentar as meninas, mas a coragem faltou. Pra ela não faltaria. Nunca.

Já mudei de assunto de novo. Droga. O que importa é que ela tinha um blog. Na verdade eu a conheci pelo blog. Entrei na página por acaso, mas aquilo que li foi o bastante para pirar. Pirei e li. Li tudo o que havia naquela página, todos os arquivos, e queria mais. Diariamente minha vida consistia em acordar, tomar um gole de café amargo, ligar o computador e ler o blog da Sarah.

* Sem começo, sem fim, como sempre... Um trecho de alguma coisa sem nexo que de repente podia até virar um trecho de livro... Podia...

quarta-feira, agosto 01, 2007

O retorno do carrasco

Chega, Melissa, chega. Basta de querer voar. Corto suas asas de borboleta com tesoura. Vai doer. Não sei dizer isso de um jeito bonitinho. Sou sua consciência lembra? Não adianta fechar os olhos nem tampar as orelhas, babe... Vou estar sempre aqui e você sempre vai me escutar, queira ou não queira. Se arrependeu dessa tatuagem, né? Você deveria saber. Deveria entender que o amor é uma coisa boba e efêmera. Já tem idade pra isso, menininha. Por mais que você finja que ainda pode andar por aí com seus cabelos coloridos e essa meia arrastão. Não. Tá na hora de parar de comer esse esmalte preto. Tá na hora de arrumar essa janela quebrada e trocar as lâmpadas queimadas. Quanto tempo faz que elas queimaram? Nem você sabe, né? Não adianta virar o rosto, elas vão continuar lá. Esse cheiro de azedo também. Você também sabe de onde ele vem, não sabe? Tem medo de ver, mas ele está lá. Um rato morto, esquecido na despensa. Faz tanto tempo que você não sorri. Faz tanto tempo que não passo as mãos nos seus cabelos. Faz tanto tempo que você não... Sabe de uma coisa? Vou afrouxar um pouco essas algemas. Quem sabe deixar papel e lápis aqui, pra você rabiscar mais uma daquelas suas poesias fracas. Assim, está bem melhor, não é meu amor? Por onde será que seu novo príncipe anda? (gargalhada) Primeiro, um príncipe mariposa. Agora, um príncipe palhaço. Sua cara. Pobrezinha. Esqueceu de crescer. Quando você vai ver que tem que se salvar sozinha, Melissa? Melissa? Dormiu. Pobre criança.

"O primeiro personagem que um escritor cria é ele mesmo. Só os imbecis procuram um eu atrás do texto literário. Em literatura, a própria "sinceridade" é apenas, uma jogada de estilo. Um escritor medíocre não consegue ser "sincero"." (Paulo Leminski)