quarta-feira, agosto 22, 2007

Rasgando o verbo

Comigo, em geral, é oito ou oitenta. Não gosto de meio termo. Ou gosta de mim ou não gosta. Não faço tipo, não sei fingir, não sou de fazer social. Não gosto de gente que se liga mais em aparência do que em conteúdo. Não costumo ficar tentando agradar. Sou direta no que falo. Falo o que penso e pronto. Ou não falo nada e fico ruminando calada. Mas não faço caras e bocas. Não vou sorrir pra você se você não merecer. Não vou ligar pro teu sapato de grife se você não tiver caráter. E se você tiver caráter, pode vir até enrolado num trapo velho e mal cheiroso falar comigo que eu vou te escutar. Simples assim. Enfia teu dinheiro no cu. Guarda teu crachá que eu não quero saber com quem eu tô falando. Só me encara, olho no olho, e me fala a tua verdade, de coração, e eu te respeitarei. É sério isso. Se é o que você realmente pensa, se é no que você acredita do fundo da sua alma, eu não ligo pra quem você seja. Agora não me venha fingir o que não é. Não venha dançar conforme a música pra mim, porque não rola. Aqui não. Passa amanhã. Seja você, do jeito que for, se assuma, e seremos grandes amigos ou eternos inimigos discutindo saudavelmente prós e contras de nossas filosofias vãs. Nem ligo. Grandes inimigos são respeitados por aqui. Fala qualquer coisa, mas fala, opina, solta o verbo, discorde de mim, discuta comigo, me encare. Não revire os olhos e pense sozinho que você sabe mais do que eu só porque viveu mais. Ou só porque estudou mais. Ou porque morou em outro país. Não me importo com seu currículo. Papel aceita qualquer coisa. Quero saber quem você é, o que os macaquinhos aprontam no seu cérebro, quero saber onde você andou, quem conheceu, ou quem sonha conhecer. Quero saber quem são seus pais e quais os valores deles que você traz com você. Quero saber o que você aprendeu na vida e gostaria de dividir comigo. Não quero tua patente, soldado, vai bater continência em outra companhia, em outra freguesia. Tõ meio de saco cheio disso tudo, contando dias pra jogar pro alto, não vai demorar, quem me conhece sabe. Pavio curto, curtíssimo. Querendo respirar novos ares. Vomitando textos que quase pedem socorro por mim. Estou quase no limite. Alguém quer apostar quanto tempo mais vai durar?

Nenhum comentário: