quarta-feira, novembro 12, 2008

Baú

Andei lendo uns trechos de um livrinho água com açúcar cujo autor e tema agora nem mais interessam. Não era uma grande obra da literatura, mas mexeu comigo, que é o que realmente
importa. Palavras com sentimento sempre mexem comigo. As histórias de amor também, mesmo as mais óbvias, porque na obviedade me reconheço também. Tenho vontade de registrar certas coisas, pra que não se percam, pra que não desapareçam. Palavras ficam, mesmo quando as pessoas vão. Aprendi assim, mas nunca consegui contar com a verdade necessária. Sempre deixo algo no ar, como quem teme ser reconhecida no meu amor. Me sinto nua quando me exponho tão abertamente. Então cubro o que me interessa, deixando que vejam só onde eu quero que vejam. Também porque não quero confundir ninguém. É que quando a gente escreve, aquilo não é passado, vira presente, porque revive e se eterniza ali, naqueles parágrafos, naquelas letras. E os motivos pra eternizar algo podem confundir. Meus motivos são tão simples: mexer com meus leitores, fazê-los acessar gavetas empoeiradas atrás de uma antiga fita cassete, revirar o lixo e encontrar uma foto rasgada ao meio, e ter vontade de colar com durex. Fazer suspirar, fazer que se sintam vivos, como certas pessoas fazem comigo diariamente. Daí que retomo, sem grandez pretensões, aquilo que já antes abandonei, o exercício diário de repassar alguns momentos importantes e pessoas importantes. Tudo no passado mesmo. Pra não deixar cair no esquecimento. Só pra não virar poeira de estrela. Pra não ficar "numb"... Acho que vocês vão gostar.

"...because he's in love with a drug
one that makes him numb
one that stops him feeling at all
he's in love with a drug
forget everyone
he really doesn't care anymore
anymore...
he doesn't want to care anymore
just keeps loving the drug
the one that makes him numb
the one that stops him feeling at all
just keeps loving the drug
the drug that he's become
he isn't really here anymore...
And that makes me cry..."

(The Cure - Numb)

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