quinta-feira, dezembro 20, 2007

Infelizes para sempre

Não teve amigo secreto na empresa nesse ano e por isso eu nem precisei me dar ao trabalho de forjar o sorteio como fiz no ano passado. É, eu sou desse tipo de gente chata e desonesta que faz esse tipo de palhaçadinha sem graça em benefício próprio. Ano passado fui incumbida da missão solene de passar pelas mesas levando os famigerados papéis da brincadeirinha mais chata de todos os tempos. Porque eu sou daquele tipo de pessoa que passa uma imagem de idônea e acima de qualquer suspeita. Dissimulação, aquela coisa toda, minha gente. Mas não, eu não ia arriscar tirar o meu chefe e ter que abraçá-lo na hora da troca de presentes. Nem deixar meu nomezinho lá pra ser sorteado pela tiazona que pinta o cabelo de acaju e parece a Ângela Maria pra ganhar um batom vermelho-puta-cintilante-boca-loca. Não. Eu não. Nem fodendo. Me juntei com as estagiárias e forjamos um plano perfeito, trocando os papéizinhos com nossos próprios nomes entre nós. Bem feio mesmo. Tipo, eu tirei a Mariazinha, que tirou a Aninha, que me tirou. Assim, aquelas coisas que nunca acontecem mesmo. Não escapamos do corinho "marmelada, marmelada" na hora da troca de presentes, mas como nem rolou auditoria escapamos imunes. Esse ano estava ficando desesperada já. Porque nem ia rolar de fazer essa palhaçadinha de novo, que ia dar na cara. E, tipo, NÃO TEM como escapar dessas porcarias aqui. Não tem. Cabeças de pessoas que não confraternizam rolam por aqui. Falsidade impera mesmo. Neguinho nem sem graça fica mais. Então a gente vai se virando como pode. Mas esse ano não teve amigo secreto e eu agradeci a Deus Murphy oferecendo-lhe em sacrifício o peixinho vermelho do aquário do Samuel. Não, eu não matei o peixe, ele morreu de causas naturais. Ou o companheiro de aquário dele o matou, mas eu nunca vou saber a verdade. E nem me importa. O que importa é que nesse ano a minha participação em eventos sociais da empresa se resumiu a beliscar uns quitutes natalinos na mesa de Natal que montaram, beber uma coca-cola quente em copinho plástico, assoviar e sair de fininho rezando pra que ninguém notasse que eu prefiro meu computador àquelas pessoas bizarras que usam perfumes fortes e te abraçam desejando boas festas querendo na verdade te ver pelas costas. Argh. Odeio essas paradas com toda a força do meu coraçãozinho negro. Ufa, passou... Agora só faltam as obrigaçõezinhas familiares malas e se acaba essa porcaria toda mais uma vez. Sempre preferi ano novo, e vocês?

"A verdade é que não havia mais ninguém em volta. Meses depois, não no começo, um deles diria que a repartição era como "um deserto de almas". O outro concordou sorrindo, orgulhoso, sabendo-se excluído. E longamente, entre cervejas, trocaram então ácidos comentários sobre as mulheres mal-amadas e vorazes, os papos de futebol, amigo secreto, lista de presente, bookmaker, bicho, endereço de cartomante, clips no relógio de ponto, vezenquando salgadinhos no fim do expediente, champanha nacional em copo de plástico.

...

Quase todos ali dentro tinham a nítida sensação de que seriam infelizes para sempre. E foram."

(CFA - Aqueles Dois)

Um comentário:

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