terça-feira, outubro 28, 2008

arrepio

Andei lendo de novo umas coisas antigas. Como eu era ousada! Como eu falava tudo o que sentia, sem sequer engasgar! Como ando medrosa e contida, um medo bobo que nunca fez parte de mim. Cautela, medo de quebrar a cara, que será? Não sei identificar, e olha que eu nunca achei que ficaria assim. Tenho ímpetos em que aquela velha menina parece passear por aqui, mas dura pouco. Em geral a racionalidade predomina. Preciso estar muito à vontade pra menininha aparecer de novo dizendo aquelas coisas meio sem sentido, mas que pra mim sempre fazem, e soam tão apropriadas, como se não existissem em outros lugares sem ser naqueles momentos.

Mesmo não me reconhecendo em certos momentos, parece ser o melhor agir com cautela. Não quero me precipitar demais (a menininha aqui dentro agora assopra no meu ouvido dizendo: vai! precipite-se! se joga!), mas eu faço um psiu com cara de mãe brava pra ela, e a pobrezinha de aquieta.

É bom também viver cada momento de uma vez. É bom ter certeza absoluta da verdade do que se fala. Não que antes eu não tivesse certeza absoluta, mas apenas fazia parecer que algo seria eterno quando na verdade era um sentimento tão forte que tinha dimensões eternas. Mas eu não sustentei. Me doei tanto, me entreguei com tanta força, que o sentimento se esgotou, e escorreu ralo abaixo.

Dessa vez não quero nada escorrendo. Quero sentir tudo sim, intensamente, mas quero também que seja algo com o qual eu possa lidar, algo que eu possa sustentar sem que meus joelhos se dobrem. Quando o peso vai aumentando devagar e gradativamente, a gente se prepara pra ele, e não despenca. Pelo contrário, vamos ficando mais fortes, mais seguros, mais preparados.

Acho que a menininha vai embora mesmo, e voltará só pra visitas furtivas, praqueles momentos em que o sentimento é tão intenso, que precisa ser colocado pra fora de imediato. Tô crescendo, acho... Que bom, né?

Afora isso, estou meio que estagnada. Faço as coisas do trabalho porque sou obrigada, mas tenho umas coisas paralelas pra resolver e ando desanimada, meio que sem vontade de pegar firme. Tenho emails pra responder, florais pra pendular, projetos pra tocar, contas pra acertar, e ao mesmo tempo uma vontade imensa de ficar quieta, calada, observando o movimento. Costumo respeitar esses ímpetos, mas não sei quanto tempo poderei continuar assim sem me prejudicar. Enfim, cá estamos...

"...But on and on
From the moment I wake
To the moment I sleep
I'll be there by your side
Just you try and stop me
I'll be waiting in the line
Just to see if you care..."

(Coldplay - Shiver)

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