quarta-feira, setembro 26, 2007

Pilantras

Meu último post foi meiguinho e fofinho porque foi destinado a um menino querido, a uma pessoa única e especial que o mundo perdeu nessa segunda-feira. Foi uma despedida, um tchau que eu não pude dar, uma homenagem a alguém que estava longe, mas sempre perto, muito perto, mesmo porque sabia tocar meu coração.

Meu post de hoje é de revolta. Porque eu gostaria muito de saber o que se passa na cabeça de um jornalista, de um editor de jornal, pra colocar no ar, publicar, pra todo mundo ver, as fotos horríveis e chocantes que foram publicadas juntamente da matéria que noticiava a morte do meu amado Radá e de seu amigo (num acidente de carro, na madrugada de domingo pra segunda, em Maceió).

Eu não merecia ver assim, de supetão, sem aviso prévio, fotos do meu amigo morto, desfigurado, preso nas ferragens de um carro destroçado. A mãe dele não merecia. Os amigos e familiares dele não mereciam, os leitores desse jornal ridículo não mereciam.

Não havia uma mensagem do tipo "imagens fortes" ou nada do tipo. Eu não tive nenhum tipo de curiosidade mórbida... Fui até o site pra ler mais, pra ter notícias, pra ver se conseguia entender melhor o que tinha acontecido, já que a minha ficha não caía e eu achava que aquilo tudo era uma brincadeira de mau gosto... Radá era um brincalhão, eu sabia disso, mas aquilo já era demais até mesmo pra ele...

No fim, era verdade, meu amigo estava morto. Não haveriam mais conversas, não haveria mais Radamanthis. Os sábados não seriam mais como os de antes... Os três anos de convivência virtual eram tudo o que eu tinha agora. Lembranças, conversas, carinho, era o que eu guardaria. Minha intenção era a de guardar na minha mente a imagem do Radá que eu conheci. Por fotos, sim, mas fotos de um garoto lindo, novo, cheio de vida, cheio de história.

Entenda, eu não quis ver a minha própria MÃE morta. Eu não quis. Foi uma opção minha. Queria guardar dela a imagem que tenho hoje, dela rindo, gargalhando, feliz... Eu não entro em velórios, eu gosto de lembrar momentos bons... Ninguém tem o direito de expor assim as fotos de uma pessoa, não tem... Isso é mais do que falta de ética, é falta de moral mesmo...

Escrevi um e-mail para a redação daquela birosca. Me recuso a chamar novamente aquilo de jornal. Não espero resposta, não quero nada que venha de lá. O mal já foi feito, mesmo, aquela imagem nunca mais sairá da minha cabeça. Ela me atormentou durante toda a madrugada e me fez sofrer demais, demais... Mas eu precisava que eles soubessem o quão absurdo é utilizar esse tipo de sensacionalismo pra ganhar dinheiro em cima do sofrimento alheio.

Indignada? Indignação é pouco... Quero fugir desse mundo, quero tirar meu filho daqui...

ATUALIZANDO: Recebi resposta dos porcos. Retiraram as fotos do meu Radazin do site. E da minha cabeça, como eles vão fazer para tirar agora?

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