sexta-feira, julho 29, 2011

Dele



"...– Camila?
– Hmmm oi. Tava aqui fazendo as contas.
– Hein?
– As contas. Me perdi nos pontos, sou um verdadeiro lixo em matemática.
– A conta do bar?
– Não, a minha.
– Como assim?
– Eu sou uma máquina de pinball.
– Ah...
Ah?
– Tem que apertar os botões certos na hora certa pra ganhar?
Sim!
– Sim! Meu deus, você entendeu.
– Entendi.
– Quer casar comigo?
– Que horas?
– Agora. (...)
Quando acordei e olhei pra ele, acendeu uma luzinha que eu achava estar queimada. Vai ver era só mau contato. Plim. Eu sorria como uma Barbie. Não fumei nenhum cigarro, não tomei nenhuma bola. Almocei salada. Meu computador travou 34 vezes, o ventilador estragou, a internet estava lenta e eu estava com o torcicolo do mal. E a luzinha lá, firme. Não preciso de comida, não preciso emagrecer, não preciso de dinheiro, nem de cigarro, nem de vódega, nem de anfetaminas. Não preciso trabalhar nem pagar o aluguel nem a luz nem a água nem o Speedy. Não preciso de lentes novas, amaciante, margarina ou um corte de cabelo. Eu preciso dele."

(Clarah Averbuck - Máquina de Pinball)

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