quarta-feira, agosto 27, 2008

Magic

"...Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado só de quem me interessa..."

Tem dias que preciso parar um pouco, respirar fundo, olhar pra dentro e sossegar. Pra me entender. Pra entender uma irritaçãozinha que surge meio do nada, pra perceber que estou meio intolerante, que o ombro está mais tenso e minha expressão mais fechada. Pra sacar que tudo, absolutamente tudo influencia no meu bom ou mau humor, do sapato que escolhi hoje à pessoa que se senta ao meu lado. Tudo mexe com as minhas energias, tudo faz com que meu humor fique diferente também. Tenho preguiça das pessoas às vezes. Parece que tudo dá muito trabalho, que ninguém simplifica nada. Parece que vivemos num extremo esforço de agradar e eu detesto isso com todas as minhas forças. Porque por mais que não concorde, vivo em sociedade e fica difícil sempre bater de frente com tudo, mesmo que esse seja um dos meus esportes favoritos. Espero mais das pessoas também às vezes. Espero que elas me surpreendam, com gestos, com frases, com olhares, com atitudes. Mas nem sempre vem. Nem sempre mesmo. Existe aquele pé atrás todo, que eu também ando usando demais ultimamente. Existe a polidez, a máscara colocada, aquela maquiagem toda, os gestos ensaiados demais. Eu sei que me olham diferente aqui porque eu venho trabalhar com a camiseta do Radiohead ou com o tênis sujinho e de cabelo molhado e odeio isso. Me faz mal e começo a pensar que se entrasse no esquema e me montasse de menininha pra vir pro trabalho, as pessoas sorririam mais e eu talvez me sentisse mais aceita. Mas daí eu olho a loirinha aqui em frente, de cabelo milimetricamente escovado, maquiagem perfeita, roupa linda, sapato de três dígitos, e o que vejo? Vazio! Não vejo nada. Talvez seja por isso, claro. Ela precisa disso tudo pra encobrir o vazio. Era tão óbvio, mas eu precisava escrever pra eu mesma perceber. Será que há limite pra idealismo? Será que não pode ser confundido com uma busca diária pelo conflito, será que não está ficando pesado demais manter a atitude? Passo então a questionar a verdade de cada um e não me sinto nesse direito. E meu ombro começa a formigar, como acontecia antes, quando eu andava mais tensa do que deveria por conta dos meus idealismos feridos. Acho que não estou sendo nada clara, mas parece que pra mim está funcionando, já chego na metade desse texto pensando diferente, talvez... Não vou mudar nada, claro. Porque continuo achando que a qualidade do meu trabalho continua a mesma esteja eu com roupa de grife ou trabalhando pelada. Poutz, será que é tão difícil entender? Por que me é tão sofrido, essa é a questão agora? É síndrome de escola, acho. Eu sei quem eles acham que trabalha melhor. Imagem vende, embora não convença na hora do vamos ver. Na hora do vamos ver, sou eu que eles chamam. Porque minha insegurança bate tão forte então, se eu simplesmente sei quem eu sou e tudo o que eu posso fazer com isso tudo que eu sou? Argh... Crise, crise... Ainda bem que hoje é quarta-feira, oficialmente meu dia preferido da semana nos últimos tempos. :o)))))

"Por trás do seu sossego, atraso o meu relógio
Acalmo a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurre em meu ouvido
Só o que me interessa..."

(Lenine - O que me interessa)

E agora, meio que num insight, me vem na cabeça um sonho que tive hoje, com um amigo querido que tem me mostrado caminhos diferentes na vida. No sonho ele me salvava, e mostrava o caminho, e apontava. E me lembro que a carta que tirei hoje no tarô tem tanto a ver com ele, que eu quase me assusto. Só o fato de eu mexer no tarô já tem a ver com ele. E então vem essa carta. E a gente tem trocado umas idéias muito legais ultimamente. Meu querido P. que eu tanto admiro, obrigada, eu entendi tudo agora. Obrigada por me salvar, no sonho e todos os dias. E lembro de você rindo de mim a cada vez que te agradeço e descubro que esse é o caminho mesmo. É assim mesmo, um ciclo, e tudo vai se encaixando, e eu quase já sei exatamente o que fazer.

Carta do dia - O Mago - "A qualidade do momento demanda espanar a poeira e abrir-se ao novo. Muito estímulo intelectual lhe aguarda nesta etapa de sua vida, o que pode surgir na forma de livros que lhe são indicados, pessoas que surgem do nada pra bater um papo com você e lhe permitir um maior entendimento das coisas. É como se, agora, as coisas que você fosse ouvir (provavelmente da boca de gente que você nem esperava!) lhe permitissem uma libertação de uma forma antiga e superada de abordar as situações. Aproveite este dinâmico período!"

Ahm, o tarô tambem me lembra de você, viu... Você que sabe quem é você. Aliás, difícil algo hoje em dia que não me faça lembrar de você... ai ai...

2 comentários:

Ana Paula disse...

ô flor... é assim mesmo, vc não sabe?

me sinto assim quase sempre tb :)

:*****

Fabiana disse...

Fantásticas palavras. Por que a gente precisa se encaixar em moldes pra ser bem vista? Não gosto disso também. Deixem eu sair de cabelo molhado de casa, eu não tenho paciência e nem gosto de secadores. Continue sendo você mesma.
Abraço
fabiana