terça-feira, julho 29, 2008

Passos

Lembra dessa musiquinha dos anos 80 breguíssima?

"... e às vezes faço que nem vejo e nem ligo,
e finjo ser distraída demais..."

Não tô fazendo joguinho, eu juro! Nem me divertindo com a situação. Pode até parecer, mas não estou... Não finjo nada, não encubro nada, e o meu "faço que não vejo", é só timidez mesmo... Pura e simples... Falta de jeito, vergonha, acanhamento, não saber o que fazer com as mãos, não saber direito que palavra escolher, falta de desembaraço... Tudo isso e mais um pouco. Mas como a própria musiquinha brega diz na estrofe anterior, tenha certeza, você faz toda a diferença, você não tem idéia de quanta diferença faz... É essa controvérsia toda que me instiga ultimamente, na verdade. Não é conquista, não é flerte, nem galanteio ou qualquer um desses sinônimos. Na verdade não é nada, e ao mesmo tempo é tudo. Essencial e indispensável, pra eu perceber que estou aqui, vivinha da silva, pronta para emoções cada vez mais fortes. É algo que me mobiliza, não necessariamente de uma forma afetiva. Não consigo explicar bem, mesmo porque não entendo direito. Acho que você já deve ter percebido, eu não faço o tipo que força a barra, nem o tipo conquistadora barata (e chata)... Nada a ver. Sou desencanada, relaxada e deixo rolar, na medida do possível. Morro por dentro, mas não demonstro. Afinal, mil vezes um bom papo e um amigo fiel, um oásis nesse deserto de futilidade e vazio, do que uma forçada de barra sem noção. Isso com tudo, em todas as áreas da vida. Eu simplesmente vou deixando rolar. Mas não me lembro bem de outras vezes em que isso aconteceu assim, dessa forma. Pelo menos não na vida adulta, rs. Sei lá, talvez eu tenha algo pra resolver contigo. Como saber? Pendências dessa vida... De outras, rs... Não que eu acredite nessas bruxarias todas, mas vai saber, né... Porque é forte demais... Num ponto que me incomoda, me deixa inquieta e afoita. É impulso, energia, choque elétrico, atração, simpatia, inclinação, ímã, magnetismo, tudo ao mesmo tempo agora bagunçando minha percepção já meio alterada de mundo, me fazendo gravitar por aí sem saber direito o que estou buscando. Bom, muito bom, extremamente prazeroso. Ao mesmo tempo ruim, colérico, e isso justamente por escapar de minhas mãos, me amarrar, atar, imobilizar. Eu não sei bem como agir, daí eu fujo, escapo, correndo, deslizo, muda, calada, mas sempre te olhando, pode ter certeza absoluta disso... Que eu sei onde você está, mesmo sem te olhar diretamente, que eu em geral sinto quando você chega, te acompanho de longe, adivinho seus passos, mesmo sem conhecê-los direito. E quando eu olho pra cima e peço uma ajudinha do universo, ela acontece. E você surge, de surpresa, me assustando, sorrindo por aí e deixando o dia mais divertido, ou ainda tropeçando nos meus passos pelas ruas, e aparecendo com uma palavra legal de ouvir, com um comentário interessante. Difícil de ignorar. É no mínimo curioso. E curiosidade me atiça demais pra eu deixar pra lá. So queria que você entendesse, só isso, sem me achar muito maluca nem ficar com medo de tanto sentimento queimando aqui dentro. Porque atração é sentimento, pânico é sentimento, e dúvida também, oras... Modificações dos sentidos... Desordenando tudo, sei lá pra que! Assim vamos indo, não tô reclamando, só expressando mesmo, porque me alivia a cabeça, me distrai, e então vou ajeitando melhor a confusão aqui de dentro. Ou tentando, sempre, não necessariamente com êxito, rs. Ai.

"todo dia eu só penso em poder parar
meio dia eu só penso em dizer não..."
(Chico Buarque)

"A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá..."
(Chico Buarque)

Nenhum comentário: