sábado, junho 21, 2008

Tênis



Daí ele vem, com carolinas, coca cola e aquele sorriso de sempre. E eu me sinto tão bem, que até consigo ter a conversa mais sincera e aberta que já tive com alguém na vida. Sem nenhum tipo de exagero. Entendi tantas coisas. Queria que as feridas passassem, só isso, que se fechassem. Feridas que eu causei. As que ele causou, em sua maioria, já secaram... Porque cuidei delas. Ele não, não sabe lidar com isso, foge, escapa, não encara... Sente raiva, deixa de lado, porque é mais fácil... Mas hoje, pela primeira vez ele me ouviu. E falou muito também. E exatamente por isso não depende mais de mim. Porque hoje eu abri o jogo, coloquei na mesa mesmo. Caminhamos por algum tempo juntos. Um bom tempo. Mais de uma hora, certamente. Voltas e mais voltas. Falei, chorei, ri, lembrei, ouvi, calei... Estava escuro, já. As ruas molhadas, e a gente caminhando. Tênis novos, de ambos, velhas conversas. Situações diferentes, mas um sentimento muito forte, nítido e declarado, quase paupável. Falta encarar mesmo. Só isso. Mas de novo, não é mais minha vez. Uma dor de cabeça muito forte me dominou quando voltei. Doeu demais, demais. Agora está melhor, e estou leve, uma leveza muito boa. Minha terapeuta tinha toda razão. Não tinha mais nada a perder. Nada. Eu simplesmente já estava perdendo...

"...Tô voltando, não sei quando, pra roubar teu coração...
vou chegar no final de mais uma canção..."
(Los Hermanos - Mais uma canção)

Um comentário:

renata penna disse...

querida, acompanhando tua estória é lindo ver a tua coragem em encarar as coisas, em botar o dedo na ferida, em ir atrás de resolver, caminhar, seguir adiante, não se acomodar. te vejo renascendo dessa estória de uma maneira muito bonita.
bjo grande, flor.