segunda-feira, julho 02, 2007

Banco Vazio



Sempre reparava num casal que costumava almoçar junto. Uma menina bonita, cabelos longos, boca grande, sempre muito arrumada. Um rapaz alto, moreno, bem elegante. Jovens. Deveriam tem seus 30 anos, no máximo.

Dividiam sempre a mesma mesa. Ele fazia questão de carregar a bandeja para ela. Ela dividia com ele um drops de hortelã. Depois do almoço, cotumavam caminhar pelo jardim. Estavam sempre sentados num mesmo banco, conversando. Formavam um casal bonito. Combinavam.

Sorriam muito, gesticulavam mais ainda. Gostava de vê-los. Uma noite, faz algum tempo, eu caminhava para o estacionamento logo atrás dos dois. Ouvi alguns trechos de uma rápida conversa. Papo gostoso, de início de flerte. Um ainda conhecendo o jeito do outro.

Porém, hoje, ele estava ele sozinho no restaurante. Ela dividia outra mesa com algumas amigas. Tinha os olhos inchados, como quem andou chorando bastante. Tentava sorrir e acompanhar a conversa, mas o olhar era perdido, parecia não se interessar por nada. Teve que carregar sua própria bandeja.

Ele, fisionomia fechada, olhos baixos, procurava se concentrar no prato de comida. Almoçou rápido. Saiu sem o drops.

Quando passei pelo jardim, vi o banco vazio. Meu coração ficou apertado e minha tarde muito mais cinza.

Todo fim é triste. Deixa saudades e bancos vazios. Mas deve ser muito difícil ter que conviver diariamente com essas lembranças. Já é difícil, sem sequer fazer parte delas diretamente.

Definitivamente tenho que deixar de ser tão romântica...

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