sexta-feira, junho 22, 2007

E se eu cantar baixinho?



Da última vez que comecei a contar essa história, não consegui terminar. Doeu, e eu parei. Vamos de novo, porque é preciso colocar pra fora para que se possa refletir.

Tudo começou porque eu simplesmente não conseguia ver aquele menino sempre triste e não fazer nada. Ele nem meu amigo era. Era só um conhecido. Mas estava magoado, eu sabia o motivo e queria ajudar. As nuvenzinhas. Sempre pretas, em cima de sua cabeça. E eu, tonta-mor, tinha vontade de fazer uma piadinha pra ver se ele se distraía um pouco. Às vezes dava certo, às vezes não.

Acontece que começamos a conversar mais por conta disso. Nada a ver com piedade, foi mais uma boa ação mesmo. Quis ganhar uns pontinhos no céu. Mal sabia onde eu estava me enfiando. Menino legal. Mesmo. Aí começou. Como o papo era bom, tinha vontade de conversar mais. Não lembro bem como as coisas se desenrolaram, foi devagar até, aos pouquinhos. Às vezes não tinha certeza se rolava da parte dele. Eu sou terrível. Nunca acredito que as pessoas possam gostar de mim.

Mas acabou que eu comecei a pensar nele. De leve, pisando em ovos, porque dava pra ver que aquilo não era lugar pra brincar. A velha regra. Namorado de amiga é mulher. Mas e ex-namorado, é o que? E como evitar o inevitável? Costumo pensar nessa história como uma noite perfeita seguida de milhares de momentos de pseudo-felicidade. Pseudo? Não sei, espera, vamos rever. Talvez felicidade pela metade. Porque ele nunca estava inteiro. Eu não sei porque eu aceitava, mas era realmente inevitável.

Era inebriante, lance forte mesmo, que eu não tô aqui pra brincadeirinha. Arrisco dizer que um dos mais fortes até hoje. Top 5 fácil. Talvez top 3.

Aquela noite, a primeira, não esqueço. Fui pedir permissão pra amiga. Que piada. Acho que eu tinha bebido um pouquinho a mais. Mas foi linda, aquela noite, Me senti genuinamente feliz. Um aniversário. Assim como na última vez. A bebida e o aniversário.

Não me orgulho desse último dia, não. Mas era preciso. Me perdoei por essa falha. Era preciso se despedir para que conseguíssemos continuar seguindo nessa vida.

A intensidade do lance mexeu comigo, fiz coisas que talvez não devesse, me abri demais, me declarei demais, escancarei demais, falei demais, fiz demais, me joguei de cabeça, fiz tudo, mas ele não conseguiu, ou não quis, ou preferiu não me acompanhar. Teve medo, talvez. Não de se envolver. Mas de perdê-la. Com toda razão. Quem sou eu pra julgar? Não poderia. Cada um tem suas razões, seus motivos, suas histórias.

Não ficaram mágoas, não. Diferente dos outros, ele pra mim é sempre uma “presença” agradável, suave, tranquila, que me faz bem mesmo. Apesar da distância, alguém que confio e que sei que me entende, ou pelo menos se esforça para... Saldo positivo, enfim. Ficaram lembranças de conversas intermináveis, de palavras suaves, de um fim de tarde no telhado. De andar de mãos dadas. Cafuné, ludov, ficar sem palavras... Stone temple pilots e abraços de tirar os pés do chão....

Eu ainda o amo. De um jeito diferente, é claro, mas não consigo deixar de amar. Não sei como me explicar. Mas acho que ele entende. Só ele, e mais ninguém. Tenho tanto medo de ser mal interpretada. Não passa, esse medo. Mas preciso assumí-los, medo e sentimento, para meu próprio bem.

"Não vou mais ficar aqui sem compreender...
Sei que tudo há de vir no seu devido tempo...
Quem me dera dar o mundo pra você
e um pouco mais de paz...

Mas hoje não será ainda o dia
em que seremos felizes...

Para sempre levarei comigo a sua dor
Para o caso de um dia você a esquecer
Se tudo parecer errado
E eu deixar poemas em seu gravador... Escuta!

Sei que às vezes dá vontade de gritar
Não vou mais ficar aqui no meu cantinho
Se eu falar bem alto todos vão me escutar
Mas e se eu cantar baixinho?

Mas, em seu ombro deixa eu chorar
até o dia em que seremos felizes...

Vou te pegar a mão
te levantar do chão
te levantar do chão..."

(O Dia Em Que Seremos Felizes - Ludov)

Um comentário:

Ricardo disse...
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