sábado, janeiro 26, 2008

Fragmento

E quando abriu o envelope selado e guardado como um antigo tesouro, eram fragmentos desses versos que encontrou...

"...Velho forte
Que não teme a morte...

Se és o mais sábio, de tudo deveis saber
Não tens os arroubos de Aquiles,
Nem tão pouco a força de Hercules.
Tua sabedoria é teu poder

O velho sabido
Pelo orgulho jamais corrompido...

E se o amor nascer e tudo mudar?
Não tens como saber, nem onde consultar
O que vai ser do velho que não sabe amar..."

Apertou, comovida, a folha manuscrita junto ao peito, lembrando de como tudo havia começado... Remexeu os papéis antigos, até encontrar sua resposta àquele verso.

Era meio homem, meio cavalo, mas em geral preferia que seu lado selvagem e indomável permanecesse calado, quieto, adormecido. Temia as flechas, e a dor que elas causavam. Tanto temeu, que foi atingido. Ferimento incurável, seu pior castigo. E agora, Quíron ferido? Passará a eternidade sofrendo? Sua sabedoria não consegue te curar? Talvez não houvesse cura, centauro. Talvez o correto seja sucumbir de vez à dor, baixar a cabeça, descer de seu posto de imortal... Talvez descubras que para a dor cessar é preciso morrer e se permitir nascer de novo, dessa vez na forma de estrelas...

Sorriu, meio de lado, quase orgulhando-se daquelas palavras. As imagens surgiam como flashs em sua mente, referências tão íntimas que só fariam sentido se fossem divididas com ele.

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