terça-feira, junho 24, 2008
Túnel do Tempo
O texto a seguir foi escrito numa sexta-feira, dia 11 de fevereiro de 2005. É incrível como minha vida é cíclica. Isso chega a me dar esperanças...
"Em homenagem ao show do Zeca Baleiro que perdi hoje vou postar um trecho de uma linda música dele: "Nalgum lugar"...
Tá, eu tenho gostos esquisitos... Eu vejo poesia onde as outras pessoas não enxergam nada... Eu me emociono com frases que para os outros não querem dizer nada também...
Em especial a frase dessa música "Há coisas que me encerram, ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto..." me assusta porque praticamente define as minhas atitudes. Minha atitude contemplativa de somente observar e me encantar com a vida, com as pessoas, com meus ídolos... De não ousar tocar para que a magia não se estrague... (evitando a qualquer custo usar a palavra creep)
Outro trecho da música é encantador pra mim.... Ele descreve que só um ligeiro olhar dela facilmente o descerra, mesmo que ele tenha se fechado antes... Assim também acontece comigo... Algo simples... Uma palavra, um jeito de olhar ou uma atitude é capaz de me fazer "encantar" por alguém...
É lindo imaginar em quem ele pensava quando escreveu essa linda música... Certamente, um pedestal... Se possível, ouçam essa poesia... Agora!
Nalgum Lugar
(Zeca Baleiro)
"Nalgum lugar em que eu nunca estive,
alegremente além de qualquer experiência...
Teus olhos têm o seu silêncio
no teu gesto mais frágil...
Há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar
porque estão demasiado perto...
Teu mais ligeiro olhar
facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos,
nalgum lugar...
Me abres sempre, pétala por pétala, como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente)
a sua primeira rosa...
Ou se quiseres me ver fechado,
eu e minha vida nos fecharemos belamente,
de repente, assim como o coração desta flor
imagina a neve cuidadosamente descendo
em toda a parte...
Nada que eu possa perceber neste universo
iguala o poder de tua intensa fragilidade
cuja textura compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte
e o sempre
cada vez que respira
Não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre. Só uma parte de mim compreende que a
luz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas...
Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas...""
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