segunda-feira, agosto 31, 2009

Persistência

É isso!
É isso!
É assim que me sinto:

"Escrever, para mim, é fácil. Pesquisar é mais difícil, mas eu gosto. Só não sou bom na persistência.

Também não gosto de incomodar os outros. Se a fonte não quer falar, por exemplo, não insisto. É um direito dela.

Para um jornalista, acho que prezo demais o direito do outro de silenciar.

Isto é, preciso sempre ter em mente que existe sempre 50% de possibilidade de ouvir um “não”. Faz parte do jogo. De todos os jogos da vida, aliás."

Genial. Exatamente como me sinto. Daqui.

terça-feira, agosto 25, 2009

Apaixonadinha

Leléu: Quando a gente ama uma pessoa, o que a gente mais quer nesse mundo?
Lisbela: Ah, é ficar bem juntinho dela.
Leléu: Pronto. Tão juntinho, tão juntinho, que como diz o poeta: "Transforma-se o amador na coisa amada, por virtude do muito imaginar, não tenho logo mais que desejar, pois já tenho em mim a parte desejada."

- Lisbela e o Prisioneiro -

segunda-feira, agosto 24, 2009

Ctrl-c Ctrl-v

"(...) Na sua varanda sem céu, certa vez, você se sentou naquela cadeira sem fundo. Me colocou no seu colo e me deu o abraço que disparava corações em mim como se eu tivesse um em cada nó de veia. E me disse, com sua voz tão bonita, a mais bonita que eu já ouvi, que eu tinha subido todos os seus andares. Eu entendi que você era o homem da cobertura de aço e eu uma espécie rara de passarinho que tinha algum tipo de chave que se autodestruiria em poucos segundos. E eu entendi também que agora que tinha chegado ali, só me restava pular, já que ninguém aguenta o alto tão alto muito tempo. A vertigem que era o nosso amor. (...) Tudo isso que daqui a pouco, quando a sensação desgraçada de absurdo e solidão passar, tudo isso volta, se acomoda, a agenda mágica, o gostosinho no peito, esquecer você todo dia um pouco pra vida e todo dia muito por dia. Mas agora, hoje, guarda isso, eu amo demais você. Por que escrevo? Porque é a minha vingança contra todas as palavras e sensações que morrem todos os dias mostrando pra gente que nada vale de nada. Toma esse texto, o único lugar seguro e eterno pra gente."

(O único lugar pra sempre - Tati Bernardi)

Estranho amor


Eu já amei muitos meninos que nem sequer souberam da minha existência. Eles foram tão, tão importantes na minha pré-adolescência, mas hoje, sei lá, talvez não fizessem diferença alguma. Passaria batido por eles hoje em dia. Mas eles tiveram lá sua importância, sim. Me ajudaram a entender muitas coisas sobre mim. Fizeram parte da minha vida de forma tão forte, que consigo até hoje me lembrar deles. Lembro nomes, sobrenomes, se puxar pela memória consigo lembrar de fisionomias também. Talvez se os encontrasse hoje em dia por aí eu me lembrasse também. Teve um, em especial, por quem eu era muito apaixonada na escola. Muito, muito. Apaixonada pelo rostinho bonito, mesmo. Pelo jeitão popular, sempre cercado de gente bonita, divertida. Superficialidade total, claro, mas me encantava. Um dia, levei pra escola uma máquina fotográfica. Queria uma foto dele, mas não tinha coragem de pedir. Pedir como? Com qual cara? A menininha bobinha, gordinha e feinha da sétima série pedindo uma foto pro lindão do segundo ano? Sem chances, né... Mas tinha meus truques. Tirei o flash da máquina, e, ao passar por ele, apontei a câmera e bati uma foto. Assim, andando mesmo. Era uma câmera normal, dessas de filme, é claro. Eu nem sabia se tinha dado certo, na verdade. Ele nem percebeu. É claro que não percebeu. Eu não existia no mundo dele, nunca existi. A foto saiu meio tremida, mas ele estava num meio sorriso, enquanto conversava. Eu andei meses com aquela foto na agenda. Ela traduzia uma expressão dele que eu gostava muito. É engraçado isso. Um estranho fazer tanta diferença. E nunca saber disso. Estranho e triste, ao mesmo tempo. Mas um triste bonito, essa tristeza romântica que eu adoro.

"Você já olhou para uma foto sua e viu um estranho no fundo? Te faz perguntar, quantos estranhos tem uma foto sua? Quantos momentos da vida dos outros nós fizemos parte? Ou se fomos parte da vida de alguém quando os sonhos dessa pessoa se tornaram realidade? Ou se estivemos lá, quando os sonhos delas morreram. Nós continuamos a tentar nos aproximar? Como se fossemos destinados a estar lá. Ou o tiro nos pegou de surpresa. Pense... podemos ser uma grande parte da vida de alguém... ...e nem saber."

(trecho da série One Tree Hill)

Vida inteira

"I don't want to go,
I don't want to stay one night,
Or one day.
So i'll stay the rest of my life.

I don't want to leave,
I don't want to be one night,
Or one day.
So i'll stay the rest of my life

(Rest of my life - Michelle Featherstone)

De matar

"...Era tanta saudade,
é pra matar
Eu fiquei até doente,
eu fiquei até doente, menina
Se eu não mato a saudade, é "deixa estar"
Saudade mata a gente,
saudade mata a gente, menina
...
Estava ficando louco, louco, louco de querer bem...
Saudade engole a gente, saudade engole a gente, menina..."

(Tanta Saudade - Chico Buarque)

Lembrando de você a manhã todinha hoje, todinha. Eram tantas cenas passeando pela minha cabeça, que nem sei explicar. Só quero te ver logo, só isso. Vem me ver logo?

sexta-feira, agosto 21, 2009

Cariño



Faz tempo né? Que eu não escrevo pra você. Não gosto dessa coisa de perder a prática. Não disso. Porque é aqui, com essas letrinhas, nesse meu cantinho, que eu consigo dizer tudo, falar a verdade mesmo, traduzir o que estou sentindo. Mas sei lá, acho que cada relacionamento é sempre tão diferente. Com cada um a gente aprende uma coisa. Já aprendi várias contigo. Várias, várias. Entre elas: dar tempo ao tempo. Foi importante demais essa! Você não tem idéia de como eu me enrolava com isso. Atropelava as coisas, queria estar sempre adiante. Tenho aprendido a ficar aqui, no presente. Vivendo agora, e sentindo agora. Outra coisa legal foi o pé no freio. Calma... Nossa, como eu precisava dessa calma. Desse passo a passo. Eu sempre fui de sair correndo, acelerada, sem parar pra respirar, sem prestar atenção ao que estava sentindo. Forçava a barra de tudo, queria que tudo fosse no volume máximo. E daí com você não foi assim. Foi tudo gradual, e hoje eu percebo que mesmo depois de um ano e um mês (amanhã, não esqueci, viu?) ainda temos passos pra subir, uma escadaria imensa ali na minha frente. Tudo porque você segurou minha mão e me explicou que subir cada degrauzinho de uma vez era mais legal. Você nunca me disse isso, nunca me forçou a entender, isso nunca foi verbalizado, óbvio. Só me mostrou como você fazia, e eu achei genial. Porque era mesmo incrível. Nunca tinha percebido. Que menos é mais. É tão bom hoje saber disso. Estou mais segura. Talvez seja a idade. Trintinha, né? Não é mais 16. Mas talvez os meninos - e pra mim eles sempre serão meninos e eu sempre uma menina também - talvez antes os meninos não me passassem essa segurança que você me passa. E talvez eles também não demonstrassem a segurança que você demonstra ter em mim. Relacionamento é espelho, né? Se eu tenho como relfexo alguém ciumento, controlador, neurótico, é assim que eu acabo refletindo. Agora não é mais assim. Que bom, que bom! Vejo tantas coisas positivas. Tem partes ruins também, mas tenho lidado melhor com elas. Me percebendo mais, enxergando o que realmente vem de mim, os meus grilos, as minhas inseguranças, as coisas que não são culpa sua. Tenho conseguido separar essas coisas e não deixar que elas baguncem o que é nosso. Poxa, maior balanço legal esse. Mesmo. Um dos textos menos viagem que já escrevi sobre alguém. Tinha que ser você, né. Obrigada, amore. Por ser meu e me deixar ser sua. Linda. E metida, por ser essa sua linda. Todo o meu amor pra você.

"Olha as flores que eu trouxe pra você, amor
São pra comemorar aquele dia
Que passei a viver do teu lado
Eu me lembro,
entre nós não havia quase nada

E agora é só você que me faz cantar
E é só você que me faz cantar..."

(Bom Dia - Los Hermanos - Marcelo Camelo)

Desapegar, deixar ir

A importância de deixar ir

Cultivar o desapego é um dos conselhos fundamentais dado pelo arcano chamado “O Ceifador”, Aurea. Existem momentos da vida em que somos desafiados a perder cascas, a compreender a importância de caminhar, deixando paisagens para trás. Ainda que isso doa, uma vez que nosso ego se estrutura a partir de apegos e identificações, é a compreensão meditativa de que tudo passa que lhe permitirá seguir caminhando e, enfim, abrir-se ao novo que belamente se introduz em sua vida, pouco a pouco, passo a passo, até que você apareça com a alma totalmente renovada. Procure se interiorizar neste momento, evitando grandes atividades sociais. Faça este contato com o núcleo da sua alma e você entenderá quais são as coisas que precisam ser deixadas para trás.

Conselho: Viver é perder cascas continuamente!

quinta-feira, agosto 20, 2009

Lay

Ah, e desculpem as mil mudanças no fundo do blog, acho que é crise existencial...
Parece que agora vai!

Eu queroooo!!!!



Alguém sabe fazer????

Eu precisoooo!!!
"— Coraline?
Parecia a voz de sua mãe. Coraline entrou na cozinha, de onde partira a voz. Uma mulher estava em pé, de costas para a porta. Lembrava um pouco a mãe de Coraline. Apenas...
Apenas sua pele era branca como papel.
Apenas ela era mais alta e mais magra.
Apenas seus dedos eram demasiado longos e não paravam nunca de mexer, e suas unhas vermelho-escuras eram curvadas e afiadas.
— Coraline? — disse a mulher. — É você?
E, então, voltou-se para ela. Seus olhos eram grandes botões negros.
— Hora do almoço, Coraline — disse.
— Quem é você? — perguntou Coraline.
— Sou sua outra mãe — respondeu a mulher. — Vá dizer ao seu outro pai que o almoço está pronto. — Ela abriu a porta do forno e Coraline se deu conta, de repente, do quanto estava faminta. O cheiro era maravilhoso. — Bem, vá logo.
Coraline percorreu o corredor que levava ao estúdio de seu pai. Abriu a porta. Havia um homem sentado diante do teclado, de costas para ela.
— Olá — disse Coraline. — Quer-quer dizer, ela pediu para avisar que o almoço está pronto.
O homem virou-se.
Seus olhos eram botões grandes, negros e brilhantes.
— Olá, Coraline — disse. — Estou morto de fome.
Levantou-se e acompanhou Coraline até a cozinha. Sentaram-se à mesa, e a outra mãe de Coraline serviu o almoço. Um frango assado enorme e dourado com batatas fritas e pequenas ervilhas verdes. Coraline despejava a comida pela boca. Tinha um sabor maravilhoso.
— Há muito tempo que esperamos por você — disse o outro pai de Coraline.
— Por mim?
— Sim — disse a outra mãe. — Não é a mesma coisa aqui sem você. Mas sabíamos que viria um dia, e, então, seríamos uma família de verdade. Aceita mais um pouco de frango?..."
(Coraline - Neil Gaiman)

quarta-feira, agosto 19, 2009

Momento de respirar

Acho que a chave agora é exercitar a tolerância. É tão difícil, tão difícil. A convivência é difícil, me controlar é difícil, ficar calada é difícil, falar é difícil. Ai ai... Me sinto tão diferente, tão diferente, e me sinto tão arrogante por isso. Brigo com minha arrogância. O tempo todo, tentando controlar a minha vontade de dizer aos outros o quanto eles são limitados, dissertar sobre a pequenez alheia. Mas é tão injusto pensar assim. Tão feio. Achar que sei mais que os outros. É muito ruim ouvir certos comentários, certas frases, certas opiniões. Tão limitadas, tanta gente ignorante e que se acha super esperta. E faz aquela cara de sabe-tudo ainda. Argh... Será que também sou assim? Será que passo aos outros essa imagem? Eu só queria, por enquanto, parar de me irritar com a burrice do mundo, e passar a me preocupar com as minhas próprias limitações. Que não são poucas, certamente.

terça-feira, agosto 11, 2009

Para onde fores eu vou

"No céu azul nuvens nuas
No teu olhar céus febris
Passos maiores que as ruas
Canções que eu nunca fiz

Tu pisavas distraída
por entre os carros sem dor
andando pela avenida
como se andasse num andor

Pra onde fores eu vou
Aonde flores eu fujo
Te dou meu poema sujo
que eu não sei fazer toada
Menos que se quer é tudo
Tudo que se tem é nada..."

(Trova - Zeca baleiro)

terça-feira, agosto 04, 2009

Inconstante

"Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer.
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

(Florbela Espanca - Inconstância)